Recordo bem quando conheci o Agnaldo Gurgel de Freitas, era inicio da década de 60, meu pai Inácio Dias de Lacerda era vereador em Assu, sendo um dos tres representantes de Carnaubais, completavam a bancada da nossa Vila: Seu Limeira e Verdí Cortês.
Era um menino que gostava de politica, tendo cultuado essa vontade até os dias presentes, sempre acompanhava meu pai para as sessões legislativas, época em que vereador não tinha remuneração, o mandato era uma forma de servir a comunidade e ponto de referência prestigiosa do parlamentar mirim.
Foi nos bate-papos dos intervalos legislativos que ví seu Agnaldo, um comerciante bem sucedido, um empreendedor do ramo dos negócios, loja de variedades, armazém de secos e molhados, um empresário a moda antiga e por conseguinte um politico demodê.
Seu Agnaldo era do tipo falastrão, conversava pelos cutuvelos, respirava politica, era um tipo radical, irreverente e engraçado, gostava de mostrar serviço aos seus líderes, tinha na pessoa de Dr, Edgar uma profunda veneração, levava conversa, trazia conversa, era um verdadeiro porta-voz do edgazismo assuense.
Uma certa vez lembro que sendo Pedro Borges o presidente da Câmara, papai havia se afastado temporariamente com uma licença de 30 dias para tratar assuntos do seu interesse, o ano era invernoso e papai precisava de um tempo maior pra acompanhar umas máquinas de batimento de palha de carnaúba, sobrevivia da extração do pó e da cera.
Pedro Borges convocou o suplente, o senhor Chiquito Morais, na primeira sessão do período, o vereador convocado contrariou a bancada comandada por seu Pedro Borges, votou a favor de matéria do grupo de Maroquinha, os companheiros ficaram de orelha em pé. Foi aí que surgiu a presença de Agnaldo, mostrando sua capacidade de articulação, veio com manoelzinho Deó, motorista da Câmara, a nossa casa no sitio Timbaúba onde morávamos, sua missão era convencer Papai a retornar de imediato ao posto, seu Chiquito Morais estava votando a favor de Olavo que estava se distanciando da prefeita e Edgar tomando chegada ao grupode seu Costa Leitão.
Tudo acertado, combinado como seria o retorno na sessão seguinte: Foi a primeira vez que vi uma puxada de tapete, seu Pedro Borges raposa velha e ainda orientado por Agnaldo Gurgel, havia instruido papai, só se apresentar depois do inicio da sessão.
Assim foi feito, estava o suplente na sua imponência do cargo, bem vestido, palitó e gravata como mandava o figurino, eis que repente papai apareceu no plenário, imediatamente o presidente da mesa, deu de mãos com um livreto representando o regimento interno assim se pronunciou: Diz o regimento que em qualquer momento ou ocasião, estando o titular do mandato presente a sessão ordinária, cabe ao suplente empossado, levantar-se da cadeira e ceder o lugar ao titular.
Assim sendo está cessada a convocação de Francisco Morais (Chiquito) que deve de imediato dar acento ao senhor Inácio Dias de Lacerda eleito constitucionalmente vereador.
A leitura do artigo improvisado foi o suficiente pra destronar o suplente rebelde aos intedesses da maioria da casa.
Convivi anos depois bem mais próximo seu Agnaldo, fomos companheiros de assesoria do gabinete do deputado Paulo Montenegro, passava horas e horas ouvindo o mestre Agnaldo contando suas façanhas peripécias a respeito da política de Assu, sendo a mais gloriosa a forma de ter seu nome escolhido pra companheiro de chapa do prefeito Sebastião Alves.
Rendo neste suscinto artigo, homenagens ao homem que pagava do seu bolso pra fazer politica em defesa dos outros, assim gostava de afirmar seu Agnaldo em nossos bate-papos da assembléia.
Aproveito o ensejo pra agradecer ao amigo Fanfa pelo envia da foto, estando Agnaldo, pousando ao lado de infuentes pessoas da cidade que foi seu vice-prefeito.
Escrito por aluiziolacerda às 09h08
Nota deste blog: A fotografia é data de 1985.
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