Uma estória de
Theodorico
Theodorico
Bezerra (1903-1994) foi um influente político brasileiro, natural de Santa Cruz/RN,
proprietário rural no município de Tangará – Fazenda Uirapuru. Figura
espirituosa. As suas citações sábias, os seus conceitos, as suas estórias
pitorescas, os seus ensinamentos são incontáveis e estão catalogadas no
dicionário folclórico potiguar. Por sinal, a TV Globo, no início dos anos
setenta, produziu um documentário sobre ele intitulado de Theodorico, o
Imperador do sertão, que foi um sucesso no país inteiro. Theodorico foi
deputado estadual por várias legislaturas pelo PSD e por outras agremiações
partidárias, além de grande pecuarista e hoteleiro. Ele teve o privilégio de
gozar intimamente da amizade de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, dentre
outros da política brasileira. Ele chegou a lançar-se com o apoio de JK,
candidato ao governo da terra potiguar (Theodorico 65, era a sua logomarca
de campanha). Pois bem, em Natal, Theodorico era o locatário de um imóvel de
propriedade do Governo do Estado, no bairro da Ribeira, onde atualmente
funciona o Poder Judiciário de Pequenas Causas, onde ele explorava um hotel
denominado de Grande Hotel que chegou a ser o melhor, nos anos quarenta (época
da Segunda Grande Guerra) e cinquenta, de Natal. Ele era amado e odiado também
pelos seus adversários políticos que propagavam que ele pagava a título de
locação do referido imóvel, um valor irrisório. Certo dia, alguém lhe perguntou:
Major Theodorico (título que ele tinha da Guarda Nacional e como era mais
conhecido), quanto o senhor paga pelo aluguel do prédio onde funcional o Grande
Hotel: Foi taxativo e matreiro: Eu pago o valor que o governo do estado me
cobra. E papo encerrado.
Em tempo: Certa vez, Theodorico mesmo com aquela toda sua sabedoria, fora infeliz quando o poeta matuto do Assu já consagrado nacionalmente chamado Renato Caldas ofereceu a ele, Theodorico, um livro de sua autoria intitulado de "Fulô do Mato". Como agradecimento, Theodorico chamou Renato de Vagabundo. Renato, calado ficou, não guardou mágoas, nem ressentimentos, porém não esqueceu. Dias depois daquele ocorrido, escreveu:
Eu conheci Theodorico,
Quando lavava penico
No hotel de dona Danona.
Hoje é rico, é potentado.
É major, é deputado.
Oh sorte velha sacana!
Fernando Caldas
Nenhum comentário:
Postar um comentário