Gilberto Avelino (1928 - ) era natural de Assu. Mas a sua terra amada era Macau, importante cidade do litoral potiguar, onde chegou ainda menino novo, em companhia de seus pais. Herdara do seu genitor Edinor Avelino, o dom da poesia. Gilberto era brilhante orador e advogado, poeta lírico, prosador. Sobre a terra macauense, onde ele radicou-se, escreveu numa feliz inspiração: "Esta é a terra que amo. De rio em preamar, sereno, onde entre ferrugens e sombras, descansam âncoras, e navegam fantasmas de barcos cinzentos." Ele era membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da Academia Norte-riograndense de Letras, cadeira número 35 (que tem como patrono o poeta Juvenal Antunes), substituindo seu pai. O poeta Avelino (por que não catalogá-lo também como bardo assuense?) estreou nas letras potiguares na década de setenta, publicando o livro sob o título "Moinho e O Vento", 1977. Ele é da geração dos poetas Berilo Wanderley, Zila Mamede, Celso da Silveira, dentre outros. Publicou também os livros intitulados "O Navegador e o Sextante", 1980, "Os Pontos Cardeais", 1982, "Elegias do Mar Aceso em Lua", 1984, "O Vento Leste", 1986, "Além das Salina", 1990 e "As Marés e a Ilha", 1995. Deu a sua colaboração em diversos jornais de Natal e do Recife, como Diário de Pernambuco. Formou-se em direito pela Faculdade de Direito de Alagoas, em 1955. No seu livro Os Pontos Cardeais, transcrevo abaixo o poema intitulado "A Ilha e a Lenda", que diz assim:
Aos ventos da foz do rio Açu erguida,
e tendo o nome do seu sesmeiro
Manuel Gonçalves, resistia a ilha -
flor sangrando em meio às marés
altas de sizígia. O mar vinha em espumas
de fogo, e levava, em velozes carrocéis,
pedaço por pedaço do seu chão salgado,
e ante o qual, por amplo tempo, brando
cantara. Luminosas cicatrizes refloresciam
na carne dos seus pacíficos moradores
(pescadores e salineiros). E lhes doía
a última visão - sol em sossego do poente,
que se apagava das casas e pequenas ruas,
onde ressoavam ainda os seus longos
passos. O mar, incandescendo-se de azuis,
a ilha escondeu entre ondas
ardentes e porões abissais que construíra.
Em noites de lua de agosto, quando
o mar reveste-se de brancos algodoais,
os pescadores escutam cantos de sino
que vêm da capelinha insepulta,
e identificam a voz -
tão leve, bela e pura,
da virgem da Conceição falando às águas.
blogdofernandocaldas.blogspot.com
fernando.caldas@bol.com.br
Aos ventos da foz do rio Açu erguida,
e tendo o nome do seu sesmeiro
Manuel Gonçalves, resistia a ilha -
flor sangrando em meio às marés
altas de sizígia. O mar vinha em espumas
de fogo, e levava, em velozes carrocéis,
pedaço por pedaço do seu chão salgado,
e ante o qual, por amplo tempo, brando
cantara. Luminosas cicatrizes refloresciam
na carne dos seus pacíficos moradores
(pescadores e salineiros). E lhes doía
a última visão - sol em sossego do poente,
que se apagava das casas e pequenas ruas,
onde ressoavam ainda os seus longos
passos. O mar, incandescendo-se de azuis,
a ilha escondeu entre ondas
ardentes e porões abissais que construíra.
Em noites de lua de agosto, quando
o mar reveste-se de brancos algodoais,
os pescadores escutam cantos de sino
que vêm da capelinha insepulta,
e identificam a voz -
tão leve, bela e pura,
da virgem da Conceição falando às águas.
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