quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

LUIZ SOARES, EDUCADOR EXEMPLAR

 Imagem 26/07/2019


Autor – Raimundo Nonato da Silva – Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN

Publicado originalmente na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, edição de número 70, páginas 25 a 30, Ano – 1980.

ATENÇÃO – Nota do Blog Tok de História – Quando foi realizada a transcrição desse texto, foram acrescentados parágrafos e fotos que não existiam no material original.

O açuense Luiz Correia Soares de Araújo (1888-1967) foi o orador da primeira turma de diplomados pela Escola Normal de Natal (1910). Uma notável vocação de educador, que se projetou pela vida toda. Homem simples e austero, perseverante e dinâmico, digno chefe de família, tornou-se, principalmente, o paladino insuperável do escotismo na terra potiguar. Combateu tenazmente o jogo, o alcoolismo, o fumo e todos os males que podem comprometer o futuro da juventude.

Seus pais eram primos. Ele, Pedro Soares de Araújo (1855-1927), também açuense, dos Soares de Macedo do pé da Serra da Estrela, (Vila do avô), perto de Coimbra, e da Ilha de São Miguel (Ponta Delgada), nos Açores, tenente-coronel da Guarda Nacional, político muito hábil e de grande influência, exerceu por mais de vinte anos, seguidamente, o cargo de Inspetor do Tesouro do Estado (Secretário da Fazenda) e, em diversas legislaturas, o mandato de deputado estadual, quase sempre integrando a Mesa da Assembleia. Ela, Ana Senhorinha Soares de Araújo (1855-1941), dos Pereira Monteiro, de Serra Negra do Norte, onde nasceu, parenta próxima, também, dos Saldanha e dos Dantas, estes últimos da Serra do Teixeira, na Paraíba.

Escola Estadual Almino Afonso, Martins, Rio Grande do Norte – Fonte – https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Escola_Estadual_Almino_Afonso,_Martins_(RN).jpg

Luiz Soares, como diretor e professor, iniciou as atividades no Grupo Escolar Almino Afonso, de Martins (1911), sendo removido, no ano seguinte, para o de Açu, cujo patrono, tenente-coronel José Correia de Araújo Furtado (1788­ 1870), seu bisavô, fizera parte da Junta de governo Provisório da Província, após a Independência (1823). Todavia, o destino do jovem mestre estava no bairro do Alecrim, criado na Capital em 1911 e ao qual veio dedicar cinquenta e quatro anos de suas múltiplas atividades, sempre no Grupo Escolar Frei Miguelinho, que inaugurou em 21 de abril de 1913 e só teve de deixar no dia de sua morte, em 13 de agosto de 1967, com o estabelecimento já transformado em Instituto Padre Miguelinho. Tão longa a ininterrupta permanência, no cargo de Diretor, na mesma casa de ensino público, talvez seja, caso único no Brasil. De início, com ele lecionavam as professoras Natália Fonseca, Carolina Wanderley e Beatriz Cortez. As aulas começavam as 10 e terminavam às 14 horas. O porteiro era o poeta Antônio Glicério. Luiz Soares chegava num burrinho, vindo de seu pequeno sítio Taba-Açu, na rua Apodi.

Bonde da linha do Alecrim, fotografado em fins de 1942, pelo oficial da USAAF Robert C. Henning. Fonte – Livro Eu não sou herói-A história de Emil Petr, de Rostand Medeiros, 2012, pág. 92

Como era o Alecrim, nos primeiros tempos?

O bairro começava no Baldo, um reservatório das águas que desciam do Barro Vermelho, pela mata da Passagem. Daí, prosseguiam para o Oitizeiro, por dentro da Usina Elétrica, dirigida pelo mecânico alemão Johann Bragard, situada defronte da Santa Cruz da Bica. Poucas ruas e casas. Mais adiante, largas avenidas numeradas, repletas de mata-pasto e se prolongando, quase desabitadas, em direção ao Tirol. Existiam o Cemitério Público, inaugurado em 1856, o Isolamento da Piedade (Hospício de Alienados), cuja construção fora iniciada em 1882 e a Escola de Aprendizes Marinheiros, que principiara a funcionar em 1908. Com o tempo, foram chegando aos prédios a luz elétrica e a água encanada. A linha de bondes demorou um pouco. Candeeiros e lamparinas iluminavam as casas. Quem não tinha poço ou cacimba no quintal tratava de obter água em chafarizes públicos, junto aos poucos cata-ventos. Lá para o quilômetro seis dos trilhos da Great Western funcionavam, em prédios adaptados, o Isolamento de São João de Deus, para tuberculosos e o Isolamento de São Roque, para variolosos. A pequena igreja de São Pedro, na praça Pedro Américo (hoje Pedro II), foi alargada e elevada após a criação da Freguesia, em 1919. O padre alemão Fernando Noite, da Ordem da Sagrada Família, vigário local, promoveu até mutirão, nas tardes de domingo, quando, para as obras, muitas pessoas, inclusive meninos, iam buscar tijolos e telhas junto à linha férrea e subiam pela rua Sílvio Pélico.

Santa Cruz da Bica – Foto – Antonio Soares – Fonte – http://avelino7.rssing.com/chan-6161222/latest.php#item12

E os principais habitantes do bairro, na época?

No Barrro Vermelho, constituído de sítios de muitas fruteiras, alguns com água corrente, pássaros cantando por toda parte, locais privilegiados para os melhores piqueniques e festas juninas, residiam o juiz federal Meira e Sá, o tenente João Bandeira de Melo, do Batalhão de Segurança; o comerciante Joaquim das – Virgens Pereira; o guarda-mor da Alfândega Carlos Policarpo de Melo, o escriturário do Tesouro Estadual João Fernandes de Campos Café, também pastor protestante; a família Melo, de Augusto Severo, e outros.

Na atual Praça Pedro II, do lado direito: Os comerciantes Alfredo Manso Maciel; José Antônio Fernandes e Isidro José da Rocha, os proprietários Elpídio Estelita Manso Maciel (Esteio Manso) e Pedro Joaquim Lins; os funcionários federais José Augusto da Fonseca e Silva e José Ildefonso de Oliveira Azevedo; o fiscal da Inspetoria Geral de Higiene (Secretaria de Saúde Pública) Antônio Cavalcanti de Albuquerque Maranhão (Cavalcanti Grande); do lado esquerdo: Os comerciantes Clínio e Teódulo Sena e Francisco Antônio Fernandes; o capitão Joaquim Andrade de Araújo, do Batalhão de Segurança; o pistonista José Alves de Melo, o sacristão Francisco Antônio do Nascimento, depois oficial comissionado do Exército (tenente Chico); o tenente João Alexandre de Vasconcelos (Joca de Xandu), que combateu em Canudos; o desembargador Hemetério Fernandes Raposo de Melo, cuja casa foi ocupada em seguida pelo fiscal de consumo José Ribeiro de Paiva.

Na rua Boa Vista, no centro da qual havia enorme barreiro: O tenente Inácio Gonçalves Vale, do Batalhão de Segurança e o comerciante João Andrade. Na rua General Fonseca e Silva: O oficial de justiça Abílio César Cavalcanti, depois delegado auxiliar da Capital e juiz de direito no interior, e o administrador do Hospício, Cândido Henrique de Medeiros, que fundou, em 19 de julho de 1914, a Conferência de São Pedro, dos vicentinos e a presidiu até quase o fim da vida. Cândido Medeiros (Seu Candinho), à frente dos confrades, prestou grandes serviços à pobreza do Alecrim e lecionou à noite, por algum tempo e sem remuneração, num dos salões do Grupo, tendo constituído, talvez, o primeiro curso, no Estado, de alfabetização de adultos. Em sua residência, seu filho Lauro, com alguns rapazes do bairro, fundou em 1917 e presidiu o Alecrim Futebol Clube. Os times treinavam e jogavam, inicialmente, num campo improvisado, em local para novo cemitério, nas proximidades da capelinha de São Sebastião, na Baixa da Beleza (rua Coronel Estêvão). O goleiro do quadro principal era o estudante João Café Filho, futuro Presidente da República.

João Café Filho – Fonte – http://www.brasilescola.com

Na rua América: João Antônio Moreira, carteiro dos Correios, que organizava e ensaiava, no quintal, anualmente, para o Carnaval, o Bloco Alecrinense, que todos chamavam A Maxixeira porque seus foliões desfilavam como verdureiras; Faustino de Vasconcelos Gama, administrador do Cemitério, que, nas festas natalinas, costumava mandar exibir, defronte da morada, para o público em geral, o Bumba-meu-Boi e os Congos, já que Pastoril ou Lapinha, Boi de Bonecas e João Redondo eram apresentados dentro de sítios ou salas.

Na rua Borborema: Os irmãos José e Francisco Martins Pinheiro, funcionários do Tesouro Estadual; os comerciantes Vicente Barbosa, João Luiz de França, Bento Manso Maciel, Luiz Rogério de Carvalho e Genuíno de Sousa Menino; o líder João José da Silva(João Ponche), da Liga Artístico-Operária, da Cidade Alta e o sargento-enfermeiro da Marinha Serôa da Mota, que realizava na residência sessões do Espiritismo.

Na rua Amaro Barreto: Os comerciantes Antônio Jeremias de Araújo e Manoel Firmino e o tabelião Miguel Leandro, que ensaiava em seu sítio o melhor Fandango natalense e o levava, nas festas de fim de ano, com a Nau Catarineta, a um grande tablado, na atual praça Gentil Ferreira. Cosme Ferreira Nobre, oficial de justiça do Tribunal, instalou nessa rua uma assembleia dos Pentecostistas. Havia por ali, pontos do chamado Jogo do Bicho, que em Natal não era tido como contravenção penal.

Região do bairro do Alecrim, nas proximidades da Praça Gentil Ferreira – Fonte – rnblogprog.wordpress.com

Na rua Coronel Estêvão, a mais extensa: O desembargador Antônio Soares de Araújo, então juiz de direito da Capital, que, à falta de médico no bairro, forneceu todas as manhãs, à sua custa e gratuitamente, durante anos. Doses de homeopatia aos doentes sem recursos, que o procuravam; o cônego Estêvão José Dantas, professor do Atheneu Norte-Rio-Grandense, que cooperava também nos atos religiosos da Paróquia; o guarda-livros Manoel Pinto Meireles, os poetas Damasceno Bezerra e Manoel dos Santos Filho; o capitão Felizardo Toscano de Brito (que voltaria a morar no Alecrim quando general da Reserva), Mário Eugênio Lira e José de Vasconcelos Chaves, secretário e tesoureiro da Prefeitura; a viúva Adelaide Fonseca (os quatro últimos na faixa conhecida como Alto da Bandeira); os comerciantes Manoel dos Santos Morais, Francisco Gorgônio da Nóbrega, Francisco das Chagas Dantas (Seu Chaguinhas) e Antônio Ferreira da Silva (Tota de Chicó), os três últimos os organizadores da Feira do Alecrim.

A antiga praça Gentil Ferreira no bairro do Alecrim (Natal/RN) onde se vê, no centro da foto, o velho bar e restaurante Quitandinha – Fonte – http://www.somdovialejo.com.br/?p=23415

Na Avenida Alexandrino de Alencar: O coronel Manoel Lins Caldas, ex-comandante do Batalhão de Segurança (hoje Polícia Militar); o professor José Elídio Carneiro, da Marinha; o comerciante Sandoval Capistrano e o tesoureiro do Correio Geral, Pedro da Fonseca e Silva, o qual exercia também a função gratuita de delegado de polícia do bairro. Ali, ficava também o Posto Policial.

Na Rua Sílvio Pélico: O funcionário da Alfândega Antônio de Araújo Costa. Em casa próxima à Escola de Aprendizes Marinheiros, morava o comandante Antônio Afonso Monteiro Chaves, que matriculava os filhos no Grupo Escolar, o mesmo fazendo os que serviam naquele estabelecimento militar. Os pequenos cariocas, uns mais adiantados e esclarecidos, eram escutados com grande curiosidade pelos coleguinhas do bairro, sobre coisas do Rio de Janeiro. As noites eram tão tranquilas que, muitas vezes, se conseguia ouvir, das imediações do Grupo, o toque de silêncio, das vinte e duas horas, do clarim do Esquadrão de Cavalaria, no Tirol (avenida Hermes da Fonseca). Esse o Alecrim dos dez primeiros anos de sua criação, o bairro que o professor Luiz Soares, educando gerações, viu diariamente, durante mais de meio século, crescer e progredir.

Escola de Aprendizes Marinheiros de Natal.

Naquele tempo, o passeio-escolar mensal, para que os alunos aprendessem melhor a amar a Natureza, era vez por outra dirigido pela avenida Alexandrino rumo à Lagoa do Enforcado ou à Lagoa Seca. Um dia muito alegre para mestres e discípulos. O próprio diretor do Grupo organizava, com especial carinho, anualmente, duas comemorações — a Festa da Árvore e a Festa das Aves. Diversos alunos, na véspera, munidos de gaiolas e alçapões, percorriam sítios do Barro Vermelho e as matas do Réfoles, a fim de apanharem passarinhos, os quais eram soltos, alegremente, na manhã seguinte, quando as alunas, sob a regência de Carolina Wanderley, entoavam o Hino às Aves. A pobreza dominava os alunos. Não conheciam Papai Noel. Nem havia a merenda-escolar do governo. O pequeno horário de recreio, nas áreas internas, tinha a supervisão benéfica dos inspetores de alunos, Laurentino Ferreira de Morais (que faleceu como coronel da Polícia Militar) e Maria Elisa Pinto Meireles. Também não se adotava, em estabelecimento primário, a prática organizada de esportes. Muitos aprenderam a nadar fugindo de casa, à tarde, a fim de se banharem na maré, no Réfoles. Outros, se iniciaram no futebol na via pública, com bolas-de-meia, ou então adquirindo, em clubes, bolas de couro já imprestáveis, que enchiam com bexigas de boi obtidas na Matança (Matadouro Público), situado junto à grande curva da via férrea, no Oitizeiro. Aqui e ali, com muita dedicação, o diretor e as professoras conseguiam uma ou outra diversão gratuita para os discípulos.

Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, o inglês criador do escotismo – Fonte – wpsess.octhium.com.br

O grande ideal do professor Luiz Soares foi sempre ver o Escotismo difundido, com eficiência, por todo o território nacional, por lhe parecer a melhor escola de preparação moral e cívica infanto-juvenil. Foi também o que procurou demonstrar, no Catete, em 1922, quando recebido em audiência pelo Presidente Epitácio Pessoa.

Henrique Castriciano de Souza na década de 1930.

De início, participou com Henrique Castriciano e Monteiro Chaves, em 1917, da fundação da Associação Brasileira de Escoteiros do Rio Grande do Norte. Levou para ela cerca de trinta alunos de seu Grupo Escolar. A entidade nem chegou a completar dois anos de funcionamento. Por isso, ele fundou, em 14 de julho de 1919, a Associação de Escoteiros do Alecrim, hoje incorporada à Regional de Escoteiros.

Frente do prédio da Associação dos Escoteiros do Alecrim.

Havia um antigo chalé, coberto de zinco, na atual praça Pedro II, esquina da rua Soledade, utilizado para fábrica de redes e, em seguida, para cinema, no qual atuava, como pianista , o futuro maestro Waldemar de Almeida. Pois ali nasceu a Associação, naquela radiosa manhã de 1919. Setenta e cinco escoteiros, quase todos alunos do Grupo Escolar, desfilaram pelas ruas do bairro e participaram da missa campal, na Igreja de São Pedro, comemorativa da assinatura do Armistício, após a Primeira Guerra Mundial.

A Associação de Escoteiros do Alecrim possuía um enorme prestigio em Natal na década de 1920, onde era comum receber visitantes ilustres, como no caso dessa imagem, quando os tripulantes do hidroavião brasileiro JAHU, no ano de 1927.

O professor Luiz Soares obteve do governo Ferreira Chaves a construção dos salões do Grupo que ficam do lado da rua Coronel Estêvão e o instrumental para uma banda de música de dezesseis figuras, regida por José Gabriel Gomes da Silva (pistonista), funcionário dos Correios e pelo sargento Manoel Florentino de Albuquerque (clarinetista), depois guarda-fiscal do Tesouro. As aulas teóricas de Música começaram em 2 de maio de 1918 e já em 15 de outubro essa banda escolar (a Charanga do Alecrim) estreava fazendo alvorada pelo natalício do Governador, na residência oficial deste, à praça Pedro Velho.

Apesar dos inúmeros serviços prestado ao Rio Grande do Norte, acredito que o escotismo era para o Professor Luiz Soares algo ao qual ele se dedicou com mais afinco e atenção.

Do governo Antônio de Sousa, conseguiu a criação, em 1920, do Curso Complementar, noturno, inclusive para adultos, sendo designado, no começo, para a cadeira de Geografia e História do Brasil. As outras ficaram regidas pelos professores Israel Nazareno de Souza (Português), Francisco Ivo Cavalcanti (Aritmética) e Anísio Soares de Macedo (Francês). Funcionou também no Grupo, naquele governo, uma Escola Profissional. Obteve, igualmente, que, no Frei Miguelinho, a quinta-feira fosse considerada Dia do Escoteiro, terminando as aulas ao meio-dia. O pavilhão nacional era hasteado no início, com execução, pela Charanga, do Hino à Bandeira, cantado pelas alunas. As áreas e salões do Grupo eram ocupadas, à tarde, pelos exercícios dos escoteiros, os quais desfilavam, em seguida, pela via pública precedidos da banda de música e de banda marcial. Depois, a Bandeira era arriada ao som do Hino Nacional e Luiz Soares proferia palestra sobre tema de Moral e Civismo.

Escoteiros em solenidade.

Mas, não foi somente o bairro do Alecrim que absorveu as atividades do grande educador. Em 1927, ele reorganizou, com outra denominação, a Liga de Desportos Terrestres do Rio Grande do Norte, tendo sido eleito presidente da nova entidade. Esse trabalho profícuo levou o Presidente Juvenal Lamartine, seu parente e amigo, a construir, em 1929, no Tirol, o Estádio que conserva o nome daquele chefe de governo. No mesmo ano, conferiu a Luiz Soares, no Dia do Professor, a medalha de Honra ao Mérito. Houve elementos frustrados na vida que chegaram a apontá-lo como “amigo de todos os governos”.

Aspectos da arquibancada do Estádio Juvenal Lamartine na sua inauguração.

Mas, na verdade, Luiz Soares nada pedia para si, não era político, viveu e morreu pobre. Explicava apenas, naquele tempo, que nenhum empreendimento educacional, num meio pobre, poderia esperar completo êxito sem a decisiva cooperação dos governos. Esse desprendimento pessoal e a probidade do dedicado mestre mereceram, igualmente, reconhecimento e admiração dos revolucionários de 1930.

Escola de Aprendizes Artífices de Natal – Fonte – Tribuna do Norte

Vitorioso o movimento em todo o país, da Paraíba quiseram indicá-lo para o magistério federal, a fim de dirigir a Escola de Aprendizes Artífices de Natal (hoje Liceu Industrial). Não obstante as grandes vantagens pecuniárias, em relação aos parcos vencimentos do magistério estadual, recusou delicadamente a honrosa lembrança para pedir apenas que o deixassem prosseguir em sua obra no Alecrim.

Vinte anos depois, na esperança de obter maiores benefícios para a coletividade e a fim de atender a insistentes apelos de alguns ex-alunos, concordou em disputar eleição para Vereador. Seus pares, em expressiva homenagem, o elevaram à Presidência da Câmara Municipal. A experiência, porém, não o satisfez. Deixou de concorrer a cargo político.

Luiz Soares foi um dos fundadores da Associação dos Professores e pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, à Academia Potiguar de Letras e ao Conselho Estadual de Educação e Cultura. Cooperou no Instituto de Proteção e Assistência à Infância e em outras entidades educativas, sociais e esportivas. Partiu dele a criação das Faculdades de Odontologia, Farmácia e Direito, havendo participado das atividades destinadas à instalação e funcionamento dessas escolas superiores. Um cidadão verdadeiramente útil à coletividade natalense.

Em sua incansável operosidade, viajou em 1950 até Roma, a convite de seu filho Pedro Segundo, procurando localizar e movimentar, no Vaticano, o processo de beatificação do padre João Maria Cavalcanti de Brito, o apóstolo da Caridade, o inesquecível vigário da Catedral de Natal.

Cuidou da assistência médico-hospitalar à população, conseguindo construir a Policlínica do Alecrim, hoje Hospital Professor Luiz Soares. Recebeu também seu nome o velho Grupo, de que foi o único Diretor e que passou a funcionar dentro do Instituto Padre Miguelinho. Uma rua do Alecrim lembra igualmente, aos habitantes de Natal o nome do professor emérito. Não se poderia aqui enumerar tudo quanto ele, através de decênios, realizou no Grupo Escolar e no Escotismo. Basta se recordar, nestas linhas, que seus escoteiros se iniciaram precisando, por força das circunstâncias, prestar assistência a muitos desvalidos, durante situações calamitosas.

Primeiro, em 1918, na terrível epidemia conhecida por “ influenza espanhola” , num Posto de Emergência, no próprio estabelecimento de ensino, para distribuição de remédios e alimentos até a domicílio. Em seguida, no atendimento a flagelados da seca de 1919, os quais tiveram de ser abrigados, pelo governo, em galpões de palha, de más condições higiênicas, improvisados em terreno baldio no Barro Vermelho. Deus protegeu, porém, a saúde daqueles jovens.

A medalha Tapir de Prata criada com a fundação da União dos Escoteiros do Brasil, em 1924,  e definida nos regulamentos como “a recompensa honorífica de mais alto mérito escoteiro”. Fonte – http://www.escoteiro.org

Teve Luiz Soares, nos últimos tempos, a felicidade de receber a maior (e, por isso, muito rara) das condecorações a um Chefe-Escoteiro: A Comenda do Tapir de Prata, que o General Sir Robert Baden Powell — o criador do Escotismo — reservou àqueles que, em qualquer parte do mundo, houvessem prestado, durante longos anos, com abnegação e patriotismo, inestimáveis serviços à instituição. Nunca poderão ser esquecidos os que fizeram da educação da infância e da juventude verdadeiro apostolado.

De: https://tokdehistoria.com.br/


UMA HISTÓRIA SOBRE PARNAMIRIM FIELD EM MUITOS IDIOMAS

Imagem 10/12/2023Deixe um comentário

(DETALHE – MUITOS DESSES AVIÕES ACIDENTADOS ESTIVERAM EM NATAL)

Autor – Soutik Biswas – Correspondente da Índia*

Fonte – https://www.bbc.com/news/world-asia-india-67633928

Um Museu Recém-inaugurado na Índia Abriga os Restos de Aviões Americanos Que Caíram no Himalaia Durante a Segunda Guerra Mundial. Soutik Biswas, da BBC, Relata Uma Operação Aérea Audaciosamente Arriscada Que Ocorreu Quando a Guerra Global Chegou à Índia.

Metralhadoras, pedaços de destroços de aeronaves, uma câmera: alguns dos artefatos recuperados no museu recém-inaugurado – Fonte – BBC NEWS.

Desde 2009, equipes indianas e norte-americanas vasculham as montanhas do estado de Arunachal Pradesh, no nordeste da Índia, em busca de destroços e restos mortais de tripulações perdidas de centenas de aviões que caíram aqui há mais de 80 anos.

Estima-se que cerca de 600 aviões de transporte americanos tenham se perdido na região remota, matando pelo menos 1.500 aviadores e passageiros durante uma notável e muitas vezes esquecida operação militar da Segunda Guerra Mundial na Índia, que durou 42 meses. Entre as vítimas estavam pilotos, operadores de rádio e soldados americanos e chineses.

Destroços de muitos aviões foram encontrados nas montanhas nos últimos anos – Fonte – BBC NEWS.

A operação sustentou uma rota de transporte aéreo vital dos estados indianos de Assam e Bengala, para apoiar as forças chinesas em Kunming e Chunking (agora chamada Chongqing).

A guerra entre as potências do Eixo (Alemanha, Itália, Japão) e os Aliados (França, Grã-Bretanha, Estados Unidos, União Soviética, China, Brasil e outros) atingiu a parte nordeste da Índia governada pelos britânicos. O corredor aéreo tornou-se uma tábua de salvação após o avanço japonês para as fronteiras da Índia, que efetivamente fechou a rota terrestre para a China através do norte de Mianmar (então conhecida como Birmânia).

Um típico aeroporto na rota dos aviões americanos – Fonte – Tok de História.

A operação militar dos Estados Unidos, iniciada em abril de 1942, transportou com sucesso 650.000 toneladas de suprimentos de guerra através da rota – um feito que reforçou significativamente a vitória dos Aliados.

Os pilotos apelidaram a perigosa rota de voo de The Hump (O Salto), uma homenagem às alturas traiçoeiras do leste do Himalaia, principalmente na atual Arunachal Pradesh, que eles tiveram que navegar.

Um bimotor de trnsporte Douglas CD-47 voa próximo a montanhas – Fonte – Tok de História.

Ao longo dos últimos quatorze anos, equipes indo-americanas compostas por montanhistas, estudantes, médicos, arqueólogos forenses e especialistas em resgate percorreram densas selvas tropicais e escalaram altitudes que atingiram 15.000 pés (4.572 m) em Arunachal Pradesh, na fronteira com Myanmar e China. Eles incluíram membros da Agência de Contabilidade de Defesa POW / MIA (POW – Prisioners Of War – Prisioneiros De Guerra / MIS – Missing In Action – Desaparecido Em Ação) dos Estados Unidos, cuja sigla é DPAA, a agência dos Estados Unidos que lida com soldados desaparecidos em combate.

Avião de transporte C-87 Liberator Express no aeroporto de Parnamirim, Natal, Brasil, como parte da rota em direção a África, Oriente Médio, India e China – Fonte – Foto de Ivan Dmitri/Michael Ochs Archives/Getty Images.

Com a ajuda de tribos locais, as suas expedições de um mês chegaram aos locais dos acidentes, localizando pelo menos vinte aviões e os restos mortais de vários aviadores desaparecidos em combate.

É um trabalho desafiador – uma caminhada de seis dias, precedida por uma viagem rodoviária de dois dias, levou à descoberta de um único local de acidente. Uma missão ficou presa nas montanhas por três semanas depois de ser atingida por uma terrível tempestade de neve.

Um bimotor de trnsporte Curttis C-46 Commando sobre o belo Taj Mahal, India – Fonte – Tok de História.

“Das planícies aluviais às montanhas, é um terreno desafiador. O clima pode ser um problema e normalmente só temos o final do outono e o início do inverno para trabalhar”, diz William Belcher, antropólogo forense envolvido nas expedições.

Abundam as descobertas: tanques de oxigênio, metralhadoras, seções de fuselagem. Crânios, ossos, sapatos e relógios foram encontrados nos escombros e amostras de DNA coletadas para identificar os mortos. A pulseira com a rubrica de um aviador desaparecido, uma relíquia comovente, trocou de mãos com um aldeão que a recuperou nos destroços. Alguns locais de acidentes foram vasculhados pelos moradores locais ao longo dos anos e o alumínio permanece vendido como sucata.

Fotografia de militar norte-americano que utiliza no ombro o símbolo do CBI – China Burma India Theatre, a designação militar dos Estados Unidos para as áreas de operações aéreas na China, Sudeste Asiático ou o setor entre a índia e a Birmânia (atual Myanmar), durante a Segunda Guerra Mundial.

Estes e outros artefatos e narrativas relacionadas com estes aviões condenados têm agora um lugar no recém-inaugurado The Hump Museum em Pasighat, uma pitoresca cidade em Arunachal Pradesh, situada no sopé do Himalaia.

O Embaixador dos Estados Unidos na Índia, Eric Garcetti, inaugurou a coleção em 29 de novembro, dizendo: “Este não é apenas um presente para Arunachal Pradesh ou para as famílias afetadas, mas um presente para a Índia e o mundo.” Oken Tayeng, diretor do museu, acrescentou: “Este é também um reconhecimento de todos os habitantes de Arunachal Pradesh que foram e ainda são parte integrante desta missão de respeitar a memória dos outros”.

Douglas C-47 acidentado em área de selva – Fonte – Tok de História.

O museu destaca claramente os perigos de voar nesta rota. Nas suas vívidas memórias da operação, o major-general William Turner, piloto da Força Aérea dos Estados Unidos, lembra-se de ter navegado com o seu avião de carga C-46 sobre aldeias em encostas íngremes, vales amplos, desfiladeiros profundos, riachos estreitos e rios castanhos escuros.

Os voos, muitas vezes realizados por pilotos jovens e recém-treinados, eram turbulentos. O clima em The Hump, de acordo com Turner, mudava “de minuto a minuto, de quilômetro a quilômetro”: uma das extremidades ficava nas selvas baixas e úmidas da Índia; o outro no planalto de quilômetros de altura do oeste da China.

C-46 sobre o Himalaia – Fonte – Tok de História.

Aviões de transporte fortemente carregados, apanhados por uma corrente descendente, podem descer rapidamente 5.000 pés e depois subir rapidamente a uma velocidade semelhante. Turner escreve sobre um avião que virou de costas depois de encontrar uma corrente descendente a 25.000 pés.

Tempestades de primavera, com ventos uivantes, granizo e granizo, representavam o maior desafio para controlar aviões com ferramentas de navegação rudimentares. Theodore White, jornalista da revista Life que voou a rota cinco vezes para uma reportagem, escreveu que o piloto de um avião que transportava soldados chineses sem paraquedas decidiu fazer uma aterragem forçada depois do seu avião ter congelado.

Um Consolidated B-24 Liberator – Fonte – Tok de História.

O copiloto e o operador de rádio conseguiram saltar e pousar em uma “grande árvore tropical e vagaram por 15 dias antes que nativos amigáveis ​​os encontrassem”. As comunidades locais em aldeias remotas muitas vezes resgataram e cuidaram dos sobreviventes feridos dos acidentes, recuperando-os. (Mais tarde soube-se que o avião pousou em segurança e nenhuma vida foi perdida.)

Não é de surpreender que o rádio estivesse cheio de pedidos de socorro. Os aviões foram lançados tão fora do curso que colidiram com montanhas que os pilotos nem sabiam que estavam a 80 quilômetros, lembrou Turner. Só uma tempestade derrubou nove aviões, matando 27 tripulantes e passageiros. “Nestas nuvens, ao longo de todo o percurso, a turbulência aumentaria com uma severidade maior do que alguma vez vi em qualquer parte do mundo, antes ou depois”, escreveu ele.

Tripulantes de um C-47 – Fonte – Tok de História.

Os pais dos aviadores desaparecidos tinham esperança de que os seus filhos ainda estivessem vivos. “Onde está meu filho? Eu adoraria que o mundo soubesse / Sua missão foi cumprida e deixou a terra abaixo? / Ele está lá em cima naquela bela terra, bebendo nas fontes, ou ele ainda é um andarilho nas selvas da Índia e montanhas?” perguntou Pearl Dunaway, mãe de um aviador desaparecido, Joseph Dunaway, em um poema de 1945.

Os aviadores desaparecidos agora são lendas. “Esses homens Hump lutam contra os japoneses, a selva, as montanhas e as monções o dia todo e a noite toda, todos os dias e todas as noites durante todo o ano. O único mundo que eles conhecem são os aviões. Eles nunca param de ouvi-los, pilotá-los, remendá-los, amaldiçoando-os. No entanto, eles nunca se cansam de ver os aviões partindo para a China”, contou White.

Um restaurante na Índia – Fonte – Tok de História.

A operação foi de fato um feito ousado de logística aérea após a guerra global que chegou à porta da Índia. “As colinas e o povo de Arunachal Pradesh foram atraídos para o drama, o heroísmo e as tragédias da Segunda Guerra Mundial pela operação Hump”, diz Tayeng. É uma história que poucos conhecem.

*Soutik é correspondente na Índia. Ele cobriu eleições no Afeganistão e no Sri Lanka, o tsunami na Índia e no Sri Lanka em 2005 e a militância na região indiana da Caxemira. Antes de ingressar na BBC, trabalhou em jornais e revistas indianos. Soutik também foi Reuters Fellow na Universidade de Oxford. Ele adora filmes, blues e jazz e acredita que Derek Trucks é o melhor e mais inovador guitarrista vivo.

https://tokdehistoria.com.br/, de Rostand Medeiros

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Escritor Franklin Jorge receberá Medalha do Mérito Literário

Criado no Vale do Açu, entre os regionalismos e a convivência sertaneja, o escritor e jornalista Franklin Jorge (1952) receberá uma homenagem por sua contribuição à Cultura do RN.

Criado no Vale do Açu, entre os regionalismos e a convivência sertaneja, o escritor e jornalista Franklin Jorge (1952) receberá uma homenagem por sua contribuição à Cultura do RN. Sua produção literária é vasta, composta por 7 livros publicados e mais de 50 títulos inéditos.

Franklin atuou em diversos jornais do estado, como Tribuna do Norte e O Novo Jornal, fundou a Pinacoteca do RN em 1983 e a revista digital Navegos, que registra quase 500 mil leitores. Sua obra é das mais relevantes da literatura potiguar contemporânea.

A solenidade de premiação acontecerá na próxima terça-feira (12) às 14h na Assembleia Legislativa do RN em Natal (RN) e foi proposta pelo deputado estadual José Dias.

Livros publicados

• Impróprio Para Menores de 18 Amores, em parceria com Leila Míccolis; Edições Limiar,

1976;

• Isso É Que É, Edições Clima, 1980;

• Poemas Diabólicos, Ministério da Educação e Cultura/Fundação José Augusto, 1982;

• O Spleen de Natal, 2ª edição, Edfurn, 2006;

• Ficções Fricções Africções, Prêmio Câmara Cascudo, 1998;

• O Ouro de Goiás, Instituto José Mendonça Telles, 2012;

• O Livro dos Afiguraves, 2015;

• Verniz dos Mestres, 2020.

Por Dayse Moura, Licenciada em Letras (Português), Especializada em Linguística textual e ensino, Mestranda em Ciências da linguagem e editora-colaboradora do Observatório da Várzea.

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Carnatal começa nesta sexta-feira com Anitta e Bell Marques

De hoje (8) até domingo (10), Natal a capital do Sol, vai se transformar na cidade da folia com a edição 2023 do Carnatal.

De hoje (8) até domingo (10), Natal a capital do Sol, vai se transformar na cidade da folia com a edição 2023 do Carnatal. A maior micareta fora de época do país completa 32 anos e promete arrastar milhares de foliões pelo corredor e nos camarotes. O evento passou por reformulação nos últimos dois anos.

A festa já inicia em grande estilo com a passagem da cantora Anitta no corredor da folia. No terceiro ano de bloco, a artista promete trazer surpresas para o público. Uma das novidades é o lançamento de Beats Tropical, a nova bebida da Ambev, que será apresentada aos foliões no Carnatal. Esse ano, o Bloco da Anitta foi unificado com O Vale, de Alinne Rosa que também se apresenta hoje.

Em seguida, tem Bell Marques no primeiro dia de folia. O bloco Vumbora, que é um dos mais tradicionais do Carnatal vai passar todos os dias pela avenida.

Para os setores do Comércio, dos Serviços e do Turismo, a micareta é vista como oportunidade de geração de empregos e renda. Segundo os responsáveis pela realização do evento, agora em 2023 há perspectiva de superação dos R$ 60 milhões registrados na movimentação da economia potiguar em 2022.

Veja a programação

Sexta-feira (8):  Bloco Vumbora com Bell Marques / Bloco da Anitta e O Vale com Alinne Rosa

Camarote Beats Thiaguinho / Durval Lelys / Filhos da Bahia / Pedro Sampaio

Sábado (9): Bloco Largadinho com Cláudia Leitte / Vem com o Gigante com Léo Santana / Vumbora com Bell Marques

Camarote Beats - Xand Avião / Hugo e Guilherme /Rafa e Pipo / Os Locos

Domingo (10) Bloco Village com Ivete Sangalo / Vumbora com Bell Marques / 084 com Grafith

Camarote Beats - Jorge e Mateus / Zé Vaqueiro / Banda Eva / Lipe Lucena

Fonte: Novo Notícias

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PERSONALIDADE ASSUENSE

OTAVIANO CABRAL RAPOSO DA CÂMARA nasceu a 15 de janeiro de 1819, na fazenda Arraial, de propriedade do seu avô, coronel Jerônimo Cabral de Oliveira, no município de Assu, hoje Carnaubais. Foram seus pais: o coronel Gabriel Soares Raposo da Câmara e dona Francisca Cabral de oliveira. Bacharel pela Faculdade de Direito de Olinda, em 1843. Chefiou o Partido “Nortista”, depois “Conservador”, em cuja agremiação política teve destacada influência, chegando a exercer o cargo de Deputado Provincial em seis legislaturas: 1852-1853, 1860-1861, 1862-1863, 1864-1865, 1866-1867 e 1870-1871.
Otaviano Cabral representou, também, o Rio Grande do Norte, na Câmara Temporária ou Assembleia Geral do Império (o cargo atual de Deputado Federal) nas legislaturas de: 1853-1856 e 1869-1872, sendo que esta última, por decreto de 18 de julho de 1872, foi dissolvida.
Na qualidade de 1º Vice-presidente da Província do RN, nomeação de 02 de julho de 1853, assumiu o Governo de 19 de maio a 18 de junho de 1858, e, com a mesma nomeação como 3º Vice-presidente, governou de 17 de fevereiro a 22 de março de 1870.
Otaviano fez parte de uma delegação da Câmara Municipal de Natal, em 1869, para cumprimentar Sua Majestade o Imperador à sua chegada em Recife. Advogado e tribuno político, a sua atuação foi notável, exercendo, também, destacado relevo no jornalismo provinciano. Ligado aos seus irmãos Jerônimo, Gabriel e Leocádio, “Os Cabrais”, como era chamado o grupo Saquaresma, formava uma arregimentada corrente política com acentuada preponderância nos destinos administrativos do Estado.
Foi Procurador Fiscal da Tesouraria Provincial, de 31 de agosto de 1870 a 15 de junho de 1872 e exerceu, também, o cargo de Inspetor da Tesouraria quando, a seu pedido, foi exonerado.
Homem de espírito culto e progressista, Otaviano Cabral fundou, em parceria com outros, em 1854, em Natal, a Sociedade Teatral Apolo Rio-Grandense. Por sugestão do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, no ano de 1930, a Prefeitura Municipal do Natal, em louvor aos seus méritos, ligou seu nome a uma rua.
OTAVIANO CABRAL RAPOSO DA CÂMARA faleceu, no município de Bonito, no estado de Pernambuco, no ano de 1872.
Como foi possível observar, mostramos mais um assuense que chegou ao topo da governabilidade estadual, ou seja, foi Governador do Rio Grande do Norte, na época em que era Província.
   
Fonte: Titulados do Assu - Francisco Amorim

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...