sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Augusto dos Anjos


 
Incógnita
Augusto dos Anjos/Chico Xavier

Por que misterioso incompreensível
Vomito ainda em náuseas para o mundo
Todo o fel, toda a bílis do iracundo,
Se eu já não tenho a bílis putrescível?

Insondável arcano! Por que inundo
Meu exótico ser ultra sensível
Em plena luz e atendo ao gosto horrível
De apostrofar o pobre corpo imundo?

Fluidos teledinâmicos me servem,
Transmitindo as ideias que me fervem
No cérebro candente, ígneo, em brasa...

De que concavidade do Universo
Vem-me o açoite flamívomo do verso,
Chama da mesma chama que me abrasa?

Auta de SouzA
Carta à minha mãe
Auta de Souza/Chico Xavier

Quis visitar-te o anônimo jazigo
Em que a humildade em paz se nos revela,
Contemplo a cruz, antiga sentinela
Erguida ao lado de um cipreste amigo.

Busco a memória e vejo-te comigo;
Estamos sob o verde da aguarela,
Teu sorriso na túnica singela
É luz brilhando neste doce abrigo.

Recordo o ouro, Mãe, que não quiseste,
Subindo para os sóis do lar Celeste
Para ensinar as trilhas da ascensão.

Venho falar-te, em prece enternecida
Do amor imenso que me deste à vida,
Nas saudades sem fim do coração.

FONTE: http://www.ceifpvz.com/poesia/

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