quinta-feira, 19 de janeiro de 2012


FRAGMENTOS DA HISTÓRIA

A traumática passagem da faixa presidencial
Ao se aproximar à transmissão de faixa de Fernando Henrique a Lula, vieram à tona os dias de tensão que precederam a passagem da faixa presidencial de Juscelino a Jânio Quadros. Foi criado em torno desse ato um verdadeiro clima de terror psicológico que poderia chegar à agressão física. Mauro Chaves (falecido recentemente), foi um experiente e bem relacionado jornalista, que publicou com detalhes, no Estado de S.Paulo, a tensão que essa transmissão produziu em em Brasília, em (31/01/1961).

JK PASSA A FAIXA A JQ
Preparava-se a posse de Jânio Quadros, após retumbante vitória, apesar do prestígio popular que desfrutava o construtor de Brasília, JK ouvira dizer o que Jânio pretendia fazer na hora da transmissão da faixa presidencial: Um discurso mostrando o estado em que se encontrava a Administração pública do País, com inflação descontrolada, corrupção, desorganização generalizada, e muito mais. Juscelino ficou acabrunhado ante a perspectiva de ser inteiramente desmoralizado, diante de uma quantidade imensa de jornalistas, do Brasil e do mundo inteiro. Pensou em não comparecer à transmissão da faixa ao seu destemperado sucessor. Mas logo desistiu da idéia, pois não era homem de fugir de situações e, durante toda a sua vida pública, fez ecoar a frase que se tornara antológica: “Deus poupou-me do sentimento do medo”. Então, ele teria de encontrar uma outra solução, mas qual? Que argumentos um recém-eleito presidente da República, em estado de graça e glória, com discursos que faziam o povo vibrar, chorar e tremer de emoção haveria de aceitar para não deixar seu adversário antecessor em situação de irremediável constrangimento? Juscelino pensou, pensou, passou a noite sem dormir, refletindo, mas não consultou ninguém, pois sabia que qualquer opinião poderia mais atrapalhar do que ajudar Até que chegou ao seguinte raciocínio: perante o País e o mundo, seria muito pior – e teria maior repercussão –, a desmoralização de um presidente que vai governar do que a de um que já governara. Então decidiu: se Jânio Quadros o “esculhambasse” à queima-roupa, na passagem da faixa simplesmente lhe desferiria um soco no rosto. Certamente, o escândalo seria estampado em todos os jornais do mundo – e dificilmente Jânio escaparia do epíteto “o presidente que apanhou na posse”. Tomada à decisão, Juscelino fez vazar para Jânio suas intenções, e o resultado foi que os dois discursos, acabaram sendo eleborados a quatro mãos (e negociados, linha a linha, pelos seus assessores. Sem tocar em inflação, corrupção ou desorganização, ao receber a faixa, Jânio homenageou o grande espírito democrático de seu antecessor. M.C.

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