terça-feira, 1 de outubro de 2013

JOÃO CELSO FILHO


João Celso Filho, cuja figura eu não tive o privilégio de ter conhecido, mas conheço um pouco da sua trajetória, da sua vida literária. Ele foi jornalista, colaborou em importantes jornais do Nordeste como Diário de Pernambuco, Jornal do Comércio (pesquisando no Arquivo Público Estadual - Recife, encontrei naqueles diários várias composições daquele bardo assuense), além do jornal Polianteia, dentre outros da terra do Assu. 

João Celso era advogado, professor, dramaturgo, contista, brilhante orador, poeta dos melhores. Os seus versos foram traduzidos, salvo engano, para o espanhol, no tempo em que ele morava no Pará, onde ainda jovem, chegou a conviver na intimidade com com o poeta maranhense Humberto de Campos. 

Proprietário das famosas fazendas Camelo e Limoeiro, localizadas nos sertões do Assu onde, talvez, teria produzido os versos/soneto intitulado Uma Chuva no Sertão, que diz assim:

Sertão. Em pleno inverno. Os rios descem,
As margens alagadas. Os marmeleiros
Ressequidos, agora reverdecem...
Ouve-se, ao longe, a voz dos boiadeiros.

O gado muge nas campinas. Crescem
Os ramos e o capim nos tabuleiros.
As messes de oiro fulvo amarelecem, 
Partem para o labor os vis roceiros.

O Peixe, nas lagoas, em cardume,
Pontilha à face d´água. Um vaga-lume
De quando em vez, no espaço relampeja...

E, enquanto a noite desce, misteriosa,
A chuva cai em bátegas, copiosa,
Ressuscitando a terra sertaneja!

João Celso veio a falecer na Fazenda Limoeiro, no dia 14 de novembro de 1943. Vítima de infarto, está sepultado na cidade de Assu, cidade que ele empresta o seu nome a principal avenida da cidade de Assu, além do Fórum Municipal, da Comarca daquele município.

Afinal, como não podia ser diferente para um poeta do Assu, João Celso gostava também de produzir décimas, glosas irreverentes. Pois bem, conta-se que certa vez, viajando com destino a uma certa cidade do interior potiguar, para atender um cliente, em companhia de um amigo chamado Elói Fonseca (no volante de um automóvel), "deparou-se com uma porteira, que nada mais era senão duas estacas com vários paus atravessados, impossibilitando a passagem do veículo. Perto, tinha uma casa. Buzinaram. Apareceu uma mulher que se prontificou a retirar os paus. A operação foi um pouco demorada, suscitando reclamação de Elói. Servindo-se da sua facilidade de glosar, João Celso ali mesmo fez o histórico do incidente como abaixo se lê":

Já era quase uma hora,
Quando Elói disse à roceira
Que veio ali abrir à porteira:
Puxe o pau minha senhora
Puxe-o todo para fora,
Faça força, dê-lhe um soco,
Agora arrede esse toco.
Tá duro? Empurre, que vai,
Não, tá mole, agora sai,
Seu Elói, demore um pouco.

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