O livro (titulo acima), publicado em 2003 é de autoria do escritor Valério Mesquita. Aquela obra literária recebi de Valério com a seguinte dedicatória: "Ao Fernando Caldas, com a admiração e a satisfação de prefaciar o seu livro "Renato Caldas de Cabo a Rabo".
Naquela edição, Valério faz referências aos escritores potiguares do Assu como Celso Da Silveira (já falecido) e João Batista Machado, ambos merecedores de muitas honrarias que nunca pediram aos assuenses e ao Rio Grande do Norte, mas que tanto merecem.
Quero, portanto, deixar registrado que nós assuenses precisamos lembrar mais os nossos poetas, escritores e jornalistas que dignificam e engrandecem a literatura, a cultura e a História do Rio Grande do Norte. Vamos conferir o que disse o escritor Mesquita sobre Celso e Machadinho, respectivamente:
50 ANOS DE "ARTES"
É o título jocoso e lírico da exposição que o escritor Celso da Silveira exibe na Capitania das Artes, de 22 de abril a primeiro de maio.
Celso é um patrimônio vivo da Cidade de Natal. Desde a sua vida boêmia ao lado de Berilo Wanderley, Luís Carlos Guimarães, Newton Navarro, Sanderson Negreiros, Veríssimo de Melo, José Melquíades, Albimar Marinho, Djalma Maranhão e tantos outros
que a memória não alcança, passando por Câmara Cascudo, o bardo assuense assinalou a sua presença na poesia, na vida pública, na trova, no teatro, na literatura, na pesquisa, no jornalismo, com inteligência, criatividade e bom humor.
O gordo é uma expressão lídima de ecletismo cultural que não tem similar na atual geração de intelectuais. Certa vez, perguntei-lhe por que nunca se candidatou à Academia de Letras. "Para preservar a minha rebeldia. Quero caminhar livre e independente", respondeu com aquele sotaque do tempo do Solar da Baronesa do Vale do Assu. Celso nunca renegou as suas raízes telúricas. Sente-se bafejado pelo vento carpidor e inspirador da "terra dos poetas", que produziu Moisés Sesiom, Renato Caldas e Chisquito.
Lembro-me, quando assumi a Presidência da Fundaçõa José Augusto, em outubro de 1980, ao terminar o discurso de posse, Celso quebrou o protocolo e pediu a palavra. Tomei um susto. Logo imaginei que podia ser esquisitice de poeta, exatamente no momento inaugural de minha estréia. E na presença das mais altas autoridades do dito mundo intelectual e administrativo de Natal, Celso me deu "conselhos" de forma desembaraçada e desimpeida. Mais um ponto para a sua marca registrada, a sua logomarca: a irreverência. Depois, pegue "whisky", ao lado de Evilásio Leão de Moura, Racine Santos sob o olhar de mormaço de Deífilo Gurgel.
Se o eleitor desejar saber sobre o que Celso da Silveira escreveu, aproveite os últimos dias da exposição. Vá à Capitania das Artes. Afinal, são cinquenta anos de "artes" que esse gordo travesso produziu e que teve por um tempo, em sua vida, uma estrela guia, estrela manhã, lânguida anunciadora do dia e da poesia: Myrian Coli, que lá está, também.
MACHADO NO IHGRN
A formação jornalística de Machado de Assis moldou-lhe o estilo e a visão do Brasil do seu tempo. Câmara Cascudo, o grande Cascudo, inesgotável na abrangência de sua obra, aprimorou o seu estilo, inconfundível, leve, aliciante, conciso e agradável, ao escrever, diariamente, as suas "Actas Diurnas". Ali, nas páginas inesquecíveis da "República", está, dia a dia, a História do nosso povo, de nossa sociedade, por um período marcante do século XX. Mas também os sentimentos humanos que adquiriram e revelaram sua abrangência universal. Refiro-me ao sentir e ao sonhar dos povos, em escala planetária, entre duas grandes guerras, no transcorrer da Segunda Guerra Mundial e a construção de um novo mundo após, o cataclisma de destruição gerado pelo ódio e pela insanidade dos homens.
Eis o universo, complexo e desafiador da vida profissional de João Batista Machado. Aquele rapaz, inquieto e idealista, que deixou a sua querida cidade de Assu, na década de 1960, para realizar seus sonhos em Natal. sua vocação se revelou espontaneamente. Foi uma opção de vida. Seu salto para a maturidade, exaurindo prematuramente sua adolescência, ocorreu ao exercitar o jornalismo na tribuna do norte. Nos anos 70, jornalista reconhecido e disputado, realizando inesquecíveis reportagens e entrevistas com os grandes homens públicos do Estado, encontrava-se no primeiro time do Diário de Natal. Naqueles tempos, o jornalista, além do compromisso com a verdade e a preservação de sua dignidade profissional, tinha que conviver com os constrangimentos emanados da conjuntura político-institucional. João Batista Machado jamais sucumbiu nos seus vales e nos seus compromissos ético-profissionais.
Cascudo, comentando em tom jocoso o quotidiano do viver em Natal, dizia que "nesta cidade tudo se vê, tudo se ouve, nada se esconde". O conceito profissional como jornalista digno e competente foi o referencial que levou o governador Tarcísio Maia a convidar João Batista Machado para assumir e exercer em seu governo o cargo de Assessor de Imprensa. Do mesmo modo nos governos de José Agripino, Maia, Radir Pereira, e Vivaldo Costa. Também exerceu o cargo de Assessor de Imprensa da Federação do Comércio do Rio Grande do Norte e do sistema SESC/SENAC. Atualmente é Diretor de Comunicação Social do Tribunal de Contas do Estado.
Carlos Castelo Branco, que, através de sua coluna diária no "Jornal do Brasil", registrou e analisou a nossa História em 50 anos do século XX, dizia que o jornalista é ao mesmo tempo personagem e espectador da História.
E por falar em Castelinho, o genial jornalista que reinventou o jornalismo político no país com brilho e credibilidade informativa, devo dizer que o João Batista Machado também assim procedeu com relação ao Rio Grande do Norte, tanto através de suas reportagens ao longo do tempo, como através dos seus livros. E registro, igualmente, a simpatia e apreço que o pequeno grande jornalista piauiense, devotava ao seu colega de Assu, amizade construída em Natal em 1982, quando aqui veio em missão profissional, deixando os dois, como não poderia deixar de ser, pelos bares e restaurantes natalenses, a marca registrada do consumo do melhor escocês. Quatro anos depois, Machado precisou retificar uma notícia veiculada na célebre coluna de Castelo no Jornal do Brasil a respeito da política do RN. E para merecer uma acolhida "in totum", nessa coluna, só quem desfrutasse efetivamente de prestígio político e cultural ou de estima pessoal do renomado jornalista. O nosso João Batista ocupou o espaço que a amizade e a admiração do seu colega lhe permitiam na edição do Jornal do Brasil de quarta-feira, 17 de setembro de 1986, através da transcrição de um longo esclarecimento.
João Batista Machado fez História. Seus livros, todos eles, preservam a memória política do nosso Estado. Dá-lhe vigor e autenticidade. Assim se sucederam "De 35 ao AI-5", "Política no atacado e no varejo", Anotações de um repórter político", "Como se fazia governador durante o regime militar", Anotações de um repórter político", Como se fazia governador durante o regime militar", "1960: Explosão de paixão e ódio" e "perfil da República no Rio Grande do Norte. A sair, Testemunhas de Ausentes (48 perfis).
A vida profissional e a obra de João Batista Machado, limpo e isento, há muito tempo, tornaram-no membro desta casa. Sua posse formal, pública e solene, é apenas mais um gesto de reconhecimento e gratidão da sociedade a quem tanto ilustra e honra, com seu exemplo de jornalista ético e competente, de uma conduta pessoal feita de dignidade, e sua obra, documento vivo e imperecível da nossa História.
Naquela edição, Valério faz referências aos escritores potiguares do Assu como Celso Da Silveira (já falecido) e João Batista Machado, ambos merecedores de muitas honrarias que nunca pediram aos assuenses e ao Rio Grande do Norte, mas que tanto merecem.
Quero, portanto, deixar registrado que nós assuenses precisamos lembrar mais os nossos poetas, escritores e jornalistas que dignificam e engrandecem a literatura, a cultura e a História do Rio Grande do Norte. Vamos conferir o que disse o escritor Mesquita sobre Celso e Machadinho, respectivamente:
50 ANOS DE "ARTES"
É o título jocoso e lírico da exposição que o escritor Celso da Silveira exibe na Capitania das Artes, de 22 de abril a primeiro de maio.
Celso é um patrimônio vivo da Cidade de Natal. Desde a sua vida boêmia ao lado de Berilo Wanderley, Luís Carlos Guimarães, Newton Navarro, Sanderson Negreiros, Veríssimo de Melo, José Melquíades, Albimar Marinho, Djalma Maranhão e tantos outros
que a memória não alcança, passando por Câmara Cascudo, o bardo assuense assinalou a sua presença na poesia, na vida pública, na trova, no teatro, na literatura, na pesquisa, no jornalismo, com inteligência, criatividade e bom humor.
O gordo é uma expressão lídima de ecletismo cultural que não tem similar na atual geração de intelectuais. Certa vez, perguntei-lhe por que nunca se candidatou à Academia de Letras. "Para preservar a minha rebeldia. Quero caminhar livre e independente", respondeu com aquele sotaque do tempo do Solar da Baronesa do Vale do Assu. Celso nunca renegou as suas raízes telúricas. Sente-se bafejado pelo vento carpidor e inspirador da "terra dos poetas", que produziu Moisés Sesiom, Renato Caldas e Chisquito.
Lembro-me, quando assumi a Presidência da Fundaçõa José Augusto, em outubro de 1980, ao terminar o discurso de posse, Celso quebrou o protocolo e pediu a palavra. Tomei um susto. Logo imaginei que podia ser esquisitice de poeta, exatamente no momento inaugural de minha estréia. E na presença das mais altas autoridades do dito mundo intelectual e administrativo de Natal, Celso me deu "conselhos" de forma desembaraçada e desimpeida. Mais um ponto para a sua marca registrada, a sua logomarca: a irreverência. Depois, pegue "whisky", ao lado de Evilásio Leão de Moura, Racine Santos sob o olhar de mormaço de Deífilo Gurgel.
Se o eleitor desejar saber sobre o que Celso da Silveira escreveu, aproveite os últimos dias da exposição. Vá à Capitania das Artes. Afinal, são cinquenta anos de "artes" que esse gordo travesso produziu e que teve por um tempo, em sua vida, uma estrela guia, estrela manhã, lânguida anunciadora do dia e da poesia: Myrian Coli, que lá está, também.
MACHADO NO IHGRN
A formação jornalística de Machado de Assis moldou-lhe o estilo e a visão do Brasil do seu tempo. Câmara Cascudo, o grande Cascudo, inesgotável na abrangência de sua obra, aprimorou o seu estilo, inconfundível, leve, aliciante, conciso e agradável, ao escrever, diariamente, as suas "Actas Diurnas". Ali, nas páginas inesquecíveis da "República", está, dia a dia, a História do nosso povo, de nossa sociedade, por um período marcante do século XX. Mas também os sentimentos humanos que adquiriram e revelaram sua abrangência universal. Refiro-me ao sentir e ao sonhar dos povos, em escala planetária, entre duas grandes guerras, no transcorrer da Segunda Guerra Mundial e a construção de um novo mundo após, o cataclisma de destruição gerado pelo ódio e pela insanidade dos homens.
Eis o universo, complexo e desafiador da vida profissional de João Batista Machado. Aquele rapaz, inquieto e idealista, que deixou a sua querida cidade de Assu, na década de 1960, para realizar seus sonhos em Natal. sua vocação se revelou espontaneamente. Foi uma opção de vida. Seu salto para a maturidade, exaurindo prematuramente sua adolescência, ocorreu ao exercitar o jornalismo na tribuna do norte. Nos anos 70, jornalista reconhecido e disputado, realizando inesquecíveis reportagens e entrevistas com os grandes homens públicos do Estado, encontrava-se no primeiro time do Diário de Natal. Naqueles tempos, o jornalista, além do compromisso com a verdade e a preservação de sua dignidade profissional, tinha que conviver com os constrangimentos emanados da conjuntura político-institucional. João Batista Machado jamais sucumbiu nos seus vales e nos seus compromissos ético-profissionais.
Cascudo, comentando em tom jocoso o quotidiano do viver em Natal, dizia que "nesta cidade tudo se vê, tudo se ouve, nada se esconde". O conceito profissional como jornalista digno e competente foi o referencial que levou o governador Tarcísio Maia a convidar João Batista Machado para assumir e exercer em seu governo o cargo de Assessor de Imprensa. Do mesmo modo nos governos de José Agripino, Maia, Radir Pereira, e Vivaldo Costa. Também exerceu o cargo de Assessor de Imprensa da Federação do Comércio do Rio Grande do Norte e do sistema SESC/SENAC. Atualmente é Diretor de Comunicação Social do Tribunal de Contas do Estado.
Carlos Castelo Branco, que, através de sua coluna diária no "Jornal do Brasil", registrou e analisou a nossa História em 50 anos do século XX, dizia que o jornalista é ao mesmo tempo personagem e espectador da História.
E por falar em Castelinho, o genial jornalista que reinventou o jornalismo político no país com brilho e credibilidade informativa, devo dizer que o João Batista Machado também assim procedeu com relação ao Rio Grande do Norte, tanto através de suas reportagens ao longo do tempo, como através dos seus livros. E registro, igualmente, a simpatia e apreço que o pequeno grande jornalista piauiense, devotava ao seu colega de Assu, amizade construída em Natal em 1982, quando aqui veio em missão profissional, deixando os dois, como não poderia deixar de ser, pelos bares e restaurantes natalenses, a marca registrada do consumo do melhor escocês. Quatro anos depois, Machado precisou retificar uma notícia veiculada na célebre coluna de Castelo no Jornal do Brasil a respeito da política do RN. E para merecer uma acolhida "in totum", nessa coluna, só quem desfrutasse efetivamente de prestígio político e cultural ou de estima pessoal do renomado jornalista. O nosso João Batista ocupou o espaço que a amizade e a admiração do seu colega lhe permitiam na edição do Jornal do Brasil de quarta-feira, 17 de setembro de 1986, através da transcrição de um longo esclarecimento.
João Batista Machado fez História. Seus livros, todos eles, preservam a memória política do nosso Estado. Dá-lhe vigor e autenticidade. Assim se sucederam "De 35 ao AI-5", "Política no atacado e no varejo", Anotações de um repórter político", "Como se fazia governador durante o regime militar", Anotações de um repórter político", Como se fazia governador durante o regime militar", "1960: Explosão de paixão e ódio" e "perfil da República no Rio Grande do Norte. A sair, Testemunhas de Ausentes (48 perfis).
A vida profissional e a obra de João Batista Machado, limpo e isento, há muito tempo, tornaram-no membro desta casa. Sua posse formal, pública e solene, é apenas mais um gesto de reconhecimento e gratidão da sociedade a quem tanto ilustra e honra, com seu exemplo de jornalista ético e competente, de uma conduta pessoal feita de dignidade, e sua obra, documento vivo e imperecível da nossa História.