LIÇÕES DE UM VELHO CANTADOR
"O Vale do Açu:
Frase tão pronunciada...
Existe o vale, no nome.
Gritam: terra dos poetas,
Dos verdes carnaubais,
Só há isso e nada mais
E o povo passando fome".
Chico Traira significa o Vale que não conseguiu gritar. O Vale abafado, assistindo de longe os debates paralelos de quem nunca viu um menino querendo comer antes de dormir.
"O Vale possui riqueza?
O Vala possui riqueza:
Mais usando da franqueza
Que o povo aos poucos descobre,
Pois se assim continuar
Uma coisa eu cientifico:
O rico fica mais rico
E o pobre fica mais pobre".
Quando Chico Traíra soube, que dezenas e dezenas de estudantes entre os quais seus filhos) estariam engajados no diagnóstico do Vale, ele não conteve o seu entusiasmo e fez o improviso:
"Poe que quiseram entravar
Tão grande empreendimento?
Aqui só há sofrimento,
Nudez, desemprego e fome;
Pois com o nosso clima incerto
Fartura não se constrói,
Num ano a seca destro,
No outro, a enchente come".
Chico Traíra entendeu que não adianta se decantar o Vale, se ele não está alimentando suficientemente os seus filho. Não adianta construir Mercado do Produtor, sem o produto atravessas sua porta. Chico, num misto de desencanto e revolta, fez este improviso, quentinho, tirado na hora, do forno de sua inteligência:
"Há tempos vem esta terra
À técnica desafiando;
Os anos vão se passando
E os dias ficam mais críticos.
E para que serve este Vale,
Sem trabalho, sem recursos?
Dos repetidos políticos?...
Nota do blog: O texto acima é transcrito do Jornal O Vale, de 28 de junho de 1979, N. 1, cujo periódico era editado pela COMIRGA, sob a direção de José Luiz Silva [Padre Zé Luiz], no início da construção da Barragem Ribeiro Gonçalves ou Barragem do Assu. Fica o registro para os jovens inteligentes do Açu.
Postado por Fernando Caldas
Em Açu, sente-se o povo nos versos de Chico Traíra. Sente-se nos olhos de Chico, um clic de revolta:
"O Vale do Açu:
Frase tão pronunciada...
Existe o vale, no nome.
Gritam: terra dos poetas,
Dos verdes carnaubais,
Só há isso e nada mais
E o povo passando fome".
Chico Traira significa o Vale que não conseguiu gritar. O Vale abafado, assistindo de longe os debates paralelos de quem nunca viu um menino querendo comer antes de dormir.
"O Vale possui riqueza?
O Vala possui riqueza:
Mais usando da franqueza
Que o povo aos poucos descobre,
Pois se assim continuar
Uma coisa eu cientifico:
O rico fica mais rico
E o pobre fica mais pobre".
Quando Chico Traíra soube, que dezenas e dezenas de estudantes entre os quais seus filhos) estariam engajados no diagnóstico do Vale, ele não conteve o seu entusiasmo e fez o improviso:
"Poe que quiseram entravar
Tão grande empreendimento?
Aqui só há sofrimento,
Nudez, desemprego e fome;
Pois com o nosso clima incerto
Fartura não se constrói,
Num ano a seca destro,
No outro, a enchente come".
Chico Traíra entendeu que não adianta se decantar o Vale, se ele não está alimentando suficientemente os seus filho. Não adianta construir Mercado do Produtor, sem o produto atravessas sua porta. Chico, num misto de desencanto e revolta, fez este improviso, quentinho, tirado na hora, do forno de sua inteligência:
"Há tempos vem esta terra
À técnica desafiando;
Os anos vão se passando
E os dias ficam mais críticos.
E para que serve este Vale,
Sem trabalho, sem recursos?
Dos repetidos políticos?...
Nota do blog: O texto acima é transcrito do Jornal O Vale, de 28 de junho de 1979, N. 1, cujo periódico era editado pela COMIRGA, sob a direção de José Luiz Silva [Padre Zé Luiz], no início da construção da Barragem Ribeiro Gonçalves ou Barragem do Assu. Fica o registro para os jovens inteligentes do Açu.
Postado por Fernando Caldas
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