Yuno Silva - repórter
“Um povo sem memória é um povo sem história”. A célebre frase, cunhada na década de 1930 pelo poeta, musicólogo, historiador, crítico de arte e pioneiro no campo da etnomusicologia Mário de Andrade (1893-1945), justifica – com todas as letras – o trabalho da pesquisadora Leide Câmara.
Em cartaz na galeria Newton Navarro até o dia 31 de março, o visitante poderá conferir fotos, objetos pessoais, roupas, instrumentos, móveis, livros e discos de artistas potiguares. A mostra abre o projeto “Privado é Público”, promovido pela Fundação José Augusto / Secretaria Extraordinária de Cultura, cuja programação anual já está fechada – mensalmente, a galeria abrigará acervos pessoais com temas variados. Após passar pela galeria da FJA, as exposições circulam pelas Casas de Cultura instaladas no interior do Estado.
Iniciada em 1996, a pesquisa de Leide Câmara remonta um passado recente: “Venho coletando material publicado desde 1904, e uma segunda edição do Dicionário da Música do RN já está sendo planejada”, adianta. A primeira edição, ricamente ilustrada e lançada em 2001, trouxe cerca de 600 verbetes - “Hoje são mais de seis mil”, disse. Em um universo de mais de cinco mil nomes masculinos, a pesquisadora identificou 714 mulheres, entre romanceiras, cantoras, compositoras e instrumentistas.
Também alusiva às comemorações do Dia Internacional da Mulher (8 de março), “a exposição é uma homenagem, e as cerca de 180 fotografias representam a presença das mulheres na cena da música Norte-rio-grandense”.
No acervo, Leide Câmara destaca a sanfona de Chiquinha do Acordeon, vitrolas antigas e referências à Dona Maria Nazaré, de 105 anos completos. “Ela é mãe do cantor Fernando Tovar e tem uma memória privilegiada: ainda sabe de cor as modinhas do início do século passado”, festeja.
E estão todas lá, de Ademilde Fonseca, Glorinha Oliveira, Núbia Lafayete e Terezinha de Jesus, a Valéria Oliveira, Khrystal, Marina Elali, Cida Lobo e Roberta Sá. As poetisas Zila Mamede, Palmira Wanderley e Marize Castro, que tiveram seus poemas musicados, também fazem parte da exposição. “Desde as pianistas do início do século, passando pelas cantoras do rádio dos anos 1950, até as jovens roqueiras da atualidade”, enumera Leide.
Vídeos do Festival do Forte serão recuperados
E não é de hoje que corre sangue de pesquisadora nas veias de Leide Câmara: ela guarda algumas relíquias que ainda não vieram à público. Militante cultural desde sempre, a pesquisadora colaborou com as últimas edições do saudoso Festival de Artes do Forte, no início da década de 1980, e revela que está concluindo a digitalização de imagens da época.
“Poetas, artistas plásticos, cantores, atores... pessoas que estão em plena atividade, ficaram curiosas para assistir esses vídeos. Pretendo editar as imagens para lançar de uma forma que possa dar a devida importância a essa passagem importante da memória cultural da cidade”, disse. Nos planos de Leide, sessão íntima para amigos antes de iniciar a compilação. “Será bacana reunir parte da turma que viveu essa época inesquecível”, finaliza sem querer adiantar muito para não estragar a surpresa.
O Festival de Artes do Forte, formatado a partir de desdobramentos da Galeria do Povo, iniciativa de Eduardo Alexandre (Dunga) que exibia quadros e poemas em um muro na Praia dos Artistas, começou sua trajetória no finalzinho da década de 1970. Inicialmente, toda a programação acontecia dentro da Fortaleza dos Reis Magos. Na metade dos anos 1980, após algumas baixas na equipe original, as apresentações de teatro, dança, música, performances poéticas e exposições seguiram para a Cidade da Criança. “O Festival era, essencialmente, alternativo. E talvez tenha deixado de ser realizado justamente após tentativa de institucionalização”, disse certa vez o poeta Carlos Gurgel, um dos protagonistas do movimento, que teve grande repercussão, inclusive nacional.
agenda 2011
Série de exposições “Privado é Público”, com acervos de pesquisadores e colecionadores do RN
Março: “Mulheres & Leide”, acervo particular de Leide Câmara. Até dia 31, na Galeria da FJA, Av. Jundiaí, Tirol.
Abril: “Paixão de Espinho em Altar de Pedra”, de Ricardo Veriano
Maio: “Luís Carlos Guimarães”, acervo de Leda Guimarães
Junho: “Xananas e Baobás”, de Diógenes da Cunha Lima
Julho: “Augusto Severo”, de Olímpio Maciel
Agosto: “As Cores do Folclore”, de Gutenberg Costa e Daliana Cascudo
Setembro: “Dorian de Dorian”, de Dorian Gray Caldas
Outubro: “A Arte que Convivo”, de Elenir Varela
Novembro: “Sem Título”, de Selma Bezerra
Dezembro e Janeiro/2012: “Presépios Epifania”, de Antônio Marques
Fonte: Tribuna do Norte
“Um povo sem memória é um povo sem história”. A célebre frase, cunhada na década de 1930 pelo poeta, musicólogo, historiador, crítico de arte e pioneiro no campo da etnomusicologia Mário de Andrade (1893-1945), justifica – com todas as letras – o trabalho da pesquisadora Leide Câmara.
emanuel amaralPesquisadora Leide Câmara expõe acervo que mapeia personalidades femininas da música popular e erudita
Incansável em sua missão de identificar, registrar e catalogar parte importante da história musical do Rio Grande do Norte, Câmara compartilha com o público potiguar, durante a exposição “Mulheres & Leide”, fragmentos de seu vasto acervo. Como o próprio título sugere, a exposição faz um recorte da presença feminina na música do RN. Em cartaz na galeria Newton Navarro até o dia 31 de março, o visitante poderá conferir fotos, objetos pessoais, roupas, instrumentos, móveis, livros e discos de artistas potiguares. A mostra abre o projeto “Privado é Público”, promovido pela Fundação José Augusto / Secretaria Extraordinária de Cultura, cuja programação anual já está fechada – mensalmente, a galeria abrigará acervos pessoais com temas variados. Após passar pela galeria da FJA, as exposições circulam pelas Casas de Cultura instaladas no interior do Estado.
Iniciada em 1996, a pesquisa de Leide Câmara remonta um passado recente: “Venho coletando material publicado desde 1904, e uma segunda edição do Dicionário da Música do RN já está sendo planejada”, adianta. A primeira edição, ricamente ilustrada e lançada em 2001, trouxe cerca de 600 verbetes - “Hoje são mais de seis mil”, disse. Em um universo de mais de cinco mil nomes masculinos, a pesquisadora identificou 714 mulheres, entre romanceiras, cantoras, compositoras e instrumentistas.
Também alusiva às comemorações do Dia Internacional da Mulher (8 de março), “a exposição é uma homenagem, e as cerca de 180 fotografias representam a presença das mulheres na cena da música Norte-rio-grandense”.
No acervo, Leide Câmara destaca a sanfona de Chiquinha do Acordeon, vitrolas antigas e referências à Dona Maria Nazaré, de 105 anos completos. “Ela é mãe do cantor Fernando Tovar e tem uma memória privilegiada: ainda sabe de cor as modinhas do início do século passado”, festeja.
E estão todas lá, de Ademilde Fonseca, Glorinha Oliveira, Núbia Lafayete e Terezinha de Jesus, a Valéria Oliveira, Khrystal, Marina Elali, Cida Lobo e Roberta Sá. As poetisas Zila Mamede, Palmira Wanderley e Marize Castro, que tiveram seus poemas musicados, também fazem parte da exposição. “Desde as pianistas do início do século, passando pelas cantoras do rádio dos anos 1950, até as jovens roqueiras da atualidade”, enumera Leide.
Vídeos do Festival do Forte serão recuperados
E não é de hoje que corre sangue de pesquisadora nas veias de Leide Câmara: ela guarda algumas relíquias que ainda não vieram à público. Militante cultural desde sempre, a pesquisadora colaborou com as últimas edições do saudoso Festival de Artes do Forte, no início da década de 1980, e revela que está concluindo a digitalização de imagens da época.
“Poetas, artistas plásticos, cantores, atores... pessoas que estão em plena atividade, ficaram curiosas para assistir esses vídeos. Pretendo editar as imagens para lançar de uma forma que possa dar a devida importância a essa passagem importante da memória cultural da cidade”, disse. Nos planos de Leide, sessão íntima para amigos antes de iniciar a compilação. “Será bacana reunir parte da turma que viveu essa época inesquecível”, finaliza sem querer adiantar muito para não estragar a surpresa.
O Festival de Artes do Forte, formatado a partir de desdobramentos da Galeria do Povo, iniciativa de Eduardo Alexandre (Dunga) que exibia quadros e poemas em um muro na Praia dos Artistas, começou sua trajetória no finalzinho da década de 1970. Inicialmente, toda a programação acontecia dentro da Fortaleza dos Reis Magos. Na metade dos anos 1980, após algumas baixas na equipe original, as apresentações de teatro, dança, música, performances poéticas e exposições seguiram para a Cidade da Criança. “O Festival era, essencialmente, alternativo. E talvez tenha deixado de ser realizado justamente após tentativa de institucionalização”, disse certa vez o poeta Carlos Gurgel, um dos protagonistas do movimento, que teve grande repercussão, inclusive nacional.
agenda 2011
Série de exposições “Privado é Público”, com acervos de pesquisadores e colecionadores do RN
Março: “Mulheres & Leide”, acervo particular de Leide Câmara. Até dia 31, na Galeria da FJA, Av. Jundiaí, Tirol.
Abril: “Paixão de Espinho em Altar de Pedra”, de Ricardo Veriano
Maio: “Luís Carlos Guimarães”, acervo de Leda Guimarães
Junho: “Xananas e Baobás”, de Diógenes da Cunha Lima
Julho: “Augusto Severo”, de Olímpio Maciel
Agosto: “As Cores do Folclore”, de Gutenberg Costa e Daliana Cascudo
Setembro: “Dorian de Dorian”, de Dorian Gray Caldas
Outubro: “A Arte que Convivo”, de Elenir Varela
Novembro: “Sem Título”, de Selma Bezerra
Dezembro e Janeiro/2012: “Presépios Epifania”, de Antônio Marques
Fonte: Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário