sábado, 11 de junho de 2011

"SERTÃO DE ESPINHO E DE FLOR"

Imagem de Gustavo Adonias

[Trechos do "Sertão de espinho e de flor", 1952, de Othoniel Menezes]

Canto 1 - Sertão de espinho e flor

Sertão selvagem, de Euclides!
Prosaicamente, progrides,
- mas, nada te corrompeu!
Paraíso de minha infância,
ingênua como uma estância
de Casimiro de Abreu!

Toureira de Xique-xique.
Cercadão de pau-a-pique.
Dez léguas de tombador...
Mar de panasco dourado.
Bogari, cravo encarnado.
- SERTÃO DE ESPINHO E FLOR!

Canto 7 - No piso do comboio

Sertão dos meus janeiros!
Cavalos mansos, baixeiros.
Que delícia era viajar,
armando a rede nos ganchos
do alpendre aberto dos ranchos,
- seis dias, pra chegar...

Fazer u'a madrugada!
A tropa, inda estremunhada,
trota no barro da chá...
Vai-se andando... Vai-se andando...
Rósea, a barra vem quebrando...
Chora, no vale a aracuã.

(Rompe-nuvem, baio lindo!
Viaja-se, mesmo dormindo,
no teu dorso embalador!
Teu nome - de avanço e luta -
é uma hibérbole matuta,
chalaça de cantador!

Assim, tardo, é que te quero,
Rompe-nuvem! Que inda espero
volver, tão dócil te sei,
- e, só por matar saudades! -
às serras, ás soledades
do sertão que sempre amei.

Postado por Fernando Caldas

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