domingo, 28 de outubro de 2012

SENTIMENTAL DEMAIS

FÉRIAS NOSTÁLGICAS

Vivo a alegria e a nostalgia ao voltar aos meus dezoito anos. Esse passado telúrico dá prazer ao reconstruir no presente as coisas boas para a atual juventude. Eu sou um verdadeiro ator coadjuvante, o principal personagem é o tempo. Escrevo porque o pretérito é o meu presente e o meu futuro, por isso gosto de escrever, além de boas leituras. Às vezes quando 
visito o meu torrão, tento lembrar e reconstituir os fatos que vivi e presenciei.

Hoje falo sobre as férias do tempo de estudante. A turma estudava em Natal, o científico ou o segundo grau, e chegava de trem para as férias de dezembro e janeiro. Nessa bela viagem a galera jogava conversa fiada tomando cachaça dentro de coco verde para enganar o cobrador que marcava o bilhete através de catraca.

A lua cheia nas noites de seresta, enquanto rapaz, ouvi muitas boemias tocadas e cantadas pelos amigos da turma dos Magnatas. No comando, Iranilton de João Elói, que tocava pela madrugada na minha casa por dois motivos: as minhas irmãs e bebida com tira-gosto que papai colocava pela janela do quarto. As músicas eram variadas, de Nelson Gonçalves a Roberto Carlos.

O bar de Chiquinho Vaquejada e o boteco de 'Mané Quelé' eram os pontos principais dessa época, final da década de 70. Outro ponto nostálgico era o 'Boinho de João Coveiro', em frente ao quartel. Muitos jovens faziam a preliminar nesse local para as grandes festas do Club. Outro local importante dessa época foi o bar de Luís Cruz em frente à praça.

No Country Club, os velhos carnavais e as grandes festas contemplavam as paixões, a carne, a bebida e a alegria na fantasia das férias e da felicidade. Os jovens estudantes passavam o mês de janeiro ensaiando a batucada e organizando a alegoria para o desfile do domingo de carnaval em frente ao Club. a rivalidade que existia entre os blocos fazia parte do contexto momesco.

Boas lembranças, aos domingos, era o banho de açude com os amigos. Isso também acabou-se. À tarde, a boa pedida era o clássico entre Flamengo e Vasco, com grande rivalidade. Terminou o carnaval, de volta para Natal.

O que muito me magoa é a falta de mentalidade de muitos conterrâneos para uma boa produção cultural para resgatar os antigos costumes e as velhas tradições do nosso povo. Mas isso, através das minhas crônicas e poesias, estou fazendo e tentando tirar esse buraco negro da melancolia cultural que se encontra esse espaço elíptico, como se fosse um oito, sem saída. Por outro lado, eu e o professor Bosco estamos resgatando a história das grandes figuras que fizeram algo pelo nosso torrão.

Os jovens não podem saber da nossa história e da nossa cultura se não existe o mínimo interesse das partes 'desinteressadas'. E se não fosse o meu blog e o meu facebook? Nostalgia pura.

"O passado não reconhece o seu lugar, está sempre presente": Mário Quintana, poeta e jornalista.

Marcos Calaça, jornalista (UFRN)

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