segunda-feira, 2 de abril de 2018

DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DA ACADÊMICA MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO WANDERLEY DE CASTRO


DATA: 21 DE MARÇO DE 2018

ASSU
Amo-te com o amor definitivo das coisas simples,
que não precisam ser explicadas,
não buscam ser compreendidas,
porque em si mesmas desatam todas as gamas do ser.

Amo-te com o amor constante dos elementos naturais
da sucessão inevitável entre o dia e a noite.

Amo-te como a vida
E quanto mais de ti estou longe,
Mais te trago dentro de mim.

Autora: Poetisa Maria do Perpétuo Wanderley.

Presidente da Academia Assuense de Letras, Francisco José Costa;
Demais confrades, confreiras;
Demais autoridades;
Senhoras, senhores.

Peço vênia a Vossa Senhoria, Senhor Presidente, para antes de saudar a Acadêmica, cumprimentar os poetas e poetisas aqui presentes pelo Dia Mundial da Poesia, transcorrido nesta data. 
Com muita honra, por comprometimento da função que me é atinente, saúdo e dou boas-vindas a distinta conterrânea, Maria do Perpétuo Socorro Wanderley de Castro que passa a categoria de sócia efetiva da Academia Assuense de Letras.
Regozijo-me através deste pronunciamento, que é a palavra cerimoniosa, ataviada em traje de gala, ao externar a esta distinta plateia uma pequena história. Todas as vezes que me encontrava em eventos sociais ou culturais com Dr. Chaguinha, Auricéia Lima, Dra. Perpetua e outros apologistas da cultura assuense, questionávamos a ausência de uma academia de letras em Assu. Aquela ideia, alicerçada com o surgimento de outras confrarias em cidades de porte inferior à nossa, tanto em população quanto em tradição literária e cultural, nos fortaleceu para abraçarmos a causa.
Arregaçamos as mangas e montamos toda a estrutura estatutária e regimental. Buscamos parcerias para que essa Instituição pudesse existir de fato e de direito. Hoje é uma realidade, um sonho de olhos abertos. A Academia Assuense de Letras além de legalizada, é reconhecida de utilidade pública municipal, propositura da vereadora Delkisa Cavalcante e estadual que teve como propositor o deputado estadual George Soares.
Ano passado, eu estava na Casa do Cordel, associação que faço parte, proferindo uma palestra sobre a nossa poetisa Sinhazinha Wanderley. Já ao final do bate papo, fui surpreendido com a presença da conterrânea Doutora Perpétua. Ela se empolgou com a roda de conversa e ao final a convidei para participar da nossa Academia. Ela aceitou. No entanto, deixou claro a sua resumida disponibilidade devido ao trabalho partilhado entre Brasília e Natal.
Seu nome foi apresentado e, por unanimidade, aprovado. Hoje, senhora acadêmica, estamos aqui, alegres por contar com vossa presença que doravante passará a sócia efetiva tendo acento a cadeira 15 que tem como patrona a escritora e poetisa Maria Eugênia Maceira Montenegro.

Quem é MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO WANDERLEY DE CASTRO?
Vou discorrer um breve perfil, baseado em uma de suas crônicas onde ela descreve sua relação com a cidade da seguinte forma:
Filha de Adherbal da Costa Wanderley e Francisca Machado Wanderley. Nasceu em Assu, uma das mais antigas cidades do Estado, orgulhosa de um passado tradicional, marcado por ter tido jornal semanal em 1867, por ter sido a segunda Comarca criada pela Lei Provincial nº 13 de 11 de março de 1835 tendo como primeiro juiz Basílio Quaresma Torreão Júnior, a freguesia de São João Batista da Ribeira do Assu em 1726, a segunda cidade a libertar os escravos, em 24 de junho de 1885.
Criou-se ouvindo estórias de trancoso, ainda do tempo em que se falava da moura torta e da pobre menina enterrada pela madrasta malvada e ouvindo estórias dos fatos da cidade, como a angústia do grande incêndio ocorrido em 1951 de que resultou a destruição de casa integrante do conjunto arquitetônico da velha rua Casa Grande, a estupefação com a chegada do primeiro carro, um Ford que causou assombro, assim como tempos depois o avião causara medo.
Viveu o cotidiano da cidade do interior, com as crenças e temores dos mais velhos, falando ainda sobre botijas, sobre becos mal-assombrados, sobre aparições e fantasmas.
Naquele tempo, a luz elétrica chegava com o pôr do sol, quando o velho motor era ligado e, ordinariamente, desligado ao meio da noite, após os três sinais que anunciavam verdadeiro toque de recolher, pois a cidade se recolhia à escuridão. E as noites eram, ainda, adoçadas por sons de violões e serenatas, frequentemente permeadas pela declamação de versos e pela acolhida hospitaleira dos donos das casas escolhidas, que serviam bebidas e petiscos aos seresteiros.
A cidade desfrutava de luz elétrica (a motor) desde 1927 o que permitia as sessões de cinema, festas em clubes e pequenas festas em locais como a Casa da Juventude, cuja lembrança se enche do som redondo da bola ping-pong, nas mesas ali instaladas.   
Viveu o início da adolescência andando em suas ruas ainda não calçadas, no caminho diário para as aulas do Colégio Nossa Senhora das Vitórias, na diversão domingueira dos banhos de rio. Era uma vida calma, então igual à de cinquenta anos atrás, nas mesmas ruas, nos mesmos costumes, marcantemente rígidos e tradicionais.
Em 1966, ouvia-se, e mal, através do rádio, as transmissões dos jogos da Copa do Mundo. Em 1970, assistia-se, pela televisão, os jogos no México.
Nesse intervalo de quatro anos, a cidade mudara profundamente, mais do que levara a se modificar durante décadas, em que o tempo passara quase imperceptivelmente. Com a televisão, o espaço e a distância diminuíram.
A geração que assistia a esta mudança passou a viver em conformidade com ela e com as possibilidades e oportunidades que gerou. Mas os dias idos, dias de infância e adolescência ficaram acumulados pela vida afora, como pequeno tesouro de bem-querença.
A menina, a adolescente cresceu, não foi um crescimento físico vertical avantajado, mas culturalmente... formou-se em direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no ano de 1973.
Casou-se com Aluísio Garcia de Castro, cuja união nasceram Adherbal Attílio e Luisa Magdalena.
Especializou-se em Direito do Trabalho, pela UFRN, com monografia de conclusão do curso sobre "A mulher e a previdência social".
Aprovada em diversos Concursos Públicos, exerceu os cargos: Inspetor do Trabalho, na DRT/RN; Procuradora do Instituto Nacional de Previdência Social e, posteriormente, Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social - IAPAS, Superintendência do Rio Grande do Norte; Professora de Direito Civil, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Aprovada em concurso público para Juiz do Trabalho Substituto do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região, foi nomeada e tomou posse em fevereiro de 1987, tendo sido Juíza-Presidente da JCJ de Macau; Juíza Presidente da 3ª JCJ de Natal e Juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região.
No ano de 2002 foi convocada para atuar no Tribunal Superior do Trabalho.
Em sessão extraordinária realizada no ano de 2013, o Pleno do Tribunal Superior do Trabalho definiu os nomes dos desembargadores da lista tríplice para preenchimento de vaga de ministro da Corte, destinada à magistratura do trabalho de carreira, para ocupar a vaga decorrente da aposentadoria do ministro Pedro Paulo Teixeira Manus, que se aposentou. Entre os três nomes escolhidos e apresentados a então presidente da República Dilma Rousseff estava o da desembargadora Maria do Perpétuo Socorro Wanderley de Castro, do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região do Rio Grande do Norte.
Possui os títulos de Cidadã Natalense e cidadã Mossororense. Diploma de Homenagem do Coletivo Leila Diniz pelo trabalho em favor das mulheres. É membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
Na literatura produziu diversos artigos jurídicos, publicados em livros e revistas da área. Foi a coordenadora da obra Execução na Justiça do Trabalho, livro em homenagem ao Ministro Francisco Fausto, publicado pela LTR Editora, São Paulo.
É autora dos livros: Memorial do Meu Velho Assu –publicado pela Editora Sebo Vermelho, em 2000 e o livro de memória autobiográfica, Daqui eu Vejo o Cata-vento – publicado pela FASA Gráfica, no ano 2013.
Daqui eu vejo o Cata-Vento ela fez questão de dedicar a família, a todos os amigos assuenses, com registro especial às alunas do Colégio Nossa Senhora das Vitórias em 1965 e às rebeldes queridas.
Tenha a certeza, Dra. Perpétua, de que contará sempre com o aplauso unânime dos que agora, de braços abertos, lhe acolhe como uma das mais queridas e competentes assuenses de vossa geração.
Inspirado no pensamento de Bob Marley que diz:
“Um povo sem conhecimento, saliência de seu passado histórico, origem e cultura é como uma árvore sem raízes”.
Encerro minha saudação, conclamando a mais nova acadêmica para, ao nosso lado, defender o Assu. Defender com amor, com decência, com ardor, com a dor, com paixão, com compaixão, com argumentos, com qualquer coisa que se possa fazer respeitar esta terra querida – berço de nomes memoráveis, de uma história invejável, conhecida pelos Potiguares como Terra dos Poetas, a Atenas Norte-rio-grandense, Terra de São João Batista, Terra de Irmã Lindalva, Terra dos Verdes Carnaubais.
Dra. Perpétua, seja bem-vinda a nossa Academia Assuense de Letras.
Muito obrigado!
Boa noite!

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