segunda-feira, 25 de março de 2019

ODE A EÇILIO PINHEIRO Surgiu sem riso a aurora no dia nove de abril. Solitária a natureza clamava no céu do Brasil. A tudo causou surpresa, o roseiral com tristeza Perfume não exalou. A tortura foi completa Quando esse imortal poeta viajou...
A floresta ficou triste, a cigarra não cantou Só a morte gargalhou, o seu golpe ninguém resiste. Padeceu a campina no mar a mimosa ondina, Consternada soluçou. Sentiu o Brasil inteiro, Quando a radio anunciou: Morreu Eçilio pinheiro! Nenhum pássaro gorjeou, ao sol faltou claridade, A lua só de saudade nesta noite não brilhou! Todo universo chorou, a morte do filho amado O vento soprou calado, a manhã nasceu sem graça O prenuncio da desgraça fez do dia a madrugada. Entristeceram os lírios, jasmim, dálias, açucenas Magnólias e verbenas se vestiram de martírio; Estrelas cometa e sírios soluçavam sem conforto Reclamava todo horto com o silencio na fronte, Denegrido o horizonte deplorava! Eçilio morto. E sua triste viola, desprezada, coitadinha! A magoa que lhe assola é maior do que a minha. Ergues seus repentes saídos da boca quente Como a eletricidade; hoje vivem em abandono Reclama chora a seu dono que voou pra eternidade. O céu mudou seu manto as nuvens ficaram pretas Penalizado os planetas chorava a amargurando Cada poeta em seu canto gritava reclamação, Somente a constelação sorria constantemente Por sabe que o eminente foi eleito na amplidão. Este lutador invicto a voz do fraco e do forte Matou o maior poeta do Rio Grande do Norte, Cada alma atribulada pela tristeza causada Aos pais, mães e filhos, que blasfemavam ao mausoléu porém os anjos do céu cantavam em estribilhos. Adeus Eçilio Pinheiro, não te avistarei jamais A carne não resta mais só o teu nome violeiro, Ficarás como o primeiro cantador deste Brasil O teu vulto varonil entrou na voz da historia; Subiste ao reino da gloria no dia nove de abril. Adeus Eçilio Pinheiro, não te avistarei jamais A carne não resta mais só o teu nome companheiro Enlutastes por inteiro do mais fraco ao atleta Tua linguagem correta projetou-se como a luz Converse lá com Jesus ele também foi poeta. Eçilio! como colega não pretendo aborrecer, Mas necessito saber se no além tem bodega? Eu sei você não nega por ser um homem bizarro, Diga se vende cigarro, cachaça, fosforo e fumo Mande dizer no resumo Se tem cachimbo de barro? Conte Eçilio, como vai? Se já glosou com Bocage Viu Mané de Bobagem e conversou com papai? Diga se São Pedro sai a passear com os poetas? Conte a historia completa Esclareça tudo direitinho Conte também amiguinho se a viagem foi direta? Eçilio, aguarde o dia, reserve-me um lugar Preciso me deleitar com você na poesia, Conserve a soberania de qualidade e apreço Mande certo o endereço de você e dos colegas Não permita ir às cegas, eu sabendo não padeço. Você que foi boêmio Menestrel sonhador Mande dizer por favor se ai já se extreme-o Confesse se já ganhou premio por dedilhar violão Narre tudo meu irmão o passado e o presente Explique sinceramente se existe a tal salvação Tua justiça eu renego oh! Morte negra e ingrata. Bem sei que você me mata mas nem morrendo me entrego a magoa que eu carrego fere-me como uma seta, prossiga na sua meta mate o sábio e o vagabundo, mate tudo nesse mundo mas nunca mate um poeta.

(José Coriolano, poeta de Ipanguaçu/RN)

Poema enviado por Franz Bezerra de Oliveira

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