terça-feira, 25 de março de 2014

'CANÇÃO DA TERRA DOS CARNAUBAIS"


Livro do poeta norte-riograndense Rômulo Chaves Wanderley, 1965. Fala sobre o Assu em versos. Rômulo era membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, bem como da Academia Norte-Rio-grandense de Letras. Por sinal, quem assumiu a cadeira deixada por ele, Wanderley, naquela academia fora a escritora assuense de Lavras chamada Maria Eugênia Maceira Montenegro. No referenciado livro aquele ilustre autor enaltece a sua terra natal - o Assu, dizendo: 

Minha terra tem poetas
De inspirações magistrais,
Nascidos ao farfalhar
Dos verdes carnaubais.
Minha terra floresceu
Às margens do rio Assú,
E deu filhos que lutaram
Nos campos de Curuzu.
Minha gente provém
De indígenas e portugueses,
E traz, no sangue, também,
O sangue dos holandeses.
Se os seus filhos, quando nasceram,
Talento não denunciam,
Morrem na infância primeira,
Porque asnos lá não se criam.
Muitos deles, quando querem
Dar asas à inspiração,
Emigram para outras plagas,
Como aves de arribação.
E, mesmo sentindo nalma
Fundas saudades dalí,
Vêm cantar seus amores
Às margens do Potengí.
E OLHAR de perto a praieira
Da canção de Otoniel,
De olhos ternos, cismadores,
Lábios doces como mel,
Que ama escutar trovadores,
Que tenham vindo de lá,
Para dizer-lhe ao ouvido
Estrofes de Itajubá.
Minha terra tem história,
Poesia e tradição!
E em tempos idos, já foi
A Atenas do meu sertão.
Antigamente, a escola
lá era risonha e franca,
E o negro, banqueteado,
Nos salões do amplo sobrado
Do Barão de Serra Branca.
Teve seu berço no Assu,

Postado por Fernando Caldas
Luiz Carlos Lins Wanderley,
Que, médicin, malgré tout,
Era poeta de lei.
E os Soares e Amorins,
Macedos, Caldas e Lins,
E outros mais, que ainda há,
- Os quais, logo que nasceram,
Inspiração receberam
Nas águas do Poassá.
Na poesia popular,
Houve Moisés Sesiom,
Que, semelhante a Bocage,
Glosava no melhor tom.
E não se deve esquecer
João Celso e Palmério Filho,
Que, na tribuna e na imprensa,
Pontificaram com brilho.
DEUS te salve, terra amada,
Berço dos meus ancestrais!
Eu morreria de mágua
Se não te revesse mais.
Se não pudesse beijar-te,
Nos meus dias outonais,
Escutando o farfalhar
Dos verdes carnaubais.

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Que eu seja eternamente eterno louco e nunca deixe de sonhar na vida. (João Lins Caldas, pensador potiguar).