segunda-feira, 15 de abril de 2019
Adeus mamografia: vêm aí os testes ao sangue para detetar o cancro da mama.
BY REDAÇÃO CORUJA - 14:15:00
Adeus mamografia: vêm aí os testes ao
sangue para detetar o cancro da mama.
Nos
últimos tempos, vários centros de investigação estão na corrida para criar
testes ao sangue para detetar marcadores de cancro da mama antes de este ser
visível na mamografia. A Universidade de Heidelberg anuncia ter um teste pronto
para entrar no mercado ainda em 2019.
"Esta
técnica é muito menos penosa para as mulheres. Não dói nem implica exposição à
radiação."
Sarah
Schott and Christof Sohn, do Hospital Universitário de Heidelberg, antes da
conferência de imprensa na qual anunciaram o novo teste ao sangue©
REUTERS/Thilo Schmuelgen.
Sarah
Schott, do Hospital Universitário de Heidelberg, na Alemanha, está convicta de
que o teste que a sua equipa desenvolveu estará disponível no mercado ainda
este ano e poderá com grande vantagem substituir a mamografia na detecção do
cancro da mama, pelo menos nas mulheres com menos de 50 anos.
Descrito pelos investigadores como "uma biopsia líquida" e "não invasiva", o teste, intitulado HeiScreen, já detetou 15 tipos diferentes de células de cancro da mama e tem ainda a vantagem de identificar o cancro antes de este ser visível através das técnicas de raios X ou ecografia. É também mais econômico, requerendo apenas alguns mililitros de sangue e podendo ser feito em qualquer laboratório.
Para desenvolver o teste, que também deteta novas metástases de cancros em recidiva, mais de 900 mulheres foram testadas ao longo de um ano, 500 das quais com cancro da mama.
Ainda de acordo com o Hospital Universitário de Heidelberg, o teste é particularmente adequado a mulheres abaixo dos 50 e para aquelas que têm um historial familiar de cancro da mama. O nível de fiabilidade do HeiScreen para mulheres abaixo dos 50 é de 86%, bastante mais elevado que o de outro teste similar ao sangue já existente, o CancerSEEK, que apresenta apenas 70% de sucesso na detecção do cancro. Em mulheres acima dos 50, a fiabilidade do HeiScreen desce para 60%.
Para desenvolver o teste, que também deteta novas metástases de cancros em recidiva, mais de 900 mulheres foram testadas ao longo de um ano, 500 das quais com cancro da mama.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o cancro é a segunda causa de morte mais frequente na Europa, com mais de 3,7 milhões de novos casos e 1,9 milhões de mortes anualmente. O cancro da mama mata mais mulheres que qualquer outro tipo de cancro; em 2018, cerca de 627,000 morreram de cancro da mama em todo o mundo.
A detecção precoce do cancro cria mais hipóteses de sobrevivência, por encaminhar logo as pacientes para tratamento. Se for descoberto precocemente, como no estágio 2, a hipótese de sobrevivência para este tipo de cancro é de 93 a 100%; a percentagem cai para 72% quando a doença é descoberta no estágio 3 e para 22% no estágio 4..
Em Portugal, há em média seis mil novos casos de cancro da mama anualmente, mas o país está no pelotão da frente no que respeita à taxa de sobrevivência, ao lado da Suécia e da Noruega, de acordo com um estudo recente da Lancet. "Estamos a falar de uma taxa de sobrevivência global de 85% aos cinco anos.
São notícias muito boas, que devem servir para encorajar as pessoas a continuarem alerta, a terem consciência de que é uma doença que se pode tratar", disse à TSF, a propósito do dito estudo, o oncologista Joaquim Abreu de Sousa.
Na base desta taxa de sucesso no tratamento estarão, de acordo com Carlos Oliveira, presidente do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro, em declarações à Lusa, os rastreios iniciados nos anos 1990. Mas, ainda assim, este investigador prevê que em Portugal, até 2030, o cancro da mama cresça 17%.
Em Portugal, há em média seis mil novos casos de cancro da mama anualmente, mas o país está no pelotão da frente no que respeita à taxa de sobrevivência.
O último relatório da OCDE sobre saúde, publicado em novembro, prevê que Portugal terá uma das mais baixas taxas de incidência dos 36 países da organização, mas mesmo assim com 50 mil novos casos em 2018, ou seja, cerca de 492 por 100 mil habitantes. Esta previsão está alinhada com as estimativas divulgadas em setembro pela Agência Internacional para a Investigação do Cancro, que apontava para um número de novos casos de cancro em Portugal acima dos 58 mil, com as mortes resultantes estimadas em cerca de 29 mil. Em termos europeus, a OCDE prevê novos 400 mil casos de cancro da mama.
Um estudo realizado em 2017 no Reino Unido, envolvendo 13.000 mulheres, descobriu que o rastreio através de mamografia "perde" mais de dois mil casos de cancro de mama por ano.
UM DIA NO CASARÃO DA RUA DAS HORTAS SÉRGIO SIMONETTI CAPÍTULO LXIII
Por Sérgio Simonetti
Joaquim entra na cozinha, acompanhado de Sinharica. Ele é um homem alto, magro, rosto comprido de testa larga e barba cerrada. Educado e elegante, tem um olhar sereno, mas firme.
Joaquim entra na cozinha, acompanhado de Sinharica. Ele é um homem alto, magro, rosto comprido de testa larga e barba cerrada. Educado e elegante, tem um olhar sereno, mas firme.
– Bom dia, pessoal! Acabamos de chegar da missa, e eu quero aproveitar a presença de todos e conversar sobre um assunto que Sinharica me falou hoje.
Sinharica chama a novata.
– Galdina, venha cá!
– Galdina, venha cá!
Nenê de Maria Flor tenta interromper.
– Mas, Dona Sinharica...
– Nenê, você fique calado. – Diz Sinharica.
– Mas, Dona Sinharica...
– Nenê, você fique calado. – Diz Sinharica.
Sinharica vira-se para Galdina.
– Galdina, Seu Chico Matias fez ótimas referências suas e você me apronta uma dessas? Uma moça tão nova, tão cheia de vida.
– Galdina, Seu Chico Matias fez ótimas referências suas e você me apronta uma dessas? Uma moça tão nova, tão cheia de vida.
Nenê de Maria Flor interrompe novamente, tentando colocar água fria na fervura.
– Dona Sinharica, a senhora me perdoe, mas não é melhor esperar Adolfinho voltar pra poder resolver esse assunto com calma?
– Não, senhor, vamos resolver isso agora. – Interfere Joaquim. – É que desapareceu um envelope com dinheiro da caixinha da gaveta da escrivaninha da sala de jantar e vocês sabem que isso nunca tinha acontecido antes aqui no Casarão.
– Ufa!, então é isso?! – Nenê suspira aliviado.
domingo, 14 de abril de 2019
Sertão. Em pleno inverno. Os rios descem,
As margens alagadas. Os marmeleiros
Ressequidos, agora reverdecem...
Ouve-se, ao longe, a voz dos boiadeiros.
As margens alagadas. Os marmeleiros
Ressequidos, agora reverdecem...
Ouve-se, ao longe, a voz dos boiadeiros.
O gado muge nas campinas. Crescem
Os ramos e o capim nos tabuleiros.
As messes de oiro fulvo amarelecem,
Partem para o labor os vis roceiros.
Os ramos e o capim nos tabuleiros.
As messes de oiro fulvo amarelecem,
Partem para o labor os vis roceiros.
O Peixe, nas lagoas, em cardume,
Pontilha à face d´água. Um vaga-lume
De quando em vez, no espaço relampeja...
Pontilha à face d´água. Um vaga-lume
De quando em vez, no espaço relampeja...
E, enquanto a noite desce, misteriosa,
A chuva cai em bátegas, copiosa,
Ressuscitando a terra sertaneja!
A chuva cai em bátegas, copiosa,
Ressuscitando a terra sertaneja!
João Celso Filho
Queres embriagar-te
E abastecer de amor
Queres ser bem amada
E esquecer o dissabor!
Cai aqui em meus braços
Ao sentir o meu abraço
Tu jamais sentiras dor!
Porque da dor do amor
Vais ficar adormecida
O veneno do meu beijo
Vai curar tua ferida
De prazer vou saciar-te
Para sempre vou amar-te
E terás prazer na vida.
Queres ser bem amada
E esquecer o dissabor!
Cai aqui em meus braços
Ao sentir o meu abraço
Tu jamais sentiras dor!
Porque da dor do amor
Vais ficar adormecida
O veneno do meu beijo
Vai curar tua ferida
De prazer vou saciar-te
Para sempre vou amar-te
E terás prazer na vida.
(Rita de Cassia Quereira)
Imagem de Cristina Costa.
Aluísio de França
Ipanguaçu uma cidade com lugares lindos para Se visitar.
Barragem de Lagoa de Pedra uma das sete maravilhas de Ipanguaçu
Barragem de Lagoa de Pedra uma das sete maravilhas de Ipanguaçu
Fotografia de anteontem. Encontro de alguns membros da Academia Assuense de Letras, no Café São Braz (Shaping Myduey, Natal), discutindo o lançamento do livro sobre um pouco da história da terra assuense, bem como os patronos daquela instituição cultural. É preciso dizer que o livro será editado as custas de verba pública, indicação do deputado estadual George Soares. Na fotografia, da esquerda: Perpetuo Wanderley de Castro, Fernando Caldas, Francisco Costa, Ivan Pinheiro, Chagas h e Auricéia Lima. O livro sera lançado no dia 22 de junho de 19 durante a festa do padroeira do Assu, São João Batista. Vale a pena registrar. Bom sábado!
A FEIRA
Feira de louças de barro - anos 70, no Assu
Feira Livre no Assu - foto Jean Lopes
Feira Livre no Assu - foto Jean Lopes
A FEIRA
É sábado, amanhece o dia
Chegam primeiro os feirantes
Loroteiros, arrogantes
Arrumam as mercadorias.
Mais tarde vem os feireiros
Sempre em grupos separados
Ainda desconfiados
Com as sacolas vazias.
É sábado, amanhece o dia
Chegam primeiro os feirantes
Loroteiros, arrogantes
Arrumam as mercadorias.
Mais tarde vem os feireiros
Sempre em grupos separados
Ainda desconfiados
Com as sacolas vazias.
Grita logo um barraqueiro:
“- Olha aqui feijão novinho
Tem enxofre e mulatinho
Tem o preto e o macaça
Esse amarelinho é bom
O pintado é um azeite
Se quer levar aproveite
Que hoje é quase de graça”.
“- Olha aqui feijão novinho
Tem enxofre e mulatinho
Tem o preto e o macaça
Esse amarelinho é bom
O pintado é um azeite
Se quer levar aproveite
Que hoje é quase de graça”.
Muitos trazem pra vender
Couro de bode, algodão,
Batata, milho verde e feijão,
Porco, carneiro e peru,
Depois que terminam as vendas
Se reúnem, vão beber,
As mulheres vão comer
Pé-de-moleque e angu.
Couro de bode, algodão,
Batata, milho verde e feijão,
Porco, carneiro e peru,
Depois que terminam as vendas
Se reúnem, vão beber,
As mulheres vão comer
Pé-de-moleque e angu.
Entra um rebanho no bar,
Lá já tem outra patota,
Ali começa a lorota
Pois o prazer é profundo.
Tomam a primeira dosagem
Logo após, outra bicada,
Com a terceira rodada,
Haja mentira no mundo.
Lá já tem outra patota,
Ali começa a lorota
Pois o prazer é profundo.
Tomam a primeira dosagem
Logo após, outra bicada,
Com a terceira rodada,
Haja mentira no mundo.
Diz um, nunca me faltou
Dinheiro pra brincar
Quando eu quero vadiar
Boto a sela no jumento.
Responde outro, melado
Eu juro no evangelho
Que no meu cavalo velho
Derrubo até pensamento.
Dinheiro pra brincar
Quando eu quero vadiar
Boto a sela no jumento.
Responde outro, melado
Eu juro no evangelho
Que no meu cavalo velho
Derrubo até pensamento.
Grita um mais exaltado
Comigo não tem ladeira
Eu topo toda zonzeira
Toda brincadeira é festa.
Grita outro, eu também sou
Osso duro de roer
Quem quiser venha saber
Um velho pra quanto presta.
Comigo não tem ladeira
Eu topo toda zonzeira
Toda brincadeira é festa.
Grita outro, eu também sou
Osso duro de roer
Quem quiser venha saber
Um velho pra quanto presta.
A coisa está esquentando
Vai acabar o zum-zum
Chega a mulher de um
Do outro chega a esposa
Com pouco o filho do outro
Chega pra dar o recado
“- Mamãe está no mercado
Vamos comprar qualquer coisa".
Vai acabar o zum-zum
Chega a mulher de um
Do outro chega a esposa
Com pouco o filho do outro
Chega pra dar o recado
“- Mamãe está no mercado
Vamos comprar qualquer coisa".
O vendedor de galinha
Fala alto, “aqui freguês
Essa galinha pedrês
É pesada de gordura,
Esse pescoço pelado
É boa pra criar,
Eu garanto ela botar
Cem ovos numa postura.
Fala alto, “aqui freguês
Essa galinha pedrês
É pesada de gordura,
Esse pescoço pelado
É boa pra criar,
Eu garanto ela botar
Cem ovos numa postura.
Um galo velho surú
Pra cantar não tem mais som
O vendedor diz “É bom!
Pode levar que é novinho.
Esse galo, meu amigo,
Ainda tem outra coisa
Tem dado surra em raposa
Que ela perde o caminho.
Pra cantar não tem mais som
O vendedor diz “É bom!
Pode levar que é novinho.
Esse galo, meu amigo,
Ainda tem outra coisa
Tem dado surra em raposa
Que ela perde o caminho.
“- Olha a ovelhinha gorda!”
Gritam lá na criação
Grita o do porco “O leitão
É novinho, cavalheiro”!
O velho que está melado
Não presta muita atenção,
No porco compra barrão;
No bode, pai de chiqueiro.
Gritam lá na criação
Grita o do porco “O leitão
É novinho, cavalheiro”!
O velho que está melado
Não presta muita atenção,
No porco compra barrão;
No bode, pai de chiqueiro.
Na carne de gado mostram
Uma manta do pescoço
“- Aqui é carne sem osso,
Compra boa, quem conhece!”
A carne velha encardida
Como que foi de murrinha
Na panela não cozinha
Na brasa não amolece.
Uma manta do pescoço
“- Aqui é carne sem osso,
Compra boa, quem conhece!”
A carne velha encardida
Como que foi de murrinha
Na panela não cozinha
Na brasa não amolece.
Aquele que se entreteu
Na birita o dia inteiro
Acabou todo o dinheiro
Passou o tempo e não viu
Ficou sem nenhum tostão
No bolso da velha calça
O que sobrou da cachaça
O pife-pafe engoliu.
Na birita o dia inteiro
Acabou todo o dinheiro
Passou o tempo e não viu
Ficou sem nenhum tostão
No bolso da velha calça
O que sobrou da cachaça
O pife-pafe engoliu.
Arranja uma confusão
Quase ao morrer do dia
Vai para a delegacia
Para um repouso forçado
Coitado, caiu à crista.
De manhã faz a faxina
Inda vai dar entrevista
Com o doutor delegado.
Quase ao morrer do dia
Vai para a delegacia
Para um repouso forçado
Coitado, caiu à crista.
De manhã faz a faxina
Inda vai dar entrevista
Com o doutor delegado.
sábado, 13 de abril de 2019
SPVA (Sociedade dos poetas vivos e afins-RN).
Sarau poético no Parque das Dunas.
AMOR DE UMA SERTANEJA
Sarau poético no Parque das Dunas.
AMOR DE UMA SERTANEJA
Verdadeiro nosso amor
É bonito no torrão
Comendo uma feijoada
Sobremesa de melão
À noite tem bom cuscuz
Carne guizada e pirão.
É bonito no torrão
Comendo uma feijoada
Sobremesa de melão
À noite tem bom cuscuz
Carne guizada e pirão.
Eu beijo a mulher amada
Na linda colcha macia
Eu pego a fruta madura
Na rama da melancia
É grande o amor pelos filhos
Todo dia acaricia.
Na linda colcha macia
Eu pego a fruta madura
Na rama da melancia
É grande o amor pelos filhos
Todo dia acaricia.
A minha linda mulher
Cheira mais que coalhada
Boneca de milho verde
É uma menina amada
Na varanda numa rede
Ela olha a noite estrelada.
Cheira mais que coalhada
Boneca de milho verde
É uma menina amada
Na varanda numa rede
Ela olha a noite estrelada.
Toma banho no açude
À sombra da quixabeira
E para se perfumar
Sabonete de aroeira
Depois passa no seu corpo
Líquido duma roseira.
À sombra da quixabeira
E para se perfumar
Sabonete de aroeira
Depois passa no seu corpo
Líquido duma roseira.
Marcos Calaça é poeta matuto e cordelista
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