domingo, 15 de dezembro de 2013

ZÉ AREIA, CHEIO DE GRAÇA


1 - O popular Zé Areia era tipo gordo, esperto, presepeiro, irreverente. As suas tiradas agradam a gregos e troianos. Barbeiro de profissão, vendedor de loterias e rifas (jogo do bicho). Boêmio inveterado, folião. Foi Rei Momo, pintou e bordou com os americanos quando estiveram em Natal, na época da Segunda Grande Guerra, chegando a ser contratado para cortar cabelo dos americanos em Dakar. Pois bem, certo dia, um soldado embriagado com um copo na mão, encontrou Zé Areia encostado na parede da porta da barbearia e foi logo dizendo: "Do you like drink?" Aí a resposta do espirituoso natalense veio a tona: "É só o que eu laico!"

2 - Certa vez - essa também se atribui ao poeta matuto do Assu chamado Renato Caldas -, Zé Areia dentro de um ônibus em Natal, acionou a campanhia, gritando: "Pare aí motorista que vai descer um corno". O condutor daquele transporte parou´e, ao descer, gritou novamente: "Pronto. Agora leve os outros".

3 - Zé Areia teve o privilégio de gozar da amizade de figuras importantes da política potiguar. O deputado federal Djalma Marinho foi avalista de um empréstimo que ele, Areia, contraiu numa certa casa bancária de Natal. Não cumprido com a sua obrigação, aquele parlamentar norte-riograndense de Nova Cruz, se encontrando com ele, Zé Areia, no Natal Clube - casa de jogo de cartas (baralho) então famosa na capital capital potiguar -, advertiu o amigo: "Zé, já recebi várias cobranças daquele seu empréstimo.  E agora?". Areia não se fez de rogado: "Djalma, pra que é que eu seleciono os meus amigos?"

4 - Passando pelas ruas de Natal, muito conhecido, recebeu a pergunta: Zé Areia, me diga aí o que quer dizer sessenta e nove? Zé Areia mandou chumbo grosso: "Meu amigo. Pra mim significa um número. Pra você, um vício".

5 - De outra feita, na Confeitaria Delícia, então ponto de encontro de político, intelectuais, boêmios, no bairro da Ribeira em Natal, de propriedade do português Olívio, Zé Areia que naquele dia rifava um carneiro, fora indagado por um amigo e admirador chamado Benvenuto: "Zé, como se chama esse Carneiro?" Sem nem pestanejar, respondeu: "Benvenuto". E Benvenuto perdeu a oportunidade de ficar calado.

Fernando Caldas

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O INTELIGENTE E O SABIDO

Há duas categorias de pessoas que, sobretudo no Rio Grande do Norte, merecem um debruçamento maior, uma atenção mais atenta, um enfoque mais...