DATA: 21 DE MARÇO DE 2018
ASSU
Amo-te com o amor definitivo das coisas simples,
que não precisam ser explicadas,
não buscam ser compreendidas,
porque em si mesmas desatam todas as gamas do ser.
Amo-te com o amor constante dos elementos naturais
da sucessão inevitável entre o dia e a noite.
Amo-te como a vida
E quanto mais de ti estou longe,
Mais te trago dentro de mim.
Autora: Poetisa Maria do Perpétuo Wanderley.
Presidente da Academia Assuense de Letras,
Francisco José Costa;
Demais confrades, confreiras;
Demais autoridades;
Senhoras, senhores.
Peço vênia a Vossa Senhoria, Senhor Presidente, para antes de saudar a
Acadêmica, cumprimentar os poetas e poetisas aqui presentes pelo Dia Mundial da
Poesia, transcorrido nesta data.
Com muita honra, por comprometimento da função que me é atinente, saúdo e
dou boas-vindas a distinta conterrânea, Maria
do Perpétuo Socorro Wanderley de Castro que passa a categoria de sócia
efetiva da Academia Assuense de Letras.
Regozijo-me através deste pronunciamento, que é a palavra cerimoniosa,
ataviada em traje de gala, ao externar a esta distinta plateia uma pequena
história. Todas as vezes que me encontrava em eventos sociais ou culturais com
Dr. Chaguinha, Auricéia Lima, Dra. Perpetua e outros apologistas da cultura
assuense, questionávamos a ausência de uma academia de letras em Assu. Aquela
ideia, alicerçada com o surgimento de outras confrarias em cidades de porte
inferior à nossa, tanto em população quanto em tradição literária e cultural, nos
fortaleceu para abraçarmos a causa.
Arregaçamos as mangas e montamos toda a estrutura estatutária e
regimental. Buscamos parcerias para que essa Instituição pudesse existir de
fato e de direito. Hoje é uma realidade, um sonho de olhos abertos. A Academia
Assuense de Letras além de legalizada, é reconhecida de utilidade pública
municipal, propositura da vereadora Delkisa Cavalcante e estadual que teve como
propositor o deputado estadual George Soares.
Ano passado, eu estava na Casa do Cordel, associação que faço parte,
proferindo uma palestra sobre a nossa poetisa Sinhazinha Wanderley. Já ao final
do bate papo, fui surpreendido com a presença da conterrânea Doutora Perpétua.
Ela se empolgou com a roda de conversa e ao final a convidei para participar da
nossa Academia. Ela aceitou. No entanto, deixou claro a sua resumida
disponibilidade devido ao trabalho partilhado entre Brasília e Natal.
Seu nome foi apresentado e, por unanimidade, aprovado. Hoje, senhora
acadêmica, estamos aqui, alegres por contar com vossa presença que doravante
passará a sócia efetiva tendo acento a cadeira 15 que tem como patrona a
escritora e poetisa Maria Eugênia Maceira Montenegro.
Quem é MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO
WANDERLEY DE CASTRO?
Vou discorrer um breve perfil, baseado em uma de suas crônicas onde ela
descreve sua relação com a cidade da seguinte forma:
Filha de Adherbal da Costa Wanderley e Francisca Machado Wanderley. Nasceu
em Assu, uma das mais antigas cidades do Estado, orgulhosa de um passado
tradicional, marcado por ter tido jornal semanal em 1867, por ter sido a
segunda Comarca criada pela Lei Provincial nº 13 de 11 de março de 1835 tendo
como primeiro juiz Basílio Quaresma Torreão Júnior, a freguesia de São João
Batista da Ribeira do Assu em 1726, a segunda cidade a libertar os escravos, em
24 de junho de 1885.
Criou-se ouvindo estórias de trancoso, ainda do tempo em que se falava da
moura torta e da pobre menina
enterrada pela madrasta malvada e ouvindo estórias dos fatos da cidade, como a
angústia do grande incêndio ocorrido em 1951 de que resultou a destruição de
casa integrante do conjunto arquitetônico da velha rua Casa Grande, a
estupefação com a chegada do primeiro carro, um Ford que causou assombro, assim
como tempos depois o avião causara medo.
Viveu o cotidiano da cidade do interior, com as crenças e temores dos
mais velhos, falando ainda sobre botijas, sobre becos mal-assombrados, sobre
aparições e fantasmas.
Naquele tempo, a luz elétrica chegava com o pôr do sol, quando o velho
motor era ligado e, ordinariamente, desligado ao meio da noite, após os três
sinais que anunciavam verdadeiro toque de recolher, pois a cidade se recolhia à
escuridão. E as noites eram, ainda, adoçadas por sons de violões e serenatas,
frequentemente permeadas pela declamação de versos e pela acolhida hospitaleira
dos donos das casas escolhidas, que serviam bebidas e petiscos aos seresteiros.
A cidade desfrutava de luz elétrica (a motor) desde 1927 o que permitia
as sessões de cinema, festas em clubes e pequenas festas em locais como a Casa
da Juventude, cuja lembrança se enche do som redondo da bola ping-pong, nas
mesas ali instaladas.
Viveu o início da adolescência andando em suas ruas ainda não calçadas,
no caminho diário para as aulas do Colégio Nossa Senhora das Vitórias, na
diversão domingueira dos banhos de rio. Era uma vida calma, então igual à de
cinquenta anos atrás, nas mesmas ruas, nos mesmos costumes, marcantemente
rígidos e tradicionais.
Em 1966, ouvia-se, e mal, através do rádio, as transmissões dos jogos da
Copa do Mundo. Em 1970, assistia-se, pela televisão, os jogos no México.
Nesse intervalo de quatro anos, a cidade mudara profundamente, mais do
que levara a se modificar durante décadas, em que o tempo passara quase
imperceptivelmente. Com a televisão, o espaço e a distância diminuíram.
A geração que assistia a esta mudança passou a viver em conformidade com
ela e com as possibilidades e oportunidades que gerou. Mas os dias idos, dias
de infância e adolescência ficaram acumulados pela vida afora, como pequeno
tesouro de bem-querença.
A menina, a adolescente cresceu, não foi um crescimento físico vertical
avantajado, mas culturalmente... formou-se em direito pela Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, no ano de 1973.
Casou-se com Aluísio Garcia de Castro, cuja união nasceram Adherbal
Attílio e Luisa Magdalena.
Especializou-se em Direito do
Trabalho, pela UFRN, com monografia de conclusão do curso sobre "A mulher e a previdência social".
Aprovada em diversos Concursos
Públicos, exerceu os cargos: Inspetor do Trabalho, na DRT/RN; Procuradora do
Instituto Nacional de Previdência Social e, posteriormente, Instituto de
Administração Financeira da Previdência e Assistência Social - IAPAS,
Superintendência do Rio Grande do Norte; Professora de Direito Civil, da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Aprovada em concurso público para
Juiz do Trabalho Substituto do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região, foi
nomeada e tomou posse em fevereiro de 1987, tendo sido Juíza-Presidente da JCJ
de Macau; Juíza Presidente da 3ª JCJ de Natal e Juíza do Tribunal Regional do
Trabalho da 21ª Região.
No ano de 2002 foi convocada para
atuar no Tribunal Superior do Trabalho.
Em sessão extraordinária
realizada no ano de 2013, o Pleno do Tribunal Superior do Trabalho definiu os
nomes dos desembargadores da lista tríplice para preenchimento de vaga de
ministro da Corte, destinada à magistratura do trabalho de carreira, para
ocupar a vaga decorrente da aposentadoria do ministro Pedro Paulo Teixeira
Manus, que se aposentou. Entre os três nomes escolhidos e apresentados a então
presidente da República Dilma Rousseff estava o da desembargadora Maria do
Perpétuo Socorro Wanderley de Castro, do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª
Região do Rio Grande do Norte.
Possui os títulos de Cidadã Natalense
e cidadã Mossororense. Diploma de Homenagem do Coletivo Leila Diniz pelo trabalho em favor das mulheres. É membro
efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
Na literatura produziu diversos artigos
jurídicos, publicados em livros e revistas da área. Foi a coordenadora da obra Execução na Justiça do Trabalho,
livro em homenagem ao Ministro Francisco Fausto, publicado pela LTR Editora,
São Paulo.
É autora dos livros: Memorial do Meu Velho Assu –publicado
pela Editora Sebo Vermelho, em 2000 e o livro de memória autobiográfica, Daqui
eu Vejo o Cata-vento – publicado
pela FASA Gráfica, no ano 2013.
Daqui eu vejo o Cata-Vento ela fez questão de dedicar a família, a todos os
amigos assuenses, com registro especial às alunas do Colégio Nossa Senhora das
Vitórias em 1965 e às rebeldes queridas.
Tenha a certeza, Dra. Perpétua, de que contará sempre com o aplauso
unânime dos que agora, de braços abertos, lhe acolhe como uma das mais queridas
e competentes assuenses de vossa geração.
Inspirado no pensamento de Bob Marley que diz:
“Um povo sem conhecimento, saliência de seu passado
histórico, origem e cultura é como uma árvore sem raízes”.
Encerro minha saudação, conclamando a mais nova acadêmica para, ao nosso
lado, defender o Assu. Defender com amor, com decência, com ardor, com a dor,
com paixão, com compaixão, com argumentos, com qualquer coisa que se possa
fazer respeitar esta terra querida – berço de nomes memoráveis, de uma história
invejável, conhecida pelos Potiguares como Terra
dos Poetas, a Atenas
Norte-rio-grandense, Terra de São
João Batista, Terra de Irmã Lindalva, Terra
dos Verdes Carnaubais.
Dra. Perpétua, seja bem-vinda a nossa Academia Assuense de Letras.
Muito obrigado!
Boa noite!
Nenhum comentário:
Postar um comentário