sexta-feira, 22 de maio de 2020
quinta-feira, 21 de maio de 2020
A VINGANÇA
Fabrício Neto
A vingança
é a destruição
do espírito.
Ela magoa,
injuría e tortura,
em provocações
íntimas,
para poder se manter
sempre acessa,
no coração torpe
que a agasalha.
Em seu caminhar
de desespero e mentira.
De embuste calunia e
difamação.
Ela despreza por maldade,
insulta, por crueldade,
apavora, pela ameaça e
fere, pelo prazer.
Amedronta, destrói.
Não conquista,
assassina.
Ela confunde
a própria razão e,
em sua fúria,
conduz a loucura.
Ela envenena
a beleza do viver.
Propícia a melancolia,
a tristeza e a solidão.
É, em si mesma,
a própria destruição.
quarta-feira, 20 de maio de 2020
ALGODÃO: ANTIGA RIQUEZA DO MEU TORRÃO
O NOSSO OURO BRANCO
O NOSSO OURO BRANCO
-O algodão era o ouro branco do sertão, a galinha dos ovos de ouro do homem do campo;
-Os ‘apanhadores’ de algodão saíam bem cedinho com o bisaco e o cabaço com água;
-A unidade de medida era a arroba, 15 quilos;
-Alguns produtores, entre centenas, como Mulatinho, Chico Câmara, José Carneiro, Ranulfo Costa, Chico Rufino, Teodoro Ernesto, Antônio Félix, Segundo Veríssimo e outros, vendiam o algodão nas duas usinas locais ou na usina de São Miguel (Fernando Pedroza RN), aos galegos ingleses.
-O comércio era grande, muitos agricultores tinham imensos armazéns no centro da cidade para armazenar essa riqueza.
-Circulava muito dinheiro e o município tinha quase 14 mil habitantes.
-E hoje, o algodão esquecido no seio da caatinga, a sua presença é apenas o testemunho que faz brotar na lembrança a sentença de um tempo que não volta mais.
-Os ‘apanhadores’ de algodão saíam bem cedinho com o bisaco e o cabaço com água;
-A unidade de medida era a arroba, 15 quilos;
-Alguns produtores, entre centenas, como Mulatinho, Chico Câmara, José Carneiro, Ranulfo Costa, Chico Rufino, Teodoro Ernesto, Antônio Félix, Segundo Veríssimo e outros, vendiam o algodão nas duas usinas locais ou na usina de São Miguel (Fernando Pedroza RN), aos galegos ingleses.
-O comércio era grande, muitos agricultores tinham imensos armazéns no centro da cidade para armazenar essa riqueza.
-Circulava muito dinheiro e o município tinha quase 14 mil habitantes.
-E hoje, o algodão esquecido no seio da caatinga, a sua presença é apenas o testemunho que faz brotar na lembrança a sentença de um tempo que não volta mais.
Marcos Calaça é professor, poeta matuto e cordelista.
FOTO: Caminhão do senhor Chico Rufino carregado de algodão
Década de 70. Motorista: Chico Honorato, o primeiro da esquerda.
Década de 70. Motorista: Chico Honorato, o primeiro da esquerda.
"A Boite Hippie Drive In"
A Boite Hippie Drive In representou nos anos 60/70 uma revolução no ambiente de curtição em Natal. O Hippie era localizado na então longínqua “Estrada de Ponta Negra” (atual Av. Roberto Freire), nas imediações do atual “Sea Way”. De quinta a domingo havia festa. A condução musical no dancing era feita pelas melhores bandas de rock da cidade, além dos Infernais, lá tocaram: Os Gênios, Alerta Cinco, Os Primos, Os Vândalos, Os Terríveis, The Jetsons, Os Milionários e Impacto Cinco. A classe universitária emergente predominava no ambiente, mas a faixa etária era diversificada. (Texto e fotos compactados do livro "Natal do Século XX")
sábado, 16 de maio de 2020
terça-feira, 12 de maio de 2020
CHICO E CHICA
Por Renato Caldas
Sinha môça, eu
conto um fato
De chico ôio de gato
E chica Passarinheira:
Ele, vendia missanga,
Pó de arroz e burundanga;
Era mascate de feira.
Chiquinha, uma roceira
Disposta e trabaiadeira...
Pegava os pásso e vendia.
Porém, tinha um priquito
Muito mansinho e bonito
Qui ela, vendê num queria.
Chico, toda menhanzinha,
Ia a casa de Chiquinha
Já cum mardósa intenção...
Na cunversa qui travaram,
Os óios, se encontraram:...
Tibungo, no coração.
Chico môço da cidade
Cunversa de verdade,
Dotô em tufularia,
Foi devagá se chegando,
Passando a mão alisando
E o priquitinho cedía
O bicho se arrupiava...
Ela, calada deixava,
Gostava daquele trato.
Nisso o amô pôz a canga!
Pôi-se a brincar cum a missanga
De Chico Oio de Gato.
Um brincando, outro alizando
E a missanga amariando
Nisso, um gritinho se ôviu.
Num é qui o priquito-rico,
Teve fome e abriu o bico...
Bufo - a missanga engoliu.
Chico mudô de caminho!
O verde priquitinho
Bateu asas e avuô...
E Chica Passarinheira,
Tá sôrta na buraqueira...
Inté o nome mudô.
De chico ôio de gato
E chica Passarinheira:
Ele, vendia missanga,
Pó de arroz e burundanga;
Era mascate de feira.
Chiquinha, uma roceira
Disposta e trabaiadeira...
Pegava os pásso e vendia.
Porém, tinha um priquito
Muito mansinho e bonito
Qui ela, vendê num queria.
Chico, toda menhanzinha,
Ia a casa de Chiquinha
Já cum mardósa intenção...
Na cunversa qui travaram,
Os óios, se encontraram:...
Tibungo, no coração.
Chico môço da cidade
Cunversa de verdade,
Dotô em tufularia,
Foi devagá se chegando,
Passando a mão alisando
E o priquitinho cedía
O bicho se arrupiava...
Ela, calada deixava,
Gostava daquele trato.
Nisso o amô pôz a canga!
Pôi-se a brincar cum a missanga
De Chico Oio de Gato.
Um brincando, outro alizando
E a missanga amariando
Nisso, um gritinho se ôviu.
Num é qui o priquito-rico,
Teve fome e abriu o bico...
Bufo - a missanga engoliu.
Chico mudô de caminho!
O verde priquitinho
Bateu asas e avuô...
E Chica Passarinheira,
Tá sôrta na buraqueira...
Inté o nome mudô.
segunda-feira, 11 de maio de 2020
domingo, 10 de maio de 2020
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Cecília Meireles
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Cecília Meireles
De quem é esta saudade
que meus silêncios invade,
que de tão longe me vem?
De quem é esta saudade,
de quem?
que meus silêncios invade,
que de tão longe me vem?
De quem é esta saudade,
de quem?
Aquelas mãos só carícias,
Aqueles olhos de apelo,
aqueles lábios-desejo...
E estes dedos engelhados,
e este olhar de vã procura,
e esta boca sem um beijo...
De quem é esta saudade
que sinto quando me vejo?
Gilka Machado
________Em, Velha Poesia, 1965.
Aqueles olhos de apelo,
aqueles lábios-desejo...
E estes dedos engelhados,
e este olhar de vã procura,
e esta boca sem um beijo...
De quem é esta saudade
que sinto quando me vejo?
Gilka Machado
________Em, Velha Poesia, 1965.
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