sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

REGINALDO ANDRADE


Reginaldo Andrade era uma pessoa muito querida em Santa Cruz.

Funcionário público federal, lotado no DNOCS, vereador,marchante,cozinheiro de mão cheia e boêmio.
Reginaldo, casado com dona Maria, morou durante os últimos anos de vida, ao lado do açude público de Santa Cruz, em local chamado Beira-Rio.
 

Foi durante muito tempo, proprietário de um restaurante, em um prédio ao lado de sua casa, pertecente ao Major Theodorico Bezerra.
 

Nos finais de semana o restaurante ficava lotado de gente, para saborear a chã-de-fora,assada na brasa, feita por ele.
 

Vez por outra,Reginaldo chamava o táxi de Luiz Fernando,um opala 72,para ir à feira,comprar uma perua, para preparar em casa e convidar os amigos para comer,tomando cachaça e cerveja.
 

Costumava beber com Joaquim Lelê, em um boteco próximo da casa das bicicletas de Edvaldo Umbelino. Apreciava cachaça e ultimamente,já sentindo o peso da idade, bebia acrescentando pimenta no copo,pois segundo ele dizia,era bom pra manter o tesão.
 

Um belo dia ele estava com Lelê e apareceram umas meninas de Maria Gorda no boteco e ficaram bebendo com eles até muito tarde.
 

Dona Maria, preocupada com a demora, pergunta a um rapaz que passava de moto se ele sabia do paradeiro de Reginaldo. O rapaz informou:
 

-Ele está num buteco na rua do canjerê, com Lelê e uma três quengas.
Foi o suficiente pra dona Maria ficar furiosa.
 

Uma hora depois, chega Reginaldo, no opala de Luiz Fernando,já embriagado e cansado.Não entrou nem em casa, foi direto pra uma rede que ficava armada no alpendre,onde descansava ao meio dia,após o almoço.
 

Deitou-se,cobriu o rosto com um lençol e antes que pudesse cochilar,dona Maria apareceu aos gritos:
-Cabra velho sem-vergonha,não tem vergonha na cara,pai de neto,funcionário público,ex-vereador,sentado num buteco com aquele outro sem-vergonha do Lelê com uma ruma de rapariga.
Continuou dona Maria,aos berros:
 

-Você sabia que é corno ? Pois se não sabia,fique sabendo,você é corno de rapariga.
 

Reginaldo calmamente,tirou o lençol do rosto,olhou pra dona Maria bem calmo e falou:
-Eu num vi,num voga!
 

Puxou o lençol pra cara e foi dormir."

Chl

Nenhum comentário:

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...