RENATO CALDAS - O POETA DAS MELODIAS SELVAGENS
Ivan Pinheiro
RENATO CALDAS
- Poeta consagrado. Desenfadado no braço do violão. Projetou-se no
cenário cultural e rompeu fronteiras adotando para seus versos, com
naturalidade, o gênero matuto. Estilo que lhe rendeu glórias e
proporcionou respeito no meio literário, levando o nome da sua terra
natal aos mais apartados rincões deste País.
Nasceu em Assú no dia 08 de outubro de 1902. Filho do Sr. Enéas da Silva
Caldas e de D. Neófita de Oliveira Caldas. Aos seis anos estudou as
primeiras letras na escola de dona Luíza de França. Quando foi fundado o
Grupo Escolar Tenente Coronel José Correia em 1911, lá estava ele,
inserido no rol dos alunos pioneiros.
RENATO viveu sua infância consumindo água de cacimba, degustando os
apetitosos peixes do Piató, tomando banhos nas águas barrentas do
córrego, fabricando seus próprios brinquedos, debulhando milho e feijão
nos tradicionais encontros de vizinhos, ouvindo estórias de trancoso,
adivinhações... Deleitando as noites estreladas e enluaradas. Numa época
em que as crianças reverenciavam os mais velhos.
Talvez tenha sido este contato direto com a pobreza e com a rica
natureza do Vale, que fez dele uma figura humana preocupada com a
preservação do meio ambiente e com a cultura popular do nosso povo,
facilmente identificada em “Fulô do Mato”.
Aos dezoito anos obteve seu primeiro emprego, como tipógrafo, na
Tipografia de José Severo de Oliveira, no Assú. Certamente essa foi a
grande escola. Daí o seu afeto pelas letras. Posteriormente foi
motorista e mensageiro dos correios e telégrafos. Viajou ao Rio de
Janeiro e trabalhou como tipógrafo e caixeiro viajante. Por
conseguinte, em Santos, novamente atuou como tipógrafo e foi pracista da
firma Leite Gasgon.
Ao regressar ao Assú, colaborou em diversos jornais. Por sua conta,
resolveu excursionar pelas cidades do interior de Pernambuco, Alagoas,
Sergipe e Bahia, recitando seus poemas e tocando violão. Tornou-se um
Show-Men através de suas Melodias Selvagens.
Boêmio, cantador e inigualável poeta. Namorador de primeira grandeza.
Quando a questão era mulher, todo tipo e padrão lhe serviam e a todas
prometia: amor eterno e um lugar no coração.
Casou-se no ano de 1939 com D. Fausta da Fonsêca Nobre - musa
inspiradora de muitos dos seus poemas. Esposa dedicada, amiga e
companheira até à hora do último adeus, ocorrido no dia 26 de outubro de
1991.
Renato Caldas, o poeta de “Fulô do Mato”, “Poesias”, “Meu Rio Grande do Norte” e “Pé de Escada” - esse último em parceria com João Marcolino de Vasconcelos (Lou) .
“Fulô do Mato” (sua obra prima) é aquela lamparina a
iluminar o interior da choupana, enquanto o pobre repousa inquieto,
sonhando com a labuta incerta do dia seguinte. É a única luz... É
caatinga e várzea, seca e inverno, amanhecer e por-do-sol... Derrama
suor e lágrimas. Tem lábios femininos cedentes de beijos... Olhos
hipnotizantes. Possui o cheiro do campo e o perfume bom da mulher amada.
No centenário do seu nascimento, no ano de 2002, o então prefeito do
Assú, Ronaldo Soares, fez uma parceria com os familiares, a editora Sebo
Vermelho e os pesquisadores Ivan Pinheiro e Gilvan Lopes e publicou RENATO CALDAS – O Poeta das Melodias Selvagens, Cartas Para Fausta e Fulô do Mato
(fac-scimilar da primeira edição com manuscritos) dando uma importante
contribuição para a preservação da memória desse poeta assuense cujo
produção literária engrandeceu a cultura potiguar.
De “corpo e alma”, se vivo estivesse, completaria neste dia 08 de
outubro, 112 anos. Renato Caldas permanece imortalizado levando a
cultural do Assú, do Rio Grande do Norte, do Nordeste e do Brasil para o
mundo afora.
Grande poeta. Que sejas sempre feliz ao lado d'Ele.
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