Angelina Macedo, poeta da minha terra – Assu/RN, era de família aristocrática, originária da cidade do Porto, Portugal, de temperamento sentimental, casou-se em 1896. "O lirismo de Angelina também está marcado pela melancolia, pela religiosidade e por acentuados elementos românticos e simbolistas", depõe o antologista Ezequiel Fonseca Filho.
"Não encontrando no matrimônio a realização de seus sonhos de adolescente", escreveu na sua desilusão, o soneto que, penso eu, parecido com o estilo de poetar da poetisa portuguesa Florbela Espanca, que diz assim:
Que ao lado de meus pais tranquilamente,
Passava minha vida sorridente,
Sem nunca pela dor ser perturbada.
,
Nessa doce ilusão, sendo embalada,
Áureos castelos levantei na mente
E por linda visão aurifulgente,
Era ao céu de fantasia arrebatada.
Porém ao despertar do grato sonho,
Ao ver o meu presente tão tristonho,
Tão negro como fora o meu passado.
Quisera viver sempre adormecida,
Do mundo e de todos esquecida,
Ou ao menos, meu Deus, não ter sonhado!
Abandonada pelo marido, doente e solitária, acometida por uma doença incurável, sentindo a morte chegar, escreveu o soneto intitulado Resignação, que diz assim:
Bendita seja a mão, que o golpe envia
Sobre a minha cabeça tão cansada;
Que me adverte ao fim desta jornada,e um dia
Na floresta da vida, erma e sombria.
Àqueles que disseram: Volto ao Nada,
A que triste, viveu somente um dia,
Eu direi: Enganai-vos! A alegria
Espera-me no Além, na Pátria amada.
Não criminem a morte, que me leva
Ao ver estrela que no azul cintila...
A luz, que vem do céu, não chamem treva!
Pouco a pouco, a matéria se aniquila,
Mas a alma imortal aos céus se eleva...
Que venha, pois, a morte - estou tranquila.
Fernando Caldas
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