A UM ESPELHO
Espelho austero e bom, tens a virtude
De tudo revelar, torto ou direito;
Feres alguém com essa franqueza rude
Ser verdadeiro é o teu maior defeito.
De tudo revelar, torto ou direito;
Feres alguém com essa franqueza rude
Ser verdadeiro é o teu maior defeito.
És o mesmo na forma e na atitude
Árdua tarefa essa que estás sujeito,
Sem que a vontade de quem te olha mude
Tudo que exprime, nítido e perfeito.
Árdua tarefa essa que estás sujeito,
Sem que a vontade de quem te olha mude
Tudo que exprime, nítido e perfeito.
Mostras, fielmente, em face deste mundo
A mocidade e a fronte envelhecida
És manso lago e pelago profundo!
A mocidade e a fronte envelhecida
És manso lago e pelago profundo!
(A vaidade ressalta em toda parte)
Muita gente a te olhar desiludida
Tem vontade, talvez, de espedaçar-te.
Muita gente a te olhar desiludida
Tem vontade, talvez, de espedaçar-te.
João Nathanael de Macêdo.
Foto de Tom Hussey.
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