A cassação de Aluízio Alves, completa 40 anos. Era uma sexta-feira, como hoje, próximo ao carnaval. O clima político atingia o auge com as ações, cada vez mais violentas, especialmente, no que se prendia à cassação dos direitos políticos e o clima de incerteza aterrorizava. Aluízio, deputado da Arena, que apoiava o governo militar, não foi poupado, mesmo com a garantia do Marechal Castelo Branco, quando comandava o regime, que "Dr. Aluízio Alves, só será cassado com a conclusão de um inquérito militar..."
Era visível pelo que se publicava em todos os órgãos da imprensa, a guerrida TRIBUNA DO NORTE, sob o comando editorial e operacional do redator Cassiano Arruda e Francisco Macedo, colunista/jornalista Woden Madruga (supervisor de produção) fazendo com que o jornal não deixasse de circular. Faltava a TRIBUNA papel, tinta, pessoal (linotipista, principalmente) e mais ainda, o principal, que eram os anunciantes.
Manchetes "audaciosas", como a que causou rebuliço ("Mengo quer derrubar Presidente"...), mas depois de minucioso "estudo dos censores", verificou-se que torcedores do Flamengo queriam a cabeça do "presidente Veiga Brito... O voo orbital americano ocupava grandes espaços: a possível falta de "cerveja e gelo" para o carnaval/69. Chegada de navio State of Mane; a vinda de Garincha para jogar em Natal e Woden em sua coluna deu destaque à festa dos 13 anos do cartão Diners Clube, comandado pelo empresário Expedito Rezende, do Piaui, e o restante, em todas as folhas, eram noticiadas as "amenidades".
Além do clima político, a temperatura ambiente, na Cova da Onça, registrava em 32* até 38* Celsius, haja calor... na Ribeira.
Desde que Aluízio Alves participou, aos 11 anos, da instalação do Partido Popular de Dr. José Augusto, muitas coincidências marcaram sua passagem em todas as atividades desenvolvidas. Voltemos ao negro 7 de fevereiro de 1969. Os cinemas locais exibiam naquela data, os seguintes filmes no cinema Poti, "O caçador de Aventuras", no Nordeste, "A baia da Emboscada"; no Rex, "Assim Morreu os Bravos; no São Luiz; "Audácia dos Homens Sem Lei"; no Rio Grande; "O Colt Assassino"; no Panorama, "Arizona Colt".
A agência Transpress, que atendia à TRIBUNA, insistia em noticiar "Cassações Poderão chegar a 100" (04.02.1969). O ambiente devidamente preparado para a edição de 08.02.69, que, sem nenhum destaque, a TN cumpriu o dever de divulgar: "Governo Cassou Ontem 34"... dentre eles Aluízio Alves, Erivan França, Bernardo Cabral, Ney Maranhão, Pedro Gondim, Senador Arthur Virgílio, e outros. No mesmo ato do Conselho de Segurança Nacional, ocorreu o "recesso" das Assembléias Legislativas da Guanabara, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe.
Tudo isso sob a égide acusatória contrariaram os princípios éticos fundamentais...
Esta vigorosa Tribuna do Norte não cerrou suas portas e máquinas pela coragem de José Gobat e Agnelo (não podiam "constar no expediente" do jornal) enfrentaram os momentos dificílimos quando contaram com amigos e empresários como Geraldo Santos, Wober Lopes, que deram suporte contra ás restrições oficiais. O corpo de funcionários da redação e da impressão, tendo à frente o chefe Baltazar Pereira, Nezinho, José Meira (ainda hoje no batente), João Petro, Helder, Ivanildo.
Para finalizar: mais coincidências na vida de Aluízio Alves hoje, 40 anos de cassação, Bodas de Esmeralda, que vem a ser uma pedra verde e altamente valorizada...
Por Luiz Antônio Porpino
(Transcrito da Tribuna do Norte, 07.2.2009)
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