Créditos: Foto: Gabriel Tôrres/CT
Candidato pelo PSC criticou gastos com marqueteiros e diz que novamente enfrenta as Oligarquias
Autor: Rodrigo Antunes
Candidato ao governo do
estado e correndo em raia própria, o ex-senador Mão Santa (PSC) traz o
discurso de ‘reconstrução’ do Piauí. Francisco de Assis Moraes Souza,
conhecido como Mão Santa, tem como vice o empresário de São Raimundo
Nonato, o Mano.
Em uma entrevista em seu apartamento no
bairro Ilhotas, em Teresina, o ex-senador falou de sua trajetória
política, o contexto de 1994 quando foi eleito a primeira vez governador
do estado, o contexto atual e suas propostas de governo.
Foto: Gabriel Tôrres/CT
O ex-governador e ex-senador diz que
chegará ao segundo turno nas eleições deste ano. Sempre acompanhado de
sua esposa, dona Adalgisa, como ele mesmo chama, a campanha promete ser
modesta, na humildade, e intitulada por ele mesmo como um ‘Davi contra
Golias’. "Como é que ser pode gastar milhões em campanha político se o
povo passa sede?", disse Mão Santa.
Primeiro mandato como governador
Mão Santa foi eleito pela primeira vez
como governador do estado no ano de 1994, em uma situação adversa, bem
semelhante a que ele encontra hoje. Com candidatos fortíssimos na
disputa e sem apoio do governo, Mão Santa conta que conseguiu afastar as
oligarquias do poder e cita alguns dos feitos daquela época.
“Hoje, em 2014, vinte anos depois voltei
a enfrentar uma situação adversa, eles eram muito fortes naquela época.
O PFL era chamado de oligarquia. Eles se consideravam melhores em tudo.
Agora eles são piores, mas é o mesmo enfrentamento”, conta o candidato
com sua irreverência característica.
Foto: Gabriel Tôrres/CT
Em 1994 o presidente eleito foi Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), que mantinha um afastamento do governo do
Piauí, que havia apoiado outro candidato. Mão Santa pegou o estado com
sete meses de salários atrasados de outros governos passados e foi
cobrado para pagar. Redução de salário e parcelamento de atrasados foram
as alternativas da época, fato que fez o ex-governador ser muito
contestado.
“Eu peguei o estado em uma época muito
difícil, ninguém escolhe a época que vai governar, esse estado tinha 7
meses de atraso. Doutor Alberto Silva, com os planos dele, não deu certo
e atrasou o funcionalismo. O governo seguinte, Freitas Neto, deixou os
atrasados do Alberto e pagou o dele. Eu, quando entrei, tive que pagar
isso, parcelei, eu resolvi um atraso do Freitas Neto. Naquele tempo os
funcionários reclamavam, mas hoje eles sabem que eu não podia pagar
todos de uma vez. Todos receberam”, relembra Mão Santa.
Foto: Gabriel Tôrres/CT
Mesmo com dificuldades, o candidato cita
feitos de suas gestões, como o Projeto Sanear, que possibilitou a
verticalização de Teresina após instalação de esgoto subterrâneo na
cidade; a expansão da UESPI, a criação do Sopa Na Mão, primeiro
restaurante popular do Brasil com custo zero, aquisição de uma das
primeiras linhas de energia para a região sul do estado, a vinda da
Bunge e da Nassau para o estado, plantação de mais de 20 milhões de
mudas de caju e vinda de 27 empresas de beneficiamento de castanhas,
programa Nenhum Adulto Analfabeto, construção de creches e outros
feitos.
Oposição forte ao sistema atual
Conhecido por bater forte nas gestões
petistas enquanto esteve no senado, Mão Santa não ‘perdoa’ a gestão de
Wellington Dias (PT) e nem o próprio sobrinho, o Zé Filho (PMDB), que
agora ocupa a cadeira de governador. Mão Santa tece duras críticas e diz
que está voltando para reconstruir o estado.
Foto: Gabriel Tôrres/CT
“O governador falou, eu vi, que nesses
anos foram feitas 4 hidroelétricas, eu ficava calado. Se aqui não
conseguia terminar uma eclusa! Eu ouvi falar na televisão em uma Suzano.
Cadê a Suzano? Cadê hidroelétrica? Eu ouvi falar em aeroporto
internacional lá da cidade de São Raimundo Nonato e aqui em Parnaíba.
Era mentira. O porto? Mentira e corrupção, porque já deveria ter saído. O
Centro de Convenções, tá aí. Quando eu fui governador eu modernizei
aquilo. Tinha um auditório com 600 lugares eu ampliei pra 900 lugares.
Tinha um restaurante lá que retirei e fizemos outro auditório com 80
lugares. Eu sei que funcionava. (...) ”, questiona o ex-gestor.
Perguntado se disputar eleição contra
seu sobrinho poderia confundir o eleitor, Mão Santa explica que não,
porque sua posição sempre foi de oposição ao sistema que está vigente
desde 2003.
“O eleitor sempre me viu como oposição.
Sempre fui oposição, sempre, contra essa mesmice que está aí. Foi
coincidência (enfrentar o sobrinho). Aí vem o continuísmo, foram-se 12
anos, eu sou contra isso. Se as oposições foram pra lá, eu sou contra
isso, porque continuo fiel as minhas convicções. Eu estou me submetendo
ao julgamento do povo, dando uma opção a ele. Não estou aberrando. É bom
eu ser candidato, porque se os bons se omitem fica aí só esse povo”,
explica.
Foto: Gabriel Tôrres/CT
Episódio que marcou a expansão da UESPI
Grande admirador de Fernando Henrique
Cardoso, Mão Santa conta um episódio que marcou o desenvolvimento da
UESPI no estado. O ex-senador conta que em uma reunião com todos os
governadores em Brasília foi anunciado o incentivo a criação e a vinda
de universidades particulares para o país, mas não teve apoio do
piauiense para o incentivo do governo federal e conta o que iria fazer.
“FHC, que é o maior estadista que existe
nesse país, disse que ia junto com Paulo Renato colocar as
universidades privadas. Aí eu cheguei pra ele e disse: presidente, quero
dizer que eu não tô de acordo não. Eu sou médico, sou meio doido, minha
família era de empresários e empresário quer é o lucro. Eu vou pegar e
desenvolver a pública do nosso estado. Eu sei o que é empresário, ele
não vai botar no Piauí, ele vai botar onde tem retorno, é em São Paulo,
em Minas, no Rio de Janeiro. Eu vou botar essa UESPI é pra ser a maior,
nós vamos sair na frente, depois empresário vai vir atrás. Com 60 dias
de governo nós abrimos um campus avançado em Floriano. Foi o primeiro.
Aí depois saí colocando. O ultimo era aqui em Altos. Pegamos 39 cidades
polos em todo Piauí. Eu fiz o negócio por amor. A UESPI chegou a ser a
3ª melhor universidade pública do país, era São Paulo, Bahia e UESPI”
conta Mão Santa.
O que pensa da atual campanha
Com o contexto já montado para a
campanha deste ano, o ex-senador conta o que pensa sobre a estrutura de
seus oponentes, o governador Zé Filho (PMDB) e o senador Wellington Dias
(PT) e diz de forma objetiva: “Marqueteiro não faz milagre”, e
completa:
“É lógico que aquela festa é a custa do
povo. Quem paga a conta é o povo. É bonito o espetáculo, ninguém vai
dizer que não é. Mas, quantos hospitais estão fechados? É muito. Escolas
se fecharam. Hoje nos hospitais não tem nada é por essas coisas. Tem
contratos milionários sendo feitos e veja quantas escolas fechadas,
creches abandonadas, hospitais fechados. Com o dinheiro disso aí dava
pra abrir um monte deles”, critica o candidato.
Foto: Gabriel Tôrres/CT
Propostas de governo
Como o número do PSC é 20, o ex-senador
elaborou 20 metas para sua gestão e citou em nossa entrevista. Mão Santa
conta que a proposta é fazer semelhantes a Juscelino Kubitschek, que
almejava desenvolver o Brasil 50 anos em 5, e quer desenvolver o Piauí
40 anos em 4. As propostas são do tipo reabrir hospitais, escolas,
desenvolver a fruticultura no estado, cumprir a meta da ONU de 1
policial para cada 250 habitantes e terminar o porto de Luís Correia,
que para ele tem uma solução que passa pela máxima de ‘Tirar lucro dos
prejuízos’, e explica:
“Primeiro, vamos fazer um terminal de
petróleo, isso não precisa nem ter porto pra ter. Isso barateia o
combustível. Teríamos lá um terminal. Qual a importância disso? Eu, por
exemplo, dei 80 barcos de pesca motorizada para os pescadores da região.
Não tem nenhum lá, porque o óleo é mais barato em Camocim, é mais
barato no Pará. Na hora em que você tivesse isso você transformava o
porto também em um porto pesqueiro, que é importante. Tem cidades que
vivem a custa da pesca. Na hora que o combustível tivesse mais barato no
Piauí os barcos ficavam lá, os frigoríficos recebiam mais, que é outra
indústria. Isso também ia baratear o combustível pro turismo também.
Ainda faríamos a escavação, porque aquela região sofreu o assoreamento,
escavaríamos até 14 metros e recebíamos navios de até 14 metros. Nós não
receberíamos navios que vão pro Itaqui, mas receberíamos os de 14
metros de calado. E era um grande avanço, impulsionava. Você não vai
ficar invejando porque o Maranhão tem e o Ceará tem...”, explica.
Foto: Gabriel Tôrres/CT
Pra saúde: “A saúde começa com o que eu
fiz aqui, o projeto SANEAR, com saneamento básico. Hoje a verticalização
de Teresina só existe por causa disso. O engenheiro não ia construir um
prédio e colocar 80 fossas no fundo do quintal, não teria shopping,
tudo foi nossa visão. A saúde começa daí e também vamos colocar os
hospitais pra funcionar. Hoje os hospitais só estão funcionando na
televisão”, afirma.
Pra educação: “Ela (educação) tem que
vir desde o pequenininho até o grandão. O analfabetismo aqui está uma
praga. Só não tem analfabeto na televisão e na mentira deles, mas pode
pesquisar. Tem que se fazer novamente aquelas campanhas contra o
analfabetismo, as creches precisam ser reabertas, a escola tem que ser
de qualidade. Vai ter o reencontro do profissional de educação com a
educação, na minha época o secretário de educação era o Ubiracy, que era
professor, quem entende de educação é o professor. Primeiro vamos
transformar toda escola para que elas tenham qualidade, desde a merenda
escolar, o professor até as instalações”, propõe Mão Santa.
Foto: Gabriel Tôrres/CT
Fonte: http://capitalteresina.com.br
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