quarta-feira, 18 de julho de 2018

BATEU SAUDADE DO MEU VELHO TORRÃO

Algumas lembranças das décadas de 1960 e 1970
Mais nunca ouviremos a voz de Chico Locutor que na divulgadora municipal tinha uma programação matutina, com informes e músicas;
Nunca mais iremos assistir televisão em preto e branco na antiga linda pracinha do Country Club;
Nunca mais veremos filme no cinema paroquial, na técnica seu Caldas e, no comando, o padre Antas;
Não voltaremos mais a ouvir os lamentos amorosos do grande telegrafista Luís Costa (Luís Peninha), chorando bêbado e cantando 'Maria Helena és tu...';
Nunca mais voltaremos a alugar bicicletas e devolvê-las com o pneu furado, além de chegar em casa todo arranhado;
Nunca mais iremos ouvir o grito estratégico de Zé Doninha, 'bá', que muitas crianças da época tinham medo;
Não voltaremos a ter medo de papafigo, que na infância feliz era uma jogada de nossas mães para não sairmos à noite;
Nunca mais veremos, de longe, papangu mascarado saindo do hotel de Chico Travessa;
Mais nunca iremos tomar banho no moinho, próximo ao campo do Flamengo, com filas imensas aos domingos, controladas por Zezinho de Zuza;
Nunca mais iremos ver Manoel Palheta gritando 'gelé de coco'. Venda garantida após o almoço;
Não voltaremos mais a brincar de bandeirinha e capitão de tropa na antiga pracinha, em frente ao Country Club;
Mais nunca iremos brincar no parque Santa Terezinha, que todo ano era presença certa no Natal e ano novo no nosso torrão;
Nunca mais escutaremos o locutor desse mesmo parque anunciar no sistema de som uma música que começava assim:' Essa linda página musical vai com muito amor e carinho para um alguém eternamente apaixonado por.... E pegue Zé Ribeiro: A Beleza da Rosa;
Não, não voltaremos a jogar bola na 'Porcolândia', hoje está em seu lugar a Escola Josefa Sampaio;
Não voltaremos a ver João Ferreira e Gerson, amigos inseparáveis, bêbados e brincando carnaval numa carroça puxada por um jumento, uma verdadeira tradição momesca por vários anos, por esses 'irmãos;
Nunca mais iremos ver o clássico Flamengo e Vasco, com casa cheia, parando toda a cidade no domingo de clássico num radicalismo que disputava a hegemonia pelo campeonato pedro-avelinense.
Nunca mais veremos os pastoris de Zé Leandro e Aristides, no início da década de 1970, com Diana, sem partido, comandando o encarnado e o azul;
Mais nunca voltaremos a assistir espetáculos do Circo Mágico Nelson, com sua ilusão de ótica; e African Circus, com a contorcionista Marilac fazendo sucesso;
Nunca mais veremos figuras folclóricas da nossa cidade como Canarinho, GB4, João e Julita, Chico Sapo, Garaiada, Arra Diabo, Chico Cardoso, Golinha, Macaco e outros;
Mais nunca iremos pegar canários no antigo campo do Flamengo, nos belos carnaubais com alçapão;
Nunca mais iremos ver e ouvir Pedro de Elvira e seu violão;
Mais nunca veremos o sanfoneiro Tatá e seus Cabras da Peste tocar na sede do Flamengo, aos sábados à noite;
Não, não tomaremos banho nunca mais no açude de Odilon, muito menos pegar piaba;
Nunca mais iremos jogar futebol de salão na quadra do padre Antas, em frente à Igreja Paroquial;
Nunca mais vamos ver os velhos carnavais no Country Club, com Praxedes e Heitor comandando a banda do 16;
Mais nunca veremos a disputa dos blocos, no domingo de carnaval, como Os Econômicos, Xafurdo, Os inocentes, Jovem Samba, Metralhas, etc;
Mais nunca compraremos pães nas padarias de Zé de Teodoro e de Joel Batista;
Nunca mais veremos Zezinho Sapateiro consertando sandálias e sapatos no seu minúsculo estabelecimento de trabalho, local de encontro para conversas verídicas, mas também para piadas;
Nunca esqueceremos que era obrigatório levar papel almaço, com cabeçalho pronto, para fazer prova no antigo primário, no Abel Furtado.
E você, quais lembranças dessa época?
Marcos Calaça, jornalista cultural (UFRN).

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