sábado, 23 de novembro de 2013

POETA ASSUENSE

JURAMENTO


 

Sá Dona, eu só quiria,
Qui mecê pudesse vê,
A dô qui trago nos peito,
Sofrendo pru seu respeito
Tudo pru vossa mecê.

Desde aquela tarde ingrata,
Meu coração parpitô:
Qui tava tudo acabado,
Tava tudo desgraçado...
Meu coração num faiô.

Prá eu, tem sido uma luta.
Tô mágo assim de pená!
Se as vez, eu pégo no pinho,
Coméço a cantá baxinho,
O pinho pega a chorá.

Se coméço oiá pra lua,
Me alembrando de mecê;
Vejo ela se escondendo,
Se incuiendo, se incuiendo,
Cum pena do meu sofrê.

Inté a lua, Sá Dona,
Chora, tem pena d’eu!
Só Sá Dona num simporta,
Inté me fechô a porta,
Cuma se eu fosse um judeu.

... Lá um dia Deus mióra,
mióra pruque Deus qué.
E eu juro ajueiado;
Inquanto tive lembrado,

Num oiá mais pra muié.

Renato Caldas - Poeta Assuense
* 08/10/1902  + 26/10/1991
Fonte: Fulô do Mato.

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