Registra a História do Rio Grande do Norte que por volta de 1650 habitavam a região do Assu, os indígenas que deram a denominação daquele lugar de Taba-açu, que na linguagem Tupi-Guarani quer dizer Aldeia Grande. Aqueles nativos eram guerreiros, selvagens, ferozes, supersticiosos e viviam quase nus. Usavam apenas uma pequena saia feita de palha de carnaubeira (árvore nativa então abundante naquela região). Mantinham-se da caça, da pesca, de frutas, mel e raízes. Na caça matavam os veados e comiam apenas as suas tripas cruas. Na pesca tinham preferência pelas traíras (peixe carnívoro de água doce muito comum nos rios, açudes e lagoas). Eram notabilizados de Janduí (nome do chefe), que até a década de 1686-1696, punham em pânico as hostes portuguesas, atacando-a até as proximidades da Capitania do Rio Grande. Na chegada dos homens brancos, foram eles dominados e eliminados quase por completo numa guerra sanguinária que a história denominou de Guerra dos Bárbaros ou Guerra do Açu.
O capitão-mor da Capitania Agostinho César de
Andrade sem poder cumprir a Ordem Régia, deu lugar a Bernardo Vieira de Melo
capitão de ordenança do Rio Grande, que veio a Ribeira do Assu comandando “uma
expedição que lutou contra os índios e estabeleceu os colonos.”
Fundou-se então o Arraial de Santa Margarida, de 20 de julho
de 1687, Arraial de Nossa Senhora dos Prazeres, fundado a 24 de abril de 1696
por Bernardo Vieira de Melo (sendo o dia 24 de abril consagrado a Nossa
Senhora dos Prazeres, é natural que fosse o da fundação do Arraial. Porque
costumam os portugueses assinalar os seus feitos com o nome do santo do dia). Capitães
Mores.
Depõe Nestor Lima que “a colonização da Ribeira do Assu
teve, porém, enormes dificuldades opostas pelos naturais da terra, numerosa
tribo Tapuia, que declarou guerra de morte aos colonizadores, a quem causava
toda sorte de danos em medonhas investidas”, não aceitando juntamente com a
tribo Janduí, a serem subordinados e subjugados pelos portugueses e colonos,
em defesa de suas terras.
Fernando Caldas
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