quarta-feira, 20 de abril de 2016

ALCUNHAS DE GENTE DO ASSU


Por Celso da Silveira
Dando continuidade aos nomes populares do Assu de outrora, nesta relação do jornalista e historiador Celso da Silveira, deve figurar:
MEDONHO - mendigo bebedor de pinga. Tem mania de juntar bolsas velhas de palha de carnaubeira. Certa feita, indagado para que carregava tantas bolsas, respondeu que era para botar "perdoe";
POLOCA - cego e maluco, este mendigo costumava recitar três palavrões para cada vez que se dizia o seu apelido;
BONZINHO - era o maluco mais conhecido, morreu na rua. Assim dizia chamar-se seu pai: "Joca Marreiro Pessoa / da Zona do Mar Feroz / Bicho três Vez Bicho / Quatro Vez Bicho / Cheiroso É o Botão de João de Holanda";
ZÉ DOUTÔ - vendedor de raiz de pau, receita "língua de vaca" para o fígado. Tornou-se bastante popular o seu dito: "Calado é mió";
DUCA - caixa de uma firma comercial;
SEVERINO TRINCHETE - comerciante;
CHICO PITOCO - é sobrinho de PIÇARRO, que é fogueteiro;
GALEGO - é comerciário;
ALEMÃO - é recadista;
A VARA - é compadre do autor destas anotações;
XAMBÃO - é atualmente, funcionário da Força e Luz em Natal;
PURUECA - garoto muito vivo, já com jeito de homem;
LUIZ PILÃO - é funcionário aposentado das Docas de Santos, onde trabalhou trinta anos; 
PILÁI - desde que me entendo, ostenta este nome, mas o verdadeiro é Cláudio;
JOSÉ PRETO - foi um próspero marchante da terra;
LUIZ BILUCA - é barbeiro;
Elmiro TECO, Manuel MIRINDINHA e Zé MARICAU - são muito conhecidos de todos;
COCA - é comprador de gado;
MANOEL MARTELO - é engraxate, ajudante de caminhão e recadista;
CHICO DE BORRÊGA - é filho de BORRÊGA é motorista;
CALANGO - trabalha em usina de beneficiar algodão;
SEBASTIÃO DE ARÍA - é alfaiate;
Existem também, Pedro BATE ASA, BATORÉ, LUA CHEIA, TARZAN E SÃO JORGE - que são bastante conhecidos.
DERRÉZ - é baterista do conjunto orquestral "Flor de Liz".
CHICO CHEIROSO - vende peixe, portanto não pode ser tão cheiroso;
BIDON - trabalha no Sítio "Camelo";
ANTÔNIO XARITA - é barbeiro;
JOÃO CACHOEIRA - é caiador;
CABO VEIO - faz o melhor cuscuz da cidade;
ZÉ BRANCO - é guarda noturno;
PEDRO REMÉDIO - é um ótimo rapaz, auxiliar da Farmácia dos Pobres;
A MORTE, TUCHINHA GOGÓ, PÉ DE QUENGA e TUCHICA - exercem várias profissões;
BEIJA é criador;
CARMELITO - é motorista;
LIGEIRO - tem bastante calma no andar;
CARA ÔI - engraxate;
BIRINGA - reside no Rio de Janeiro;
BIÃO - foi o homem que mais gostava de cadeira. Morreu enforcado;
TURICA - estuda medicina;
CACHICA - é mendiga;
QUÉCO - é motorista;
XIXI TAVARES - é respeitável solteirona;
ZÉ PRETINHO - excelente goleiro.
Concluindo esta série de alcunhas que conseguimos anotar, estamos certos de que anotamos apenas os apelidos mais populares da cidade. Deve haver falhas, por omissão, neste nosso trabalho, realizado à guisa de contribuição para um estudo mais amplo, que deve, por direito, ficar a cargo de um folclorista que aprofunde mais este assunto.
Fonte: "ADVERTÊNCIA" - 1954/55 - republicado no livro Salvados do Assu - Celso da Silveira - Boágua Editora - Natal, 1996. 
Foto de Celso da Silveira coletada no blog de Fernando Caldas.

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ALICE WANDERLEY poetisa de ilustre familia do Assu poético. Tipo baixa, olhos negros, se não me engano. Conheci dona Alice já usando bengala...