sábado, 19 de julho de 2008

JORGE FERNANDES, UM POETA MODERNISTA

O vate natalense Jorge Fernandes (1887-1953) é um dos precursores da poesia moderna no Brasil. Ele era proprietário do Café Magestic, um bar aristocrático e popular que funcionava no bairro Ribeira, da cidade do Natal. Naquele recinto também funcionava a célebre Diocésia, espécie de academia literária. Os poetas como Jayme Wanderley, Renato Caldas, o folclorista Luiz da Câmara Cascudo, era uns dos seus integrantes. Fernandes colaborou em jornais como A República, entre outros da capital potiguar, bem como nas revistas intituladas O Tempo, Pax, O Potiguar (hoje nome de um jornal cultural da cidade natalense). O poeta escrevia versos clássicos e depois virou poeta dos versos brancos, sem métrica, além de ter escrito obras teatrais. O seu livro de estreia intitulado de "Livro de Poemas", foi publicado em 1927, onde vamos encontrar poemas como o intitulado "Rede", que veremos adiante, para o nosso deleite:

Emboladora do sono...
Balanços dos alpendres e dos ranchos...
Vai e vem nas modinhas longorosas...
Vai e vem de embalos e canções...
Professora de violões..
Tipóia dos amores nordestinos...
Grande... longa e forte. pra casais
Berço de grande raça

SUSPENÇA...

Guardadoras de sonhos
Pra madorna ao meio-dia
Grande... côncova...
Lá no fundo dorme um bichinho...
- ô... ô... ô... ôô... ôôôôôôôôô...

- Balança o punho pro menino durmir...

Bem como este outro poema sob o título Remanescente, transcrito abaixo:

Sou como antigos poetas natalenses
Ao ver o luar sobre as dunas...
Onde estão as falanges desses mortos?
E as cordas de violões que eles vibraram?
- Passaram...
E a lua deles ainda resplandece
Por sobre a terra que os tragou
E a terra ficou
E eles passaram!
E as namoradas deles?

E as namoradas?
São espectros de sonhos...
Foram braços roliços que passaram!
Foram olhos fatais que se fecharam!

Ah! Eu sou a remenescença dos poetas
Que morreram cantando...
Que morreram lutando...
Talvez na guerra contra o Paraguay!










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