domingo, 3 de abril de 2011

EM QUEM FOI MESMO QUE EU VOTEI?

"O cidadão tem o direito de escolher, para a formação dos quadros estatais, candidatos de vida pregressa retilínea". Palavras atribuídas ao Ministro Ayres de Britto, do Supremo Tribunal Federal, ao votar na questão da aplicação retroativa da chamada Lei da Ficha Limpa. Por essa razão, apoia a aplicação retroativa da Lei.
Confesso que não entendi, porque não sei o que é que hoje impede o cidadão de exercer esse seu direito de escolher e votar em candidatos de vida retilínea. Ou será que precisamos de uma lei para nos proibir de votar nos corruptos? nos assassinos? nos estelionatários?
Isso é mesmo que dizer: "proibam a candidatura dos bandidos senão eu voto em um deles">
Ora, o fato de não haver uma lei proibindo patifes e salafrários de serem candidatos NÃO OBRIGA ninguém a votar neles. Basta escolher entre os candidatos aqueles que tenham vida pregressa retilínea. E votar nestes.
Mas também uma coisa é certa: o fato de que um candidato não tenha sido condenado pela Justiça também NÃO GARANTE que ele ou ela tenha uma vida pura como a de um santo, ou uma santa. Pode ser um bandidão que soube fazer as malandragens e conseguiu não ser pilhado.
Portanto, não é uma lei que impede o cidadão de votar em um corrupto. E não é a ausência da Lei que obriga ninguém a votar em um traquinas.
Seria muito interessante descobrir -- diante de tantas pessoas exaltadas querendo a aplicação da lei até em eleições que já passaram -- em quem foi que essas pessoas votaram no último pleito.
Ajudaria muito ao país se cada um levasse as mãos à cabeça e perguntasse a si próprio: "Em quem foi mesmo que EU VOTEI na eleição passada?"
 
Fonte: Catavento, artigo de Geraldo Melo

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