quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A vida imita a arte: o dia que Drummond previu a tragédia de Mariana

O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade foi considerado um dos mais influentes do século 20. Ao longo de seus 85 anos publicou mais de 30 livros de poemas, e quase 20 de prosa, além de integrar antologias poéticas e produzir histórias infantis. Porém, não imaginava que ao publicar o poema Lira Itabirana estaria prevendo um dos maiores, quiçá o maior desastre ambiental da história do Brasil: o rompimento das barragens da Vale- Samacro em Minas Gerais. 


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Herácilito não poderia ser mais certeiro ao afirmar que "um homem não pode entrar no mesmo rio duas vezes”. Pode ser que os brasileiros nunca mais entrem no Rio Doce assim, doceHerácilito não poderia ser mais certeiro ao afirmar que "um homem não pode entrar no mesmo rio duas vezes”. Pode ser que os brasileiros nunca mais entrem no Rio Doce assim, doce


















Há dias o Brasil vive uma de suas maiores tragédias, a irresponsabilidade da empresa Vale-Samacro pode resultar no fim do Rio Doce que com seus 853 km de extensão banha os estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

A Vale-Samacro (antiga Companhia Vale do Rio Doce) foi instalada na região no início da década de 1940 e muitas empresas, atraídas pelas reservas de ferro, se estabeleceram na cidade natal do poeta, Itabira. Poucos anos antes de sua morte, em 1984, Drumond publicou o poema que parece ser o retrato do desastre que destruiu o Rio, antes doce.

Leia o poema na íntegra: 
“Lira Itabirana”
I

O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.

II

Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!

III

A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.

IV

Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
 

Do Portal Vermelho, Mariana Serafini

http://blogdofernandocaldas.blogspot.com.br/

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