segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Natal,
do forte dos reis magos
à força das marés
em Ponta Negra
...
Natal,
capital potiguar
ponto geográfico
que mais nos aproxima
da África
Da grande duna
feito outeiro,
do morro do Careca
diviso o nascer do sol.
Forte, intenso,
sol equatorial
brilha cedo na matina
dorme antes dos passarinhos.
Após uma rodada
da mais pura macaxeira,
acompanhada de camarão e jirimum
ao som das fortes ondas na orla,
Em longa caminhada
fui sentindo nos olhares,
no chão, na palmeira gemendo ao vento,
nas telas de mestre Leão, as raízes
Espalhadas na terra de meus ancestrais
no gosto amargo e corte forte do cajá,
ao sabor agreste do sorvete de cajú,
coisas típicas potiguares.
Apreciando as aquarelas de acrílico
viajei ao tempo de Tarsila do Amaral,
revivida nas obras de mestre Leão,
artista plástico boliviano aqui radicado.
Nos grandes pés e mãos,
na boca honesta e generosa,
da flor de cactus ao menino vaqueiro
eita terra que não nega suas origens.
À noite, ante o agito das marés,
nada como um rodízio de camarão,
e dos mais puros frutos do mar
na barraca Rei do Caranguejo.
Surpresa maior, inusitada
tão deliciosa quanto os pratos típicos,
foi a música regional, alías diversos ritmos
cantados e dançados com arte e alma.
E os dançarinos do carimbó, forró, do coco
nada mais eram que os garçons e garçonetes
aliando ao trabalho de servir, a arte
de cantar, distrair e também se divertirem.
Fiquei deveras encantado
quando sr Manoel do coco, repentista
e cordelista de fama,
se pôs a circular de mesa em mesa,
Cada cidade ou país
de origem do turista
era em versos homenageada
com ironia fina, delicadeza e conhecimento.
Ao final, uma grande embolada
com as pessoas invadindo o salão
ao som da zabumba, do triângulo e da sanfona
na dança que tanto apaixona, o forró.
Vendo, ouvindo e percebendo
os diversos olhares das pessoas,
me senti como árvore fincada,
nos troncos que firmavam a barraca
Encontrando outras raízes,
de lugares tão distantes,
mas, irmanados na doce sensação
de ser um pouco parte desta sinfonia,
Deste jeito de viver
que celebra a vida,
que sorri ao servir,
que se emociona a um agradecimento.
Por isso, digo
se você não foi ao Nordeste,
então vá, Carmen Miranda
já dizia da Bahia, mas vale para Natal,
Para Recife, Fortaleza,
Maceio, Aracajú
São Luiz e Teresina,
João Pessoa e Caruaru...
Ah, que bom curtir
este sol tropical
esta gente bronzeada
que sempre mostra seu valor...

AjAraújo, o poeta humanista, uma noite em Natal, escrito em 16 de julho de 2010
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