segunda-feira, 14 de maio de 2018

O POETA CALDAS

Se o poeta, jornalista, escritor Guilherme de Almeida, nascido em 1890 na cidade de Campinas/SP escreveu o livro intitulado “Raça”, 1925, uma obra “que tem como tema a gênese da nação e da formação múltipla da raça brasileira” João Lins Caldas nascido no Rio Grande do Norte em 1888, ano da abolição da escravatura no Brasil produziu no Rio de Janeiro em 1921 ou 27, o poema patriótico de exaltação ao Brasil e a raça brasileira sob o título “Negra”.

Aqueles versos, não fora a toa que viria a impressionar o poeta, editor carioca Augusto Frederico Shimidt (1906-1965). Schimidt ao ler o referenciado poema externou: "O 'Negra' de Caldas vale por toda uma 'Raça' de Guilherme de Almeida." Vejamos, para o nosso deleite, a citada poesia e grandeza do poetar deste vate que orgulha e dignifica a terra potiguar:

O teu avô Costa d’África, filhinha,
Bárbaro, de uma negra irremediabilidade,
O teu avô, de tanga, acostumado ao Brasil.
Noites que despertou sob o chão do chicote!
O chão... tudo era um chão de látegos rangendo,
E ao longe o cafezal, a mata enorme se desbravando...

Hoje tem sangue turco em cada veia,
Um sangue português, a gemer gargalhada.
Um índio chegou, de solto, as tuas velas que se brilharam...

És muitos continentes, na verdade,
Quase negra, nos olhos,
Deixa ver-te os cabelos, enroscados,
Vamos, meu timbre louro,
Tu morrestes nas raças, diluída,
E nas raças do teu corpo eu que adoro a verdade.

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