LIVRO TRAZ GENEALOGIA DE POTIGUARES
O contar da história através de pesquisas genealógicas não é um mero acaso na vida do professor universitário aposentado João Felipe da Trindade, 67 anos. A curiosidade aguçou a vontade de conhecer a sua ascendência e de resgatar a memória dos seus antepassados. Aliado a isso, o gosto pela leitura, ainda em tenra idade, despertou o desejo de transpôr esses estudos para o livro. “Quando era pequeno, antes de começar as aulas, já tinha lido todos os livros que meu pai comprava pra escola”.
Já adulto e como professor de Matemática, João Felipe da Trindade disse que “também gostava muito de ler os livros de história da Matemática”. Os anos passaram. Felipe da Trindade transformou-se num historiador e passou a elaborar árvores genealógicas das famílias potiguares, temas dos três livros escritos por ele. O último intitulado “Mais Notícias Genealógicas do RN” será lançado hoje, a partir das 11 horas de hoje, na galeria Núcleo de Arte e Cultura (NAC), no Centro de Convivência da Universidade Federal do Rio Grane do Norte (UFRN).
Segundo Trindade, o livro é uma sequência do segundo – “Notícias Genealógicas do Rio Grande do Norte” – lançado em 2011, que também é uma coletânea dos artigos publicados, semanalmente, em “O Jornal de Hoje”.
Trindade mantém na internet, ainda, o blog putegi.blogspot.com.br sobre a genealogia, como gosta de dizer, “das bravas famílias que ajudaram a construir o Estado”, que como a sua obra, “retrata um pouco mais sobre alguns lugares, algumas famílias, alguns indivíduos e alguns hábitos do Estado”.
O livro não obedece a uma ordem cronológica sobre o surgimento das famílias norteriograndenses. “Quando faço um artigo sobre uma determinada família, uma coisa vai puxando outra”, disse ele, que conta coisas sobre a vida de políticos como o capitão José da Penha e Pedro Avelino, nome de município na região do Sertão/Central do Estado que foi o pai do senador Georgino Avelino.
Nele também cita-se o presidente provincial Caetano Sanchez, “o doador do galo da Igreja de Santo Antonio, na Cidade Alta” ou ainda de Matias Vidal de Negreiros, que lutou contra a presença holandesa na região Nordeste e Maria Páscoa Bezerra, que foi condenada pela inquisição da Igreja Católica. “Não é uma listagem de nomes, sempre conto alguma coisa sobre as pessoas”.
Pesquisas são ancoradas em inventários e acervos
Dedicar tempo a recompor a Genealogia e a história de famílias potiguares para que não fiquem adormecidas ou submersas nos registros do passado, seja para esclarecer, atualizar ou corrigir a história exige anos de pesquisa e dedicação. O registro de nascimento ou a certidão de casamentos são pontos de partida para a elaboração de uma árvore genealógica, mas o pesquisador depende, na maioria das vezes, de acervos históricos e inventários para finalizar o trabalho.
“Às vezes, a pessoa tem os dados em casa e não sabe usar”, alerta João Felipe da Trindade, que escreveu o primeiro livro em 2008: “Servatis ExMore Servandis”. Em latim, quer dizer – “Conservar o que tem de ser conservado”, segundo Trindade, que encontrou esse registro na certidão de casamento do seu bisavô, de quem herdou o nome.
Afora os documentos da família, pelos quais traçou a sua Genealogia no primeiro livro, Trindade diz que foi atrás de outras fontes, num trabalho que não foi tão fácil em seu início, como a busca de informações nos arquivos da Cúria Metropolitana, em Natal, onde estão assentos de famílias de Santana do Matos a partir de 1823.
Naquele tempo, explicou Trindade, os registros de nascimento, óbitos e casamentos eram feitos exclusivamente nas Igrejas Católicas. Em Assu, para onde teve de se deslocar algumas vezes, a pesquisa na Igreja de São João Batista que só podia ser feita de manhã. Ela aproveitava o horário para fotografar tudo.
Quando as informações estão incompletas, Trindade busca dados nos inventários, principalmente nos casos de pessoas solteiras, que não deixam linhagem. Por essas duas razões, ele disse que teve de saber Paleografia – “aprendi na marra”.
Em outras, foi preciso se deslocar à Olinda (PE), onde estão documentos da Igreja Católica sobre o Rio Grande do Norte relativos aos séculos XVII e XVIII ou mesmo no Instituto Histórico e Geográfico de Pernambuco, em Recife, quando não foi possível obter cópias de documentos através de amigos. Isso aconteceu na elaboração da árvore genealógica de Afonso Bezerra, cuja documentação tinha sido enviada em 1944 a Pedro Antas.
Outra fonte importante, informou Trindade, é o acervo de microfilmes da Igreja Mórmon, porque além de batizar um convertido, “também são batizados os ascendentes, as pessoas que ficaram pra trás da família”, daí a necessidade de eles terem acessos aos documentos familiares.
Email de João Trindade para adquirir o livro -João Felipe da Trindade – jfhipotenusa@gmail.com
Fonte – http://tribunadonorte.com.br/noticia/pesquisas-sao-ancoradas-em-inventarios-e-acervos/248551
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