Os problemas de sempre
Janine Justen:
“Desde o século XIX, já se percebe o favorecimento do poder público às grandes empresas com assinaturas e manutenção de contratos, sem que houvesse um real cuidado com a qualidade desse serviço”, argumenta o historiador, que defende a ideia de que os transportes tomam um tempo enorme do cotidiano das pessoas sendo, por isso, elemento central para o entendimento de nossas relações sociais.Para o autor, o objetivo do trabalho é fugir de uma abordagem essencialmente técnica, ou seja, tratar da questão dos transportes como meros avanços da tecnologia. “A proposta é estudar os passageiros, os funcionários e suas visões sobre o serviço, além de perceber de que maneira se davam as intervenções do Estado e a postura dos empresários.”Leia tambémDo nascimento do transporte de carga – ainda nos anos 1800, no auge da exportação do café – ao uso corriqueiro de bondes e carroças nos centros urbanos do país, o historiador enfatiza a questão dos trabalhadores, aspecto, para ele, muito pouco estudado até então: Quem eles eram? Como se davam as condições de trabalho (jornada, salário, relacionamento com os patrões e governo)? Como a população os percebia? Essas foram algumas perguntas-chave para o desenvolvimento do trabalho, que investiga, também, os serviços de fiscalização, as greves e as reivindicações de um público desde sempre insatisfeito.Entre atrasos, veículos lotados, inúmeros acidentes e aumento de tarifas, os problemas do transporte público são nossos velhos conhecidos. Segundo Terra, na virada do século XIX para o XX, os jornais passaram a ter colunas especificas baseadas em relatórios policiais para noticiar os casos de atropelamentos e descarrilamentos, reivindicações por tarifas mais brandas e greves de funcionários. “Temos aí um passado importante com a emblemática Revolta do Vintém e outros grandes protestos ocorridos em 1901 e 1902”, pontua o historiador.Além das vendas, o livro ficará disponível para download gratuito no site do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. “Minha maior satisfação é esta possibilidade de circulação, já que na academia a gente fica restrito a quatro gatos pingados especialistas ou gente relacionada ao seu próprio tema (o que, no meu caso, são poucos). Prezo pelo livre acesso à obra para que se tenha discussão: outras leituras, comentários e críticas”, declara Paulo Terra, que não esconde as expectativas para o lançamento.
Fonte: www.revistadehistoria.com.br
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