terça-feira, 11 de outubro de 2011

LAÇOS POÉTICOS NO PIANO BAR

Yuno Silva - repórter

A histórica conexão entre Brasil e Portugal vai além dos clichês feijoada e caipirinha, bacalhau e vinho do porto. Outros laços que unem esses países ganham harmonias e canções em "Poema Bar", projeto que conjuga poesia e música dos dois continentes. O espetáculo, todo construído a partir de versos assinados por Vinícius de Moraes e Fernando Pessoa, traz o ator Alexandre Borges de volta a Natal nesta terça-feira (véspera de feriado), às 21h, no Teatro Alberto Maranhão, Ribeira. Os ingressos custam R$ 40 e R$ 20 (meia), e estão à venda na bilheteria do próprio TAM.


Editoria Viver/AlexAlexandre Borges conheceu Sílvia Sol, este ano, num show que assistiu no Bar JobimAlexandre Borges conheceu Sílvia Sol, este ano, num show que assistiu no Bar Jobim
No palco, Borges declama e dramatiza poemas enquanto o pianista português João Vasco executa a trilha sonora. A dupla, que escolheu o RN para iniciar a temporada brasileira de "Poema Bar", estará acompanhada pela cantora potiguar Sílvia Sol. A montagem, idealizada por Vasco, é fruto do intercâmbio cultural entre os dois países. Compilação de versos, onde as palavras declamadas pelo ator são emolduradas pelo som do fado, canções brasileiras e harmonias improvisadas, cuja interpretação fica sempre à cargo de uma cantora convidada, a peça celebra a poesia, a música e as mais belas palavras imortalizadas pelos dois poetas.

Até o momento, "Poema Bar", que estreou em junho passado na Casa Fernando Pessoa em Lisboa, foi apresentado apenas em Portugal e na Alemanha; e depois da passagem por Natal, o espetáculo segue para o Rio de Janeiro e se insere na programação que ilustra a semana comemorativa aos 98 anos de nascimento do poetinha falecido em 1980 - Vinícius de Moraes nasceu no Rio dia 19 de outubro de 1913.

Convidada pela produção local para completar o time, Sol interpreta quatro canções durante o espetáculo. "O convite foi obra do acaso: quando o Alexandre Borges esteve em Natal no início de julho com a peça 'Eu te amo', ele visitou o bar e restaurante Jobim, em Petrópolis, justamente por ter relação com o projeto 'Poema Bar', e eu estava lá cantando. Como rolou a proposta da turnê brasileira começar por aqui, Alexandre do Jobim indicou meu nome quando soube que haveria espaço para uma cantora", explicou Sílvia Sol por telefone ao VIVER, pouco antes de entrar em estúdio para ensaiar com Alexandre Borges na tarde de ontem - desde domingo (9), a cantora ensaia as quatro músicas com o pianista. "Durante o ensaio de hoje (ontem), saberei exatamente a dinâmica de minha participação: se ficarei todo tempo no palco, se entro apenas na hora das músicas, que momento são esses", informou Sílvia, que irá interpretar duas letras de Vinícius, "Acalanto da rosa" e "Amor em lágrimas", e os fados "Gaivota" e "Meu amor, meu amor". Na capital potiguar, além de subir no palco do TAM hoje à noite, "Poema Bar" também foi apresentado para uma plateia seleta ontem no bar e restaurante Jobim.

Alexandre Borges, 45, participou com destaque do remake da novela TiTiTi (TV Globo) na pele do afetado costureiro Jacques Le Clerc, conversou pelo telefone com a TN durante seu desembarque no aeroporto internacional Augusto Severo, em Parnamirim. Com simpatia, atendeu a reportagem sem intermediários:

É a primeira vez no Brasil, e depois de Natal vocês seguem para o Rio de Janeiro?
Exatamente. Eu o João Vasco (pianista português), mais uma cantora, fizemos duas vezes em Lisboa (Portugal) e estive também em Colônia, na Alemanha. E estamos vindo para o Brasil aproveitar as comemorações em torno dos 98 anos de nascimento do Vinícius de Moraes. Essa passagem por Natal surgiu em julho, quando estivemos por aqui em temporada com "Eu te amo", e fomos naquele bar e restaurante Jobim - onde tem várias fotos da Bossa Nova do Vinícius -, e surgiu a proposta a partir de um papo informal. Tem tudo a ver com o que estamos fazendo, e acabou que deu tudo certo: estamos aqui!

Alexandre, é uma desafio estar sozinho no palco, para a própria versatilidade do artista?
Então, eu procuro fazer esse projeto de uma maneira bem tranquila, relaxada. São dois poetas que admiro muito, sempre li e não tinha planos realmente de fazer, de levar os dois de uma vez para o teatro. Há uma relação pessoal com eles: conheço bem a obra do Fernando Pessoa, já morei em Portugal; também tenho uma ligação com a família do Vinícius, conheço as filhas, a neta dele, Mariana de Moraes, que cantou conosco em Portugal e vai na temporada no Rio de Janeiro. E tem o lado de apresentar o trabalho deles, as pessoas ouvirem poesia. É um tipo de espetáculo onde convidamos a plateia para ler, participar, é bem aberto. Nada muito fechado, eu mudo de poesia, eu troco a ordem dos poemas - depende do lugar, do clima que está rolando. Então temos todas essas possibilidades para saldar a poesia. Apesar dos momento de improviso, temos um fio condutor.

A participação da Sílvia Sol era coisa já pensada. Faz parte do roteiro do espetáculo convidar uma artista local?
Faz parte sim dos planos esse convite. Na verdade, somos um trio que se completa com uma cantora portuguesa. Ela não pôde viajar conosco aqui para Natal, mas virá participar das apresentações no Rio. É importante temos o sotaque português de Portugal cantando os fados. E trabalhar com artistas de onde nos apresentamos dá uma dinâmica nova a cada apresentação.

Você chegou a ensaiar com a Sílvia?
Estou indo ensaiar agora, mas ela já está preparada. Desde domingo (9) ela está ensaiando com o (João) Vasco, e antes também já tinha recebido as canções para ir tendo familiaridade com as canções.

O espetáculo pode ser classificado como um monólogo musicado, um musical...
Não é um monólogo, a poesia declamada dialoga o tempo todo com a música.

O repertório foi escolha sua ou do pianista?
A direção artística toda é minha, mas a idealização é do Vasco.

Algum novo projeto de novela engatilhado? Comédia ou drama?
Há uma proposta para uma próxima novela das oito, do João Emanoel Carneiro. Gosto do humor, da comédia inserida no dia a dia da vida: as frias que as pessoas se metem, os sufocos que você acaba achando graça. Gosto de lidar com situações dramáticas sempre com um toque de comédia.

Fonte: TN

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