O jornal intitulado Circulador, nº 17, março - 2008 (matéria intitulada Expoentes Poéticos do Rio Grande do Norte), Pág. 7, editado pela Fundação José Augusto, Natal, lembra com muita justiça o grande poeta assuense de Goianinha (RN) chamado João Lins Caldas. O texto transcrito abaixo é de autoria do poeta e escritor Marcos Ferreira em "Breviário da Poesia Norte-Rio-Grandense", ainda inédito. Vejamos:
"Nascido no município de Goianinha, RN, no dia 1º de agosto de 1888, João Lins Caldas é mais um dos grandes injustiçados da literatura norte-rio-grandense. Ainda hoje, passados mais de quarenta anos de sua morte, o conturbado homem de engenho e sonetista de escol permanece num vergonhoso esquecimento. Afora a publicação de "Poética" (1975), antologia postumamente organizada por Celso da Silveira, nada mais o Rio Grande do Norte fez pela sua obra e memória. Sem livros publicados em vida, marginalizado e ignorado em seu próprio Estado, sua poesia jamais se ajustou a nenhuma escola ou vertente literária. Quando muito, constato ao longo dos seus versos um modernismo simbolicamente parnasiano. No Rio de Janeiro, para onde se transferiu em 1912, João Lins Caldas viveu dias incertos e padeceu privações. Colaborou com os principais veículos de comunicação daquela época, a exemplo do jornal "O Malho" e da revista "Fon-Fon". Na Cidade Maravilhosa, entre outros, tornou-se amigo do romancista José Geraldo Vieira, de quem reproduzo o seguinte testemunho: "Pobre, emigrado do Nordeste, conheci-o ao tempo de Lima Barreto, Hermes Fontes e Antônio Torres, na porta da Garnier. Trabalhava como revisor de jornais à noite; vivia na Biblioteca Nacional, de tarde; almoçava e jantava sanduíches de mortadela e caldo de cana, na Galeria Cruzeiro. De volta à terra natal, trazia na bagagem inúmeros desenganos e vasta produção inédita. Entre seus livros não publicados, Rômulo Wanderley menciona "Deus Tributário", "Casa de Pássaros" e "Pulso de Febre". Esquecido e ignorado pela intelectualidade potiguar, João Lins Caldas faleceu em Assu aos 19 de maio de 1967".
LIVRO PERDIDO
Eu tinha o livro irmão desses cadernos,
Que tenho hoje espalhados na gaveta
Era escrito por mim com tinta preta
Tinha sonetos amorosos, ternos...
Branco, continha os madrigais eternos
Que nos lembra a saudade de um poeta...
Nele brilhava, lânguida, secreta
Toda min'halma de gelidez de invernos...
Um dia o livro me caiu dos dedos...
Arrastando consigo os meus segredos
Foi-se esse raio do meu morto brilho...
Fui procurá-lo loucamente aflito
E pela estrada ressoou meu grito
Lembrando um pai que procurasse o filho...
"Nascido no município de Goianinha, RN, no dia 1º de agosto de 1888, João Lins Caldas é mais um dos grandes injustiçados da literatura norte-rio-grandense. Ainda hoje, passados mais de quarenta anos de sua morte, o conturbado homem de engenho e sonetista de escol permanece num vergonhoso esquecimento. Afora a publicação de "Poética" (1975), antologia postumamente organizada por Celso da Silveira, nada mais o Rio Grande do Norte fez pela sua obra e memória. Sem livros publicados em vida, marginalizado e ignorado em seu próprio Estado, sua poesia jamais se ajustou a nenhuma escola ou vertente literária. Quando muito, constato ao longo dos seus versos um modernismo simbolicamente parnasiano. No Rio de Janeiro, para onde se transferiu em 1912, João Lins Caldas viveu dias incertos e padeceu privações. Colaborou com os principais veículos de comunicação daquela época, a exemplo do jornal "O Malho" e da revista "Fon-Fon". Na Cidade Maravilhosa, entre outros, tornou-se amigo do romancista José Geraldo Vieira, de quem reproduzo o seguinte testemunho: "Pobre, emigrado do Nordeste, conheci-o ao tempo de Lima Barreto, Hermes Fontes e Antônio Torres, na porta da Garnier. Trabalhava como revisor de jornais à noite; vivia na Biblioteca Nacional, de tarde; almoçava e jantava sanduíches de mortadela e caldo de cana, na Galeria Cruzeiro. De volta à terra natal, trazia na bagagem inúmeros desenganos e vasta produção inédita. Entre seus livros não publicados, Rômulo Wanderley menciona "Deus Tributário", "Casa de Pássaros" e "Pulso de Febre". Esquecido e ignorado pela intelectualidade potiguar, João Lins Caldas faleceu em Assu aos 19 de maio de 1967".
LIVRO PERDIDO
Eu tinha o livro irmão desses cadernos,
Que tenho hoje espalhados na gaveta
Era escrito por mim com tinta preta
Tinha sonetos amorosos, ternos...
Branco, continha os madrigais eternos
Que nos lembra a saudade de um poeta...
Nele brilhava, lânguida, secreta
Toda min'halma de gelidez de invernos...
Um dia o livro me caiu dos dedos...
Arrastando consigo os meus segredos
Foi-se esse raio do meu morto brilho...
Fui procurá-lo loucamente aflito
E pela estrada ressoou meu grito
Lembrando um pai que procurasse o filho...
Um comentário:
Oi, senhor. Eu achei um poema de João Lins Caldas, um soneto, chamado Últimos Eleitos, publicado no Correio de Bauru (1925) Gostaria de confirmar se esse poema já se encontra em sua obra publicada ou se há algo que eu deva fazer para "registrá-lo".
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