João Moacyr de Medeiros era natural de Assu, interior norte-rio-grandense, e carioca por adoção e escolha. Poeta, intelectual. Passou quase toda a sua vida no Rio de Janeiro, convivendo com grandes nomes das letras brasileira. Na capital fluminense, conviveu com grandes figuras dos meios empresarias e das letras brasileiras, como o potiguar Antônio Bento, um dos maiores conhecedores e críticos de arte moderna no Brasil. A sua vida fora recheada de privilégios que Deus lhe deu por merecimento.
Moacyr estudou o primário no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, da sua terra natal. Filho de José Lúcio de Medeiros e Maria Francisca Caldas de Medeiros. Seu pai fora chefe dos Correios do lugar então denominado Sacramento, que depois veio a ser município de Ipanguaçu/RN,
Na década de trinta, Moacyr passou a morar na cidade de Natal,, estudando no velho Atehenei, da rua Junqueira Ayres, da capital natalense. Foi contemporâneo do brilhante advogado Raimundo Nonato Fernandes.
Em fins de 1930 Moacyr regressou ao Recife com o objetivo de estudar o curso pré jurídico que somente veio a concluir já estando no Rio de Janeiro, no Colégio Universitário (Universidade do Brasil), em 1946.
O seu coração era dividido (ele conheceu o mundo quase todo) entre o Rio de Janeiro, Natal, Assu e Ipanguaçu, onde tinha uma empresa agrícola de porte, na propriedade agrícola que ele herdara de seus pais denominada Veneza", 1965 com o longo poema produzido em data de 1937, quando ele tinha apenas 16 anos de idade e que deu o título de "Aspiração" como podemos conferir adiante:
Que ância de ser montanha!
que desejo febril dentro em meu peito vibra,
e o faz estremecer, palpitar, fibra a fibra
e louca agitação da alma, impetuosa estranha!
Existe junto ao mar, nunca, ó minha alma, ouvindo
a fragorosa música das águas!
... rugidos vãos de dor, lamentações de máguas,
do oceano, em convulsões, seus pesares carpindo!...
que delícia a de ter a alma petrificada
num bloco de granito, ou cordilheira imensa,
que não ama, e não sente, e não sofre, e não pensa.
Ter um' alma de pedra e um coração de pedra!
e inerte, unir-me à rocha, onde, como um lençol
de veludo esverdeado,
as carícias do Sol
abrasador do estio, o tenro musgo medra!...
Ser montanha!
e passar pela vida indiferente à vida,
indiferente ao mundo, a tudo indiferente,
numa infinita calma...
sem uma agitação do coração, ou da alma,
insensível à dor que a humanidade agita,
- numa inércia sem fim... numa calma infinita...
Não senti a tristeza atroz de um Sol no poente!...
- o funeral de um rei, no derradeiro aceno
ao dia que fugiu...
- É que a pedra não vê, é que a pedra não sente
a mágoa que maltrata o coração da gente!...
- a dor cruciante da Saudade, esse veneno
delicioso que emana a hora crepuscular,
ou vem nos raios lânguidos do luar
quando surge da bruma,
e faz vibrar dentro de nós, uma por uma,
como em deserta fonte o soluço das águas,
as sinfonias lúgubres das mágoas!...
Ser montanha! e possuir, por templo - a Natureza,
e por manto - o infinito azul do firmamento,
de um diadema de estrelas aljofrado,
na sideral beleza
das noites em que o luar, nostálgicos e prateado,
vem surgindo, a flutuar nos espaços... e o vento
geme tristes canções nas folhas dos coqueiros
erguidos para o céu, como reis, sobranceiros!
- Não ser Homem! ser pedra! a extraordinária algema
da existência quebrar, estrangulando a Vida,
- o caminho da Dor, da própria Dor nascida!
.
A propósito daquele poema, o renomado professor norte-rio-grandense Henrique Castriciano, num artigo publicado em A República, de Natal, de 2 de agosto de 1941, diz nas suas palavras iniciais, o seguinte: "Menino, você será um dos maiores poetas do Rio Grande do Norte (...).
Fernando Caldas
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