domingo, 22 de maio de 2011



Por Cristina Costa

Afinal, o que é sonho?
Será querer o impossível?
Sonho é querer?
Que loucura!

...Acho que sonho, pode ser
Um grito da alma.
Preciso definir o que é sonho!

Sonhar é lançar-se no espaço,
Sonho é mergulhar no infinito.
Sonhar é a vontade de ver de novo.
Não! Isso é definição de saudade!

Sonho, será o mesmo que devaneio?
Se é, para que tanto rodeio!
No meu sonho sou poeta.

Já sei, sonho é ter amizade sincera,
É ter um grande amor nos braços,
É esquecer todos os fracassos.

É dar e receber beijos de ternura,
É fazer do amor uma doce loucura,
É nutrir sentimento bem definido,
É sentir um amor não dividido.

É sentir paixão ardendo no peito!
É isso mesmo!
É assim,
Que eu sonho...

Postado por Fernando Caldas



sábado, 21 de maio de 2011

POESIA

Não sei como te aquecer. És de outro e não me esqueço
Mal grado o coração me pedir que te odeie,
Não sei te aborrecer e te odiar, não sei:
- Amor do meu amor para mim não mereço.
Alguém que o amor vingar no coração, o preço
...Da saudade lhe dê: - o preço que lhe dei.
Porque o preço do amor quando traído, eu sei,
É o preço da tortura e o gozo quando avesso.

[João Lins Caldas - 1888-1967]

Postado por Fernando Caldas

Lei Djalma Maranhão abre inscrições


Estão abertas desde ontem até 23 de novembro, as inscrições para projetos culturais que visam obter benefício da Lei Municipal de Incentivo à Cultura Djalma Maranhão. As inscrições são para projetos e eventos culturais realizados dentro da cidade de Natal.

A lei municipal é um importante instrumento que aproximado produtores, artistas e investidores. Para este ano, o valor destinado à realização de projetos será de R$ 4.393.980,00. A aprovação do incentivo para os projetos depende da avaliação da comissão normativa, formada por representantes da classe cultural e das secretarias do município. Os projetos encaminhados serão avaliados pela comissão que considera desde a viabilidade técnica, orçamento, benefício social ao interesse público.

O benefício será concedido a projetos que promovam o incentivo ao estudo, à edição de obras e à produção das atividades artístico-culturais nas seguintes áreas: música e dança, teatro, circo e ópera, cinema, fotografia e vídeo, literatura e cartum, artes plásticas, artes gráficas, folclore e artesanato, história da cultura e crítica de artes, acervo e patrimônio histórico-cultural, museus, centros culturais e bibliotecas, relíquias e antiguidades, pesquisa e mapeamento. Além da aquisição, manutenção, conservação, restauração, produção e construção de bens móveis e imóveis de relevante interesse artístico e cultural. Os projetos devem ser entregues na sala do Programa Djalma Maranhão localizada na sede da Funcarte, Av Câmara Cascudo, Centro.

Fonte: Tribuna do Norte



Por Walflan de Queiroz [1930-1995], poeta potiguar.

O que é romântico não pode desaparecer da vida nem da morte.
Infelizmente da minha janela, não vejo senão um céu opaco e indiferente.
Não adianta desejar.
Violetas não resolvem meu problema.
Tudo passa e o vento de Abril leva meus melhores pensamentos.
Que náusea a vida!
Fico desgraçadamente só.
Nenhuma relação me leva ao tempo de menino.

Postado por Fernando Caldas

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A Sala Mágica do Açu


[Do site Substantivo Plural, 23.11.2010]


Por Rudson Pinheiro Soares

O Cine Teatro Pedro Amorim, de Açu, compõe o imaginário de muitas das pessoas que viveram na terra de João Lins Caldas, nos anos 80. Digo isso, para ficar só na minha geração, já que o velho cine teatro teve meu pai, de calças curtas, como freqüentador, nos tempos da energia a motor.

Eu morava na rua de trás, a Aureliano Lopo, também conhecida como a Rua do Córrego. Nas enchentes, era a primeira que alagava, como os aguaceiros de 1967 e de 1974, que vi somente através de fotografias. Depois a de 1985 e, mais recentemente, na invernada de 2008, o Vale coberto d’água, como todos viram. Mas isso é outra história…

Voltemos ao velho cinema. Em minha época, as apresentações teatrais já eram raras. O cinema era o forte. Sessões sempre de noite. Um bom filme passava três dias “encarreados”. Eu era freqüentador assíduo, amigo dos filhos de Josué, o gerente, pessoa boa e digna. Às vezes, eu nem pagava. Outras, entrava apenas para ver o Canal 100. Josué, flamenguista, adorava passar jogos do rubro-negro. Zico na tela grande era emoção obrigatória toda semana. O cinema ficava em um velho prédio, hoje, infelizmente, em ruínas. Além de histórico, era belo. Ali, vi todos os filmes dos Trapalhões. Vi Django, com Franco Nero; Vi os Trinitys Terence Hill e Bud Spencer, além de vários outros. O Desafio do Dragão, filme de Bruce Lee, devo ter visto umas duzentas vezes, já que se repetia muito os filmes e a gente gostava. O duelo final de Lee com Chuck Norris mexia com a meninada. Montávamos uma equipe de forma a contar as porradas que cada um acertava, para chegarmos a um placar. Antes de entrar nas sessões, uma passadinha nos carrinhos de confeitos, no saguão. Eu comprava sempre no de Dona Luzia.

Havia também as sessões de sábado, pela manhã, em geral com filmes de Bruce Lee. Era o dia da feira livre, que funcionava em frente, embaixo dos centenários pés de figo, até hoje de pé. Pegava a moçada que vinha da zona rural. Para os que eram analfabetos, as legendas só atrapalhavam. Mas nada que fizesse eles não entenderem a trama, pelo menos, ao jeito deles. Ao final, saíam narrando para os que não entraram, sempre com demonstrações de golpes, gritos e saltos, aproveitando a escadaria lateral do velho prédio, que, naqueles tempos, já dava sinais de fraqueza. Lembro, eu devia ter uns oito anos, assistindo a Os Três Mosqueteiros Trapalhões, na companhia do meu irmão mais velho, já adolescente. Começou um “toró” e, aos muitos, as goteiras foram deixando de ser o único incômodo. A água, em alguns cantos da sala escura, já dava na canela. Eu e meu mano, de mãos dadas, sem tirar os olhos da tela, corríamos, no escuro, procurando, digamos assim, lugares mais seguros. Vimos o filme até o fim. Nós dois e todos os que lá estavam.

Filmes nacionais era problema, em função do péssimo áudio da sala. Entendíamos pouco. Mesmo assim, ao final, saíamos contando as emoções das tramas. Os filmes passavam em Açu sempre muito depois de terem sido lançados. Para nós, era novidade. O diabo do vídeo-cassete era artigo de luxo. As projeções, que tinham Genilson no comando, na maioria das vezes, muito velhas, eram sujeitas aos cortes e remendos, sempre acompanhados de uma reação uníssona da platéia: “ladrão, fela da puta…” O anonimato da escuridão encorajava a todos. Queria ver alguém gritar na frente de Josué. O homem era bruto, apesar de ser igualmente gente boa. Quando tava com raiva, chamava os seus interlocutores de “seu casseta”. Lembro uma vez, numa exposição de quadros no saguão do cinema, havia placas que pediam para os quadros não serem tocados. Conta-se que, de repente, dois garotos com idades na faixa de nove a dez anos, passeavam as mãos nas telas, identificando casarões do Açu, já que a exposição era de quadros com vistas da cidade. “Ô seus cassetas! Fosse o pau de um burro vocês estariam passando as mãos?”

O cinema do Açu tinha algo que nenhum destes de shoppings têm. Banheiro na própria sala, de forma que dava para tirar a água do joelho sem perder muito do filme. Era a céu aberto, mas com paredes e com chão de areia, de forma a absolver o liquido que lá deixávamos. Cagar era sacanagem, das grandes. Ainda tinha a trilha sonora do Bar dos Motoqueiros, do outro lado da parede, pertencente a Tiquinho, falecido recentemente. As mulheres, quando tinham coragem, iam de duas. Uma ficava na porta, que se mantinha fechada, sob pena, caso aberta, de protestos por razões olfáticas. Os cartazes dos filmes vinham acompanhados das idades recomendadas, naqueles tempos de ditadura, chamadas de censura. Dedé, na portaria, conferia a idade da garotada. Era pela cara mesmo. Era sonho de todos nós completar 18 anos. Só assim poderíamos ver o que os cartazes chamavam de Sexo Explícito. Até lá, faltava ainda quase uma década, muitos se contentavam, inclusive adultos sem dinheiro para o ingresso, com as portas laterais que ficavam abertas, mas tinham tela de arame. Não dava para ver nada, mas, em compensação, o áudio ruim e/ou as legendas não atrapalhavam. A chegada de locadoras em Açu e os vesperais na casa de amigos para ver filmes de sacanagem acabaram tirando muitos das portas laterais do cinema e antecipando, ou melhor, fazendo com que nunca fossem a tais projeções, ao completarem a maioridade. Comigo foi assim. Uma das locadoras da cidade pertencia a familiares meus, de forma que eu tinha acesso facilitado.

Aos poucos, o velho cinema foi entrando em decadência. Em 1987, um dos últimos grandes públicos. Foram necessárias várias sessões, para dar conta de todas as pessoas que queriam ver Jesuíno Brilhante. A saga do cangaceiro fora filmada em Açu, no começo dos anos 70. O cast principal era composto de atores conhecidos nacionalmente. Mas a grande maioria era de pessoas dali mesmo, do Vale. A possibilidade de se ver e/ou de identificar os atores levou a cidade inteira ao cinema. Por essa época, o teatro voltou ao palco do velho prédio. Uma companhia de fora que apresentava sexo ao vivo. Uma novidade no Açu. Sob os protestos das freiras do colégio, a peça foi apresentada várias vezes. Teve ainda, já nos anos 90, a Espertinha, produção açuense assinada por Bago, cineasta da cidade, em razão de sempre filmar eventos, festas, competições. Ter uma câmera era uma novidade. O filme foi casa cheia durante várias noites. Eu tinha 17 anos, mas o critério era a cara, e eu entrei. A Espertinha – creio, devidamente recrutada em uma casa de recursos da cidade – roubava o comércio inteiro do Açu. Acho que foi a forma que Bago encontrou de mostrar todos os patrocinadores, dentro do roteiro. E cada loja que ela entrava, aparecia o letreiro. Ao final, a cena esperada, com um comparsa.

O velho cinema não pôde suportar as transformações produtivas pelas quais passaram o capitalismo naquele fim de século. Lembro que, por uma época, deixou de haver meia-entrada, pelo menos, só para os estudantes. “Meia para todos”, dizia o aviso na bilheteria, numa estratégia que não enganava ninguém. O preço, agora único, disfarçado de meia. Os públicos eram cada vez menores. Além de locadoras, a cidade já tinha lugares mais atrativos para se levar a namorada ou sair com os amigos. Ainda assim, cheguei a ver lá, por essa época, Ghost, com Patrick Swayze e Demi Moore, e Robin Wood, com Kevin Costner.

Em 1992, vim pra Natal, para a ETFRN. Nunca mais entrei no velho prédio. Um dia, tive a notícia, ali já não mais se projetava filmes. Na hora, não tive noção de que se tratasse, talvez, do encerramento de um ciclo. Lá, hoje, não funciona igreja, ao contrário da maioria das antigas salas de cinema, em função das migrações destes para shoppings. Tá abandonado. O teto caiu. Pelo que soube, a prefeitura o adquiriu para transformá-lo em museu. Vendo a quebradeira das locadoras, em função da pirataria, sinto-me vingado. Afinal, elas foram decisivas no processo de derrocada daquela sala mágica. Tenho certeza de que se alguém que viveu aquele período no Açu estiver lendo estas linhas, está derramando algumas lágrimas. Eu já estou enxugando as minhas.

Postado por Fernando Caldas

CHARGE DO DIA

Charge de Bello para o jornal Tribuna de Minas (MG).

Postado por Fernando Caldas

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ex-governador diz que estão ensinando às crianças que "é bonito ser homossexual"

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[Da Tribuna do Norte, onlaine]

O ex-governador do Rio Grande do Norte e ex-vice-presidente do Senado, Geraldo Melo (PPS), também entrou na discussão sobre a homofobia. Através do Twitter, o empresário disse que as ações voltadas para o combate à homofobia ensinam às crianças que "é bonito ser homossexual".

Geraldo Melo usou o Twitter para comentar sobre questões relacionadas aos homossexuais

Afastado das disputas eleitorais desde 2006, quando foi derrotado na disputa para o Senado, Geraldo Melo sugeriu que também ocorressem campanha voltadas para evitar supostos preconceitos aos heterossexuais. "Já temos nas escolas o kit anti homofobia. Quando teremos também nas escolas o kit anti heterofobia?", questionou o ex-governador.

Para Geraldo Melo, é necessário que as campanhas educativas também mostrem às crianças que "não é feio ser heterossexual". "Estamos ensinando às nossas crianças que é bonito ser homossexual. Será que não dava pra ensinar também que não é feio ser heterossexual, ou não pode?", postou.





Por Cristina Costa

Roubei uma nota ás palavras
Por não saber
Descrever este sentir.

Leia-se narciso.
...Ou leia-se jacinto.
Ou leia-se outra flor.

Serei flor brava,
Mas é meu ser silvestre
Que em mim habita.

Já nem lembro das longas primaveras
Hoje serão quimeras, flores, amor
Ou simples fragrâncias bravas.

Por isso é que no perfil duma flor
Está também pintado
O seu perfume.

Postado por Fernando Caldas

A "FRUTILÂNDIA" DO VALE

Por Laélio Ferreira de Melo, poeta, jornalista potiguar

Desajeitado e cabreiro, a roupa já sem o vermelho da poeira da viagem no jipe, banho-de-cuia tomado na pensão de Chicó, na flor dos meus dezesseis janeiros, à porta da residência modesta, bati palmas e gaguejei o indispensável "ô de casa". Tinha uma obrigação, um dever sentimental, sagrado, uma promessa a cumprir no Assu, naquele ano dos anos 50. Visitar, saudar o dono da casa, mestre de muitos sonhos e senhor incontestável da mais úbere, abundante, edênica, maravilhosa e fértil gleba de todo o Vale´- a "Frutilândia". A incubência me fora dada por meu pai, Othoniel, anos antes convidado solenemente, insistentemente, para ser sócio, meio a meio, de um colossal empreendimento de fruticultura. Redenção econômica de toda a região, gerando riqueza, justiça social, inovando a produção de frutas, legumes, hortaliças, tudo em grande escala, gigantescas proporções. Os pobres sairiam da miséria, teriam moradia, grandes vilas operárias, escolas, assistência médica, futuro. Largariam os barões da cera, que nada plantavam, viviam em Natal jogando baralho no Natal Clube, tomando uísque, enriquecendo Maria Boa, passeando no Rio de Janeiro - impecável ternos de linho branco, lustrosos, gordos como bispos. Moderníssimas máquinas, escavadeiras imensas, dragas descomunais - rebocada desde Roterdâ - abririam largo e profundo canal, em linha reta, de Assu a Macau. Ali, mar adentro, plantar-se-iam modernos, imponentes, equipados cais, frigoríficos, grandes armazéns. Luzentes guindastes, esteiras rolantes, saciariam a fome das bocarras dos porões das grandes embarcações da própria Companhia, espalhando por Oropa, França e Bahia cajus, mangas, pinhas, araticuns, mangabas, româs, laranjas-cravo, abacaxis, maracujás - os dúlcidos e tropicais produtos do gigante complexo agroindustrial da biliardária sociedade CALDAS & MENEZES... De volta ao Assu e à dura realidade, de novo bati palmas na soleira da casinha modesta do senhor da "Frutilândia", naquela rua do Assu, naquela era dos anos cinquenta. Apareceu o amigo do meu pai, o sócio do sonho tão sonhado, tão detalhado, idealizado nas conversas dos dois. Disse-lhe quem era, fez-me uma festa daquelas, passando, suavemente, a mão na minha cachola sonhadora. Era magro, gestos nervosos, rápidos. Dando o nó na gravata, convidou-me a entrar, risonho, gentil, hospitaleiro. Calçava, notei, uma daquelas botas de feira. Calça, camisa, colete - tudo amarfanhado, encardido. Guiou-me em direção à cozinha, por uma picada, uma vereda aberta numa mata fechada de ferro-velho, pacotes de amarelados jornais e uma imensidão de garrafas até o teto - um "caminho de Santiago" que, como peregrino, perpassei, com medo de lacraia e caranguejeira. Enquanto conversávamos, ferveu água e serviu-me um café saboroso, pegando fogo, coado de um pano que devia ter uns bons anos de uso diário e constante. Na minha idade, não tinha engenho, nem arte e nenhuma tendência para falar sobre poesia ou literatura com o idealizador de "Frutilândia". Mesmo que a minha casa, em Natal, vivesse, pululasse em certos dias, cheia de literatos e candidatos a poeta, aperreando Othoniel sobre coisas de metrificação, leituras, autores e outras milongas mais - alguns deles pedindo remendos em versos de pé-quebrado. Ficava só cubando, sem pigorar, quem era besta? Sem anuência ou conhecimento do dono da casa, tinha cometido, já, no Atheneu, algumas glosas sacanas e "burilado" uns tres ou quatro sonetos decassílabos à moda de Augusto dos Anjos - coisas horrorosas... Na cozinha acolhedora, o cavaco, o bate-papo, limitou-se, pois, às notícias da capital, aos meus estudos, `saudação do "sócio" de Natal, à mútua e sincera admiração entre os dois, às amenidades. Nada sobre a "Frutilândia". Nada, também, acerca da razão social Caldas & Menezes". Ele entretanto, já na despedida - lembro bem - deu umas boas cutucadas nos políticos do Estado e de outras plagas, pilheriando, rindo com gosto, divertido. Sol descambando, da porta da sala, do início do labirinto de ferro velho, jornal e garrafa de todo tamanho e cor, veio o chamamento: "Seu João, tá na hora! ”Saímos. Era um mininote, chapeu-de-couro atolado na cabeça grande, cara de janduí. O homem bom me pediu licença e retornou aos cafundós do seu tugúrio. Voltou lépido, brilho nos olhos, vestindo um paletó tão encardido quanto o restante da indumentária. Numa das mãos, um surrado bisaco de lona; noutra, uma lazarina impecável, ajeitada mesmo - oi cano brilhando mais do que espinhaço de pão doce, a coronha envernizada, bonita como os seiscentos. O Poeta João Lins Caldas, sublime sonhador, senhor de vaticínios para o seu Vale - o sócio do meu pai! - trancou a porta capenga da casinha. Apertou-me a mão, com calor, despedindo-se. Pediu desculpas pela pressa - ia caçar! Argumentou, cavalheiro, que aquela era a hora dos preás e das rolinhas, das nambus escondidas no panasco dourado. E lá se foi, engravatado, predador solene, feliz da vida - o sonhador. O curumiaçu, secretário e cúmplice, seguiu-lhe os passos ligeiros, no rumo - presumi - da "Frutilândia", procurando a presa miúda e saborosa..."

Postado por Fernando Caldas

quarta-feira, 18 de maio de 2011

SÓ NO CÉU



Por Renato Caldas

Não encontro na terra!
Não existe no mar,
nas estrelas, nas frias madrugadas
lordadas
do luar...
No lamento do vento,
no perfume das flores,
nos sorrisos, nas dores...
Na alegria dos lares,
na branca e secular
piedade dos altares...
No riso da criança
na humildade
e bondade
dos olhos que mendigam o pão...
nos que eram cheios de confiança...
na infalível e Divina Proteção.
Eu, procuro em tudo que vive
e vejeta
no Universo,
e na emotividade sublime da canção.
É debalde!
É em vão...
Se na terra não tem,
nem existe no mar...
... Eu sei também!
Só no céu poderei encontrar
a caridade divina e abençoada,
da minha mãe...
da minha mãe amada.

Postado por Fernando Caldas

















Por Cristina Costa

Podes até dizer
que não entender
o que eu falo.

Mas jamais poderás dizer
...que não entendes
como te olho.

Postado por Fernando Caldas

Nos alpendres da memória

Tádzio França

repórter

O homem que descreveu o sertão potiguar com apuro literário e técnico ainda pouco visto até hoje, enfim teve sua vida e obra devidamente selecionadas em imagens. O resultado está no documentário “Oswaldo Lamartine: um príncipe do sertão”, que será lançado nesta quarta-feira, às 16h30, no auditório da Secretaria de Educação à Distância da UFRN (Sedis), ao lado da capela do campus. O filme é resultado de uma parceria entre o Núcleo Câmara Cascudo de Estudos Norte-Rio-Grandenses, TVU e Secretaria de Educação à Distância da UFRN.

Nos alpendres da memória
Imagens do sertanista Oswaldo Lamartine, sua obra e suas ideias são o eixo do documentário Um príncipe do Sertão, lançado hoje, com exposição de fotos de Candinha Bezerra.

Candinha Bezerra Imagens do sertanista Oswaldo Lamartine, sua obra e suas ideias são o eixo do documentário Um príncipe do Sertão, lançado hoje, com exposição de fotos de Candinha Bezerra.

A ideia do documentário partiu de uma entrevista realizada em 21 de julho de 2005 com Oswaldo Lamartine, pelos professores Humberto Hermenegildo e Vilma Vítor Cruz, respectivamente, roteirista e diretora do vídeo. A partir destas cenas, eles partiram para agregar várias informações sobre a obra do sertanista intelectual, colhendo depoimentos de pessoas que conviveram com ele, admiradores de sua obra, além de imagens de origens diversas. A entrevista foi realizada na casa de Cassiano Lamartine, filho do escritor. “Há tempos queríamos finalizar esse trabalho, mas o tempo não deixava”, afirma Humberto, coordenador do centro de documentação do Núcleo Câmara Cascudo.

O documentário tem como eixo a entrevista de Oswaldo, intercalada com trechos de cenas, imagens e palavras de sua extensa obra. “Para fazer o roteiro nos pesquisamos os livros dele, registramos as capas de livros, documentos, imagens dos acervos dos entrevistas, e fotos produzidas por Vilma, que também é fotógrafa, e por Candinha Bezerra”, explica Humberto. Entre os admiradores de Oswaldo que cederam depoimentos estão o professor Edgar Dantas, o médico e acadêmico Paulo Bezerra, os jornalistas Vicente Serejo e Woden Madruga, o escritor Dácio Galvão, e o padre João Medeiros Filho, amigo e parceiro em algumas obras.

Os entrevistados pelo documentário são pessoas que conviveram com Oswaldo e sabem delinear uma imagem póstuma de sua memória. A trajetória intelectual do entrevista é costurada aos seus depoimentos pessoais, priorizando dados de sua biografia; a amizade com escritores como Câmara Cascudo, Raquel de Queiroz e Hélio Galvão, entre outros; e a produção bibliográfica sobre a cultura sertaneja, com vasta ilustração imagética.

Entre essas imagens estão a da exposição fotográfica que faz parte do lançamento do vídeo, “Voo na Acauhan”, assinada por Candinha Bezerra. As fotos representam o universo que tanto inspirou Oswaldo, a fazenda Acauã, onde o escritor morou após ir embora do Rio de Janeiro.

A cultura sertaneja, assunto que norteou toda a obra de Oswaldo, é profundamente discutida por ele no documentário. O escritor fala de suas memórias no campo, as artes que viu e registrou, aspectos geográficos da região, e histórias das pessoas que conviveram com ele por aquelas paragens. “A intenção do documentário é divulgar mais a obra de Oswaldo Lamartine e fazer com que surjam pesquisas, pois ela é de uma riqueza que merece ser aprofundada”, afirma Humberto Hermegildo.

Exibições

Após o lançamento, “Oswaldo Lamartine: um príncipe do sertão”, poderá ser visto e consultado no centro de documentação do Núcleo Câmara Cascudo (que fica no Museu Câmara Cascudo). “Ele será destinado num primeiro momento apenas para pesquisadores e redes de ensino. Vamos distribuir algumas cópias para escolas e instituições interessadas. No futuro, vamos analisar a possibilidade de produzir um DVD para venda e deixar Oswaldo ainda mais acessível aos apreciadores de sua obra”, diz.

Docs e acervos do Núcleo

Este é o segundo vídeo sobre uma figura histórica potiguar lançado pelo Núcleo Câmara Cascudo. O primeiro foi sobre Auta de Souza. O Núcleo, que já existe há seis anos, também lançou 11 livros da coleção ‘Estudo Norte-Rio-Grandenses’, incluindo obras de Câmara Cascudo e Nísia Floresta. Esses material está registrado no portal da ‘Memória da Literatura Potiguar’, outra criação do núcleo.

Serviço:

Lançamento do doc “Oswaldo Lamartine: um príncipe do sertão”. Quarta, às 16h30, na Sedis, ao lado da capela do campus universitário.

Saiba mais...

Oswaldo Lamartine de Faria nasceu na capital potiguar, em novembro de 1919, mas foi bem longe dela, no caminho dos sertões, que construiu a sua obra. Era o caçula dos dez filhos do ex-governador Juvenal Lamartine, e começou a se interessar pelos assuntos ligados ao homem do sertão quando seu pai adquiriu uma grande propriedade em São Paulo do Potengi. A experiência lhe marcou pra sempre, sendo o eterno assunto de sua vida profissional e obra literária.

Em 1931, Oswaldo frequentou o Ginásio do Recife, saindo em 1933 para o Instituto LaFayette, no Rio de Janeiro, onde permaneceu até 38. Dois anos depois ingressou na Escola Superior de Agricultura de Lavras, em Minas Gerais, onde em 1940 tornou-se técnico agrícola. Entre 1941 e 48 administrou a Fazenda Lagoa Nova, em Riachuelo. Foi professor da Escola Doméstica de Natal, da Escola Técnica de Jundiaí, e foi pracinha durante a Segunda Guerra Mundial. Junto com a década de 50 veio a mudança para Macaé, no Rio de Janeiro, para administrar a Fazenda Oratório. Foi funcionário do Banco do Nordeste até 1979, quando se aposentou.

Após período no Rio de Janeiro, refugiou-se na Fazenda Acauã, onde morou até novembro de 2005. O sertanista começou a publicar seus escritos no final da década de 40, resultando em 21 livros que abordaram temas como o vocabulário potiguar, abelhas do sertão, conservação dos alimentos, pseudônimos e as iniciais potiguares, pescaria, construção de açudes, etc. De personalidade reclusa, passou os últimos dias, com saúde frágil, no Potengi Flat, em Petrópolis.

Faleceu em 2007, aos 87 anos.

[Fonte: Tribuna do Norte]

"VM PRODUÇÕES APRESENTA"

Postado por Fernando Caldas


















Mostre seu talento e inscreva sua poesia com o tema "A Força do Abraço" nas lojas ou no botão abaixo, até 31 de maio. As poesias vencedoras serão conhecidas numa cerimônia transmitida ao vivo pela twitcam do Twitter da Pague Menos, no dia 31 de julho. Participe.



Verifique o regulamento nas lojas ou no site e participe.Inscricao

terça-feira, 17 de maio de 2011

O BEIJO COLO

















Azul é o sonho, azul é a cor
Da ilusão do teu consolo.
Do teu querer, do teu amor
Azul é o solo!

Eu poeta e sonhador,
Fibra por fibra hoje descolo
O beijo teu, do teu rigor...
O beijo colo!

O lírio d’alma no teu colo,
Descolo o lábio do rigor...
O beijo colo!

João Lins Caldas

Postado por Fernando Caldas
Postado por Fernando Caldas


PROGRAMAÇÃO JUNINA EM ASSÚ



maio 9th, 2011 in Política

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O Executivo Assuense mostrou a programação oficial dos festejos em comemoração ao santo católico e padroeiro do município, São João Batista.



O almoço de lançamento do São João 2011 reuniu o prefeito Ivan Jr, secretários, vereadores, correligionários e imprensa da cidade do Assu.



A abertura do evento aconteceu ao vivo, após a chegada do prefeito, através da Rádio Princesa do Vale AM.











Programação na Praça São João Batista























































12/06 – Domingo -DOGIVAL DANTAS – SALA DE REBOCO



16/06 – Quinta -FORRÓ DA PEGAÇÃO- FORRÓ DA PEGAÇÃO – LUCAS SANTOS



17/06 – Sexta – FORRÓ DO MUÍDO – WALDONYS



18/06 – Sábado – FORRÓ DA CURTIÇÃO – ROBSON FARIA E BANDA



19/06 – Domingo – LEONARDO – DORGIVAL DANTAS



22/06 – Quarta – ZÉ RAMALHO – PISADA DE BAKANA – ALVIMAR FARIAS



23/06 – Quinta – VICENTE NERY E CHEIRO DE MENINA – FORRÓ RESENHA



24/06 – Sexta – TOCA DO VALE – ZÉ LIMA – FORRÓ CUBANO



25/06 – Sábado – AMIGOS SERTANEJO – FORRÓ DEIXE DE BRINCADEIRA



29/06 – Quarta – FORRÓS DOS 3 – GILMAR DO ACORDEON







Fonte: Blog Sem Comentarios









Do Blog de Aluíziolacerda

PRA QUEM CURTE O VALE DO AÇU


Imagem do Orkut de Zelito Coringa

ADIVINHAÇÃO

Por Andiére "Majó" Abreu, poeta potiguar do Açu

O que é que nasce esguia e altaneira,
Cresce raquítica se a terra é pobre,
Sempre exigente quer terreno nobre
E exige configuração linheira?...

Caracteriza o Vale, é pioneira,
Resiste pra que o caule nunca dobre,
Se já idosa é tão forte quanto o cobre,
Das árvores do Vale é a verdadeira?...

Seu fafalhar tem som audacioso
Mas já chega aos ouvidos bem gostoso
Como um sussurro amável, delicado.

Pelo seu pó macio qual veludo,
Pelo seu porte magestoso e por tudo
Quem do vale é o símbolo consagrado?...

Postado por Fernando Caldas

















PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...