quinta-feira, 8 de outubro de 2009

PATATIVA DO ASSARÉ NO ASSU



Em 1995 a convite do empresário Manuel Dantas (da empresa de fruticultura FRUNORTE), o afamado poeta cearense Patativa do Assaré esteve na cidade de Assu onde foi recebido por funcionários daquela empresa e várias autoridades locais. Na fotografia, esquerda para direita vejamos o contabilista Cornélio Soares, além dos vereadores da Câmara Municipal do Assu Nelson Inácio dos Santos Jr., Carlos Alberto Bezerra e o radialista Edmilson da Silva. Naquela ocasião Patativa fez elogios ao poeta assunse Renato Caldas. Vejamos o poema deste grande bardo da literatura popular brasileira, intitulado O Poeta da Roça, que diz assim:

Sou fio das matas, cantadô mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha choupana é tapada de barro,
Se fumo cigarro de páia de mio.

Sou poeta das brenha, não faço papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.

Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastêro, singelo e sem graça.
Não entra na praça, no rico salão.
Meu verso só canta no campo e na roça
Nas pobres paióça, da serra ao sertão.

Só canto o buliço da vida apertada,
Da lida pesada, da roça e do eito.
E ás vez, recordando a feliz mocidade,
Canta uma sodade que mora em meu peito.

Eu canto o cabôco com suas caçada,
Nas noite assombrada que tudo apavora,
Por dentro da mata, com tanta corage
Topando a visage chamada caipora.

Eu canto o vaquêro vestido de côro,
Brigando com o tôro no mato fechado,
Que pega na ponta do brabo navio,
Ganhando lugio do dono do gado.

Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home
E tomba de fome, sem casa e sem pão.

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Morando no campo, sem vê a cidade,
Cantando as verdade das coisa do norte.

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