segunda-feira, 1 de abril de 2013

ANDRÉ, O RABEQUEIRO

ANDRÉ, O RABEQUEIRO 


André de Sapato Novo é um belo samba-choro.
André o Rabequeiro tocava o violino dos pobres e não imagino – ele, usando um pisante novo, muito embora tivesse a sua ribalta em frente a uma sapataria no centro da cidade alta na estreita rua medieval Câmara Cascudo e, André, o seu menestrel. Ha tres anos ele faleceu. Ninguém mais ouve o seu rabecar rouco. Seu olhar vesgo era triste como sua música de repertório composto de clássicos da canção regional nordestina. Toca aí o “Forró do Pé Rapado”, André. Ele que é um dos poucos remanescentes daqueles grandes artistas populares que fazem parte da alma inconsútil das cidades.
Quando alguém importante visita a cidade, André é apresentado como parte do folclore da cidade. Foi assim quando de uma visita do Paulo Moura a Natal e apresentado a André ficou emocionado com a sua música. Retirou todo o dinheiro que tinha no bolso e entregou ao pobre músico André. André cospe. André olha de esguelha, sempre desconfiado deles que não pagam.
Nascido em Santo Antonio do Salto da Onça – no Rio Grande do Norte, André morava numa casinha humilde de Mãe Luíza. Comia quando dava. Tocava sempre para alegrar os transeuntes apressados que compravam mais um sapato. Tudo nele era roto. A caixa embalagem da rabeca. A roupa. O sapato.
André se despediu de décadas tocando para Natal. Eu o conhecia desde muito em feiras, ruas e festas. A cidade alta ficou mais triste. Ainda ouço André tocar mas não sei se quero ir na cidade comprar sapato.
Adeus meu querido André, você que bordou e pespontou as bordas de uma cidade vestida do som de sua bela e triste Rabeca.

damata

"André de Sapato Novo é um belo samba-choro. André o Rabequeiro tocava o violino dos pobres e não imagino – ele, usando um pisante novo, muito embora tivesse a sua ribalta em frente a uma sapataria no centro da cidade alta na estreita rua medieval Câmara Cascudo e, André, o seu menestrel. Ha tres anos ele faleceu. Ninguém mais ouve o seu rabecar rouco. Seu olhar vesgo era triste como sua música de repertório composto de clássicos da canção regional nordestina. Toca aí o “Forró do Pé Rapado”, André. Ele que é um dos poucos remanescentes daqueles grandes artistas populares que fazem parte da alma inconsútil das cidades.
Quando alguém importante visita a cidade, André é apresentado como parte do folclore da cidade. Foi assim quando de uma visita do Paulo Moura a Natal e apresentado a André ficou emocionado com a sua música. Retirou todo o dinheiro que tinha no bolso e entregou ao pobre músico André. André cospe. André olha de esguelha, sempre desconfiado deles que não pagam.
Nascido em Santo Antonio do Salto da Onça – no Rio Grande do Norte, André morava numa casinha humilde de Mãe Luíza. Comia quando dava. Tocava sempre para alegrar os transeuntes apressados que compravam mais um sapato. Tudo nele era roto. A caixa embalagem da rabeca. A roupa. O sapato.
André se despediu de décadas tocando para Natal. Eu o conhecia desde muito em feiras, ruas e festas. A cidade alta ficou mais triste. Ainda ouço André tocar mas não sei se quero ir na cidade comprar sapato.
Adeus meu querido André, você que bordou e pespontou as bordas de uma cidade vestida do som de sua bela e triste Rabeca."

damata


Em tempo: Conheci André ainda nos meus tempos de estudante em Natal, 1974, quando eu frequentava a Confeitaria Atheneu, no bairro de Petrópoles, Natal. E ele sempre com sua Rebeca, o seu Violino, seu intrumento de sobrevivência de vida pobre como sempre viveu.

fernando Caldas
Curtir (desfazer) ·  ·  · há 10 minutos · 
  • V

Nenhum comentário:

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...