CHÁ COM BOLACHA
Antônio
Josino Tavares ou "Caboré," como era mais chamado na cidade de Assu e
região era vaqueiro, negociante de gado, corredor de vaquejada, boêmio, glutão famoso. Tipo baixo, voz grave.
Ele era primo de meu avô paterno chamado Fernando Tavares, por apelido Vem-Vem.
Pois bem, certa vez, Caboré viajando com destino à cidade do Natal, chegou num certo restaurante a beira da estra, onde costumava almoçar quando em viagem a capital potiguar, sentou-se numa das mesas daquele recinto e logo pediu ao
garçom que lhe trouxesse comida para seis pessoas. Carne seca, feijão verde,
bata doce, arroz, cuscuz, era o seu prato
preferido. Comeu tudo sozinho, além de três pratos de coalhada com rapadura do
brejo, inclusive a sobremesa (queijo de coalho com mel de engenho). Logo após o
almoço, ainda sentado na cadeira, começou a dormir. Mergulhado num sono profundo, roncando muito alto, o dono do restaurante
preocupou-se com aquela roncaria de Caboré e, ao se dirigir ao antigo cliente, acordou-o em voz alta dizendo: "Caboré. O senhor está passando mal! Quer que eu faça
um chá pro senhor tomar?" Caboré, ainda sonolento e ainda fastioso, saiu-se com
essa: “Só se for com bolacha!"
Fernando
Caldas
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