segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

ME DÁ UM DINHEIRO AÍ

No município do Assu, na década de cinquenta, sessenta e setenta, disputava a liderança do Vale do Assu os deputados estaduais chamados Olavo e Edgard Montenegro. Olavo tinha fama de gastador e Edgard de 'pão duro" , no  dizer popular. O muito exigente, vendia o voto por um prato de comida no dia da eleição (ficavam encurralados), por um sapato, uma camisa, uma calça, dentadura e outros bichos. Pois bem, numa certa eleição o combativo deputado Olavo disputava a reeleição, bem como Edgard. Os organizadores da campanha deste último saíram pelo comércio da cidade, para conseguir algum dinheiro e, consequentemente, ajudar a sua reeleição a assembléia legislativa estadual. O primeiro a ser abordado fora o compadre e amigo de Edgard chamado Manoel de Camilo também tido na cidade como 'pão duro'. Aqueles organizadores disseram a ele, Manoel, que Edgard logo após a eleição devolveria a quantia que ele pudesse arranjar. Dito e feito. Camilo arranjou uma quantia significante e, passaram as eleições, um mês, dois, e nada de Manoel ter o retorno da quantia emprestada. Veio o mês de fevereiro, carnaval no Clube Municipal (altos da prefeitura) Edgard dançava com os amigos cada um com a mão no ombro de cada um, dançando circulando pelo salão. Foi então quando a orquestra começou a tocar o frevo canção que diz assim: "Ei você aí, me dá um dinheiro aí me dá um dinheiro aí". Manoel de Camilo aproveitando a oportunidade cobrou ao velho compadre (inocente com o referido empréstimo) batendo forte em seu ombro acompanhando o rítimo daquela música dizendo em voz alta ao pé do ouvido de Edgard de tal modo: "Ei compadre aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí". É que em carnaval de tudo acontece!

Em tempo: Essa estória não tem o sentido de denegrir a imagem de Edgard Montenegro, absolutamente. O povo do Assu conhece da sua integridade absoluta. Tenho por ele, além dos laços de parentescos que nos une, uma grande admiração e respeito. O sentido dessa estória é apenas humorístico.

Fernando Caldas



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