O beijo é a comunhão das almas prediletas, Voz da boca do amor, dos sonhos e dos poetas. Palmeira da ilusão carregada de amores Tem o cheiro feliz das prediletas flores, O meigo do luar fantástico dos versos E a primavera azul dos corações diversos...
Ave do coração a pipilar nas bocas, Tem a graça febril das esperanças loucas, Vinho da fantasia e riso das belezas, Marcha por um país onde não há tristezas, Erra por uma terra onde não há pesares, - Prova a graça da festa e a luz de todos lares.
Romance do prazer e corpo das venturas, O beijo tem o voo das borboletas puras, As asas do ideal ressaltam-lhe dos seios. Branco como a visão dos brancos devaneios, Goza a febre gentil das lúcidas bonanças E os seios do luar dos sonhos sem receios E a sombra sem pesar das cousas que são mansas.
João Lins Caldas, poeta potiguar de Assu - 1888-1967.
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