sábado, 26 de dezembro de 2015

A HISTÓRIA DE 'PEGUE O BECO'
AUTOR: SEVERINO GERALDO (Pitoroco)

"Pegue o beco". Êta gíria que ficou conhecida em nosso estado, ao ponto de ultrapassar o espaço regional e ficar conhecida em todo território brasileiro. Severino Geraldo, largo e baixo, como um botijão de gás, é conhecido como Pitoroco devido ao seu tamanho. Sempre foi conversador, desconfiado, esperto e de um grande ciclo de amizade. A qual eu me incluo.

Severino é um pequeno agricultor, com terras em Riacho do Meio, que foi expulso do campo através do êxodo rural, com o fim da cultura algodoeira, no início da década de 80.
Por isso, nessa época, dona Severina botou uma barraca de guloseimas na feira livre, aos sábados. Já Severino Pitoroco colocou um boteco para vender caçhaça e sustentar sua família. Imagine que o boteco era na sua casa, mesmo assim os pingunços faziam a festa. A 'meiota' era certa e lotava o local na hora do almoço e na hora da janta.

Próximo ao local do 'bar' existe um beco conhecido como travessa "Agostinho Pereira". Então, a história verídica de 'pegue o beco' aconteceu mais ou menos assim: o pedreiro Moabe Alves Bezerra tomava uma caeba insuportável, era tipo pingunço chato.

No dia, ele já chegou 'escamado' com uma equipe titular para tomar umas biritas no boteco de Pitoroco.

Depois de uma 'meiota', o pedreiro esquentou a orelha e começou a perturbar o ambiente familiar, por isso, foi expulso com a cambada. O detalhe é que no dia seguinte Moabe se aproxima para tomar a 'meiota' do almoço. De imediato, Pitoroco retrucou: " Moabe, pegue o beco. E não apareça mais aqui com sua inhaca".
Com isso, no outro dia, em Pedro Avelino, em qualquer situação vexatória, vinha logo alguém dizendo: 'pegue o beco'. Essa expressão ocorreu no ano de 1982,em setembro, antes das eleições, e imediatamente ultrapassou os limites dos municípios vizinhos , chegando a Natal e, posteriormente, ao Nordeste e ao Brasil inteiro.

Brincando com Severino Geraldo, em 1982 vários colegas sugeriram que registrasse a expressão no cartório local, como se fosse patentear esse ditado popular, que se tornou nacionalmente conhecido. Detalhe: Pitoroco era um agricultor semianalfabeto que o êxodo rural o expulsou para a cidade. Jamais saberia o que é patentear.

Há vários anos que Pitoroco não tem mais o boteco.
O Jornal de Hoje, 25 de setembro de 1999.
Artigo:Marcos Calaça, jornalista (UFRN).

Nota: Severino Geraldo faleceu em fevereiro de 2010. Severino e Severina formaram um lindo casal e sustentaram sua família dignamente.

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