Com este livro antológico, publicado em 1984, Ezequiel Fonseca Filho - doutor Ezequiel (que foi prefeito do Açu na década de trinta, deputado estadual, presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte nos anos cinquenta),aos 88 anos de idade, estreou nas letras potiguares. Tem prefácio do escritor da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras Manuel Rodrigues de Melo, que transcrevo adiante:
Ezequiel Fonseca Filho é o Historiador da Inteligência do Açu. Natural da "Terra dos Verdes Carnaubais", o autor por exceção não é poeta. As suas preferências intelectuais se fixam mais no rumo da história, da biografia, da pesquisa histórica, sem falar na tendência natural e incoercível que o transformou em médico da sua cidade e da sua gente ao longo de toda a sua vida. Querem uma prova do que afirmo? Aqui está o livro - Poetas e Boêmios do Açu - com que estréia nas letras da Província aos 88 anos de idade. Estréia, não é bem a expressão exata, porque antes já o fizera em trabalhos de merecimento sobre medicina e jornalismo. O que me cabe salientar nessa altura é o que o escritor propriamente dito, preferiu aparecer depois de maduro, em pleno apogeu das suas capacidades mentais. E o livro revela justamente esse traço: nitidez, segurança, conhecimento, sem faltar ali, acolá, um toque de doce humorismo, que anima e vivifica as suas páginas. Na moderna critica brasileira há uma forte tendência no sentido de descobrir até arbitrariamente o gênero das obras que aparecem no mercado livreiro. Não é que já classificaram Os Sertões, de Euclides da Cunha, de romance? O livro de Ezequiel Fonseca Filho não exigirá sem dúvida tanto esforço para saber-se a que gênero pertence, pois é patente o cunho histórico e biográfico que condiciona o seu feitio. São 132 bografias de poetas do Açu, carinhosamente escritas pelo autor, contando episódios da vida e da obra dos biografados, ao lado da citação de versos e poemas de cada poeta estudado.
Paassei vários dias lendo o livro de Ezequiel e confesso que ao virar cada capítulo o fazia sempre tocado de surpresa e curiosidade, tais as nuances que encontrava, quer de estilo, quer de saber por experiência feito, nas suas páginas.
Fiquemos por aqui, e deixemos que o leitor, pondo em uso os dons de inteligêencia e raciocínio que Deus lhe deu, descubra as primícias deste livro, dando-lhe o lugar que merece no contexto da biografia norte-rio-grandense. (Natal, 20 de maio de 1984).
Postado por Fernando Caldas
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
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