Atheneu Norte Riograndense na Rua da Cruz (depois denominada
Av.Junqueira Ayres e atualmente Av. Câmara Cascudo).
Em 1868 era publicado o ATLAS DO IMPÉRIO DO BRASIL, de autoria de Cândido Mendes de Almeida, no qual consta um mapa relativo à então província do Rio Grande do Norte. Encartadas no mesmo mapa, figuram uma planta de Natal e uma topografia do porto1. Pesquisas procedidas nos levaram a determinar o ano de elaboração do mapa: 1864, quando a província era presidida pelo Dr. Olinto José Meira.
De relance constata-se a existência, em Natal, de dois núcleos urbanos: os bairros da Cidade Alta e da Ribeira. Separando os dois bairros havia um alagado, conseqüência de um baldo, com cerca de 200 metros de extensão, construído na margem direita do Potengi, vizinho à atual Praça Augusto Severo. O alagado achava-se cortado por uma ponte, edificada no ano de 1732. Medindo cerca de 130 metros de extensão, a ponte, de madeira, fora construída sobre duas paredes paralelas, de pedra e cal, medindo cada uma quatro palmos de altura e outros tantos de largo. A ponte foi obra do mestre-pedreiro Antônio Correia, mediante contrato firmado com o Senado da Câmara do Natal (Auto de Vereação de 18 de março de 1732)
1. No tocante aos Largos e Praças existentes em Natal, o mapa estudado nos dá conta dos seguintes: a Praça da Matriz, mais conhecida como Praça da Alegria, hoje Praça Padre João Maria; a Praça de Santo Antônio, defronte à igreja do mesmo nome; a Praça do Palácio, hoje denominada de Praça André de Albuquerque; o Largo do Quartel, por detrás do atual Colégio Winston Churchill, estendendo-se até a Avenida Junqueira Ayres, hoje Avenida Câmara Cascudo; o Largo do Rosário, ao lado direito da Igreja do mesmo nome.
As igrejas apresentadas no mapa correspondem às de Nossa Senhora da Apresentação, de Nossa Senhora do Rosário, de Santo Antônio, e do Bom Jesus, todas elas ainda existentes e em pleno funcionamento.
O mapa de 1864 também focaliza os prédios públicos, em número de onze: o Palácio do Governo, na Rua da Conceição, demolido em 1914 para ceder espaço à atual Praça Sete de Setembro;
2 – A Assembléia Provincial, que ocupava o 1º andar de um edifício (demolido em 1865), também na Rua da Conceição, no ponto hoje ocupado pelo Palácio Potengi;
3 – A Câmara Municipal, cujo prédio foi derrubado em 1911, localizada no terreno hoje correspondente à casa nº 604 da Praça André de Albuquerque;
4 – A Tesouraria da Fazenda, cujo edifício foi demolido em 1875. Ficava no local onde hoje existe o Memorial Câmara Cascudo;
5 – A Tesouraria Provincial, ocupando o andar térreo do edifício da então Assembléia Legislativa;
6 – A Alfândega, na atual Rua Chile, no local onde se encontra a Capitania dos Portos;
7 – O Atheneu, no mesmo ponto onde hoje existe a Secretaria Municipal de Finanças, na Avenida Junqueira Ayres, hoje Avenida Câmara Cascudo;
8 – O Quartel de Linha, demolido para construção do Colégio Winston Churchill, na atual Avenida Rio Branco;
9 – O Quartel do Corpo Policial, no mesmo terreno onde funcionou o Banco Nacional, na esquina da Rio Branco com a Rua João Pessoa;
10 – O Hospital Militar, onde hoje fica a Casa do Estudante, na antiga Rua Presidente Passos, atualmente Praça Cel. Lins Caldas;
11 – A Cadeia, que ocupava o andar térreo da então Câmara Municipal.
No bairro da Cidade Alta constatamos a presença de diversas ruas e travessas. Estas, que eram orientadas perpendicularmente em relação ao Rio Potengi, atingiam o número de cinco.
A primeira dessas travessas, cujo nome não pudemos encontrar, correspondia à atual Rua Apodi (trecho estreito), ligando as atuais Avenida Rio Branco e Rua Padre Pinto. Tal travessa correspondia ao limite Sul de Natal. Ficava-lhe paralela a atual Rua Dr. Heitor Carrilho, que se estendia da atual Rio Branco à Rua Santo Antônio. O prolongamento dessa última travessa correspondia à atual Rua Expedicionário Rodoval Cabral, existente no oitão esquerdo da Igreja de Santo Antônio. Em seguida aparece a Rua João Pessoa de hoje, que tinha um curto percurso: da atual Rio Branco à Praça da Alegria. Seguia-se-lhe uma outra travessa, hoje denominada Rua Cel. Cascudo, que também ligava a Rio Branco à Rua da Conceição. Ficava-lhe paralela, prolongando-se até as proximidades da Igreja do Rosário, uma outra travessa, hoje correspondente às ruas Ulisses Caldas e Dom Pedro I.
Por Olavo Medeiros Filho