Manoel Pitomba de Macedo (n. Assu, 25 de maio de 1924 - m. Assu, 11 de outubro de 1957), conhecido popularmente como Manoel de Bobagem (Bobagem, apelido de sua mãe) Para Rômulo Wanderley por quem o poeta está antologiado no livro Panorama da Poesia Norte-Rio-Grandense, 1965, Manoel "foi um dos mais conhecidos e famosos poetas populares do Assu.".
Entre a terra assuense e Natal, Manoel viveu a sua vida de poeta boêmio e mulherengo. Ele era pedinte. Conta-se que ele andava pelas ruas da cidade com uma bolça enorme confeccionada de palha de carnaúba ou carnaubeira (árvore nativa então abundante na região do Assu). Pois bem, quando ele era indagado pelo uso daquela bolça, respondia: "Pra encher de perdoe!".
Ainda o antologista Walter Wanderley depõe que Bobagem "levou vida despreocupada e nômade, dominado pelo álcool e pelas mulheres que constituíam os seus temas prediletos."
A mãe de Bobagem sempre reclamava quando ele chegava em casa embriagado: "Tenha vergonha, Manoel! Todo dia você chega em casa bêbado, tombando em tempo de cair na rua! Homem, tenha brio!" E Manoel saiu-se com essa:
Mamãe!
Nem todo homem tem brio
Nem toda moça se casa,
Nem todo fogo tem brasa
Nem toda lã tem pavio.
Nem todo inverno faz frio,
Nem todo filho tem pai,
Nem tudo que entra sai,
Nem toda fera é valente,
Nem todo lorde é descente,
Nem tudo que tomba cai.
Bebedor de cachaça inveterado, jogador de cartas (baralho), escreveu:
O seu moral descompassa
possuindo esses dois vícios
De um cachorro não passa.
Logo, de Deus, perde a graça,
Satanás fica contente
E o nome desse ente
Toma nota em seu caderno;
Vai direitinho pro inferno
Quem joga e bebe aguardente.
Bobagem faleceu aos 33 anos de idade. Sentindo a morte chegar, escreveu a glosa que por sinal é uma das suas mais conhecidas. Vamos conferir:
De mim se aproxima a morte
Preciso fazer viagem
Com saudade de Bobagem
Vou fazer o meu transporte.
Vou procurar boa sorte
No Reino Celestial,
Jesus por ser divinal
Se compadeça de mim,
Que breve será meu fim
Da vida material.
Fiquemos com uma sextilha de Bobagem que, numa feliz inspiração, escreveu:
Dos filhos de minha mãe
Fui eu o mais infeliz
Fui casar voltei solteiro
A moça não me quis
Me acharam muito feio
Mas não fui eu que me fiz!
Fernando Caldas
Entre a terra assuense e Natal, Manoel viveu a sua vida de poeta boêmio e mulherengo. Ele era pedinte. Conta-se que ele andava pelas ruas da cidade com uma bolça enorme confeccionada de palha de carnaúba ou carnaubeira (árvore nativa então abundante na região do Assu). Pois bem, quando ele era indagado pelo uso daquela bolça, respondia: "Pra encher de perdoe!".
Ainda o antologista Walter Wanderley depõe que Bobagem "levou vida despreocupada e nômade, dominado pelo álcool e pelas mulheres que constituíam os seus temas prediletos."
A mãe de Bobagem sempre reclamava quando ele chegava em casa embriagado: "Tenha vergonha, Manoel! Todo dia você chega em casa bêbado, tombando em tempo de cair na rua! Homem, tenha brio!" E Manoel saiu-se com essa:
Mamãe!
Nem todo homem tem brio
Nem toda moça se casa,
Nem todo fogo tem brasa
Nem toda lã tem pavio.
Nem todo inverno faz frio,
Nem todo filho tem pai,
Nem tudo que entra sai,
Nem toda fera é valente,
Nem todo lorde é descente,
Nem tudo que tomba cai.
Bebedor de cachaça inveterado, jogador de cartas (baralho), escreveu:
O seu moral descompassa
possuindo esses dois vícios
De um cachorro não passa.
Logo, de Deus, perde a graça,
Satanás fica contente
E o nome desse ente
Toma nota em seu caderno;
Vai direitinho pro inferno
Quem joga e bebe aguardente.
Bobagem faleceu aos 33 anos de idade. Sentindo a morte chegar, escreveu a glosa que por sinal é uma das suas mais conhecidas. Vamos conferir:
De mim se aproxima a morte
Preciso fazer viagem
Com saudade de Bobagem
Vou fazer o meu transporte.
Vou procurar boa sorte
No Reino Celestial,
Jesus por ser divinal
Se compadeça de mim,
Que breve será meu fim
Da vida material.
Fiquemos com uma sextilha de Bobagem que, numa feliz inspiração, escreveu:
Dos filhos de minha mãe
Fui eu o mais infeliz
Fui casar voltei solteiro
A moça não me quis
Me acharam muito feio
Mas não fui eu que me fiz!
Fernando Caldas
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