quarta-feira, 12 de junho de 2019

Maqueiro muda o astral da ala de Pediatria de hospital com pinturas nas paredes



Com o intuito de tornar o ambiente mais agradável para os pacientes, um funcionário da unidade de saúde teve uma iniciativa nobre e colorida

Por O Dia
Publicado às 04h00 de 10/06/2019 - Atualizado às 08h46 de 10/06/2019

Rio de Janeiro - RJ - 08/06/2019 - Maqueiro pintor - Renato Pereira da Silva e maqueiro no Hospital Municipal Miguel Couto, na Rua Mario Ribeiro, na Gavea, zona sul do Rio. Renato pinta as enfermarias e os corredores do hospital - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia - 

Rio - Hospitais costumam ser lugares sem muitas cores nem alegria para a maioria das pessoas que os frequenta. Mas o clima na ala de Pediatria do Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, ganhou um ar bem diferente desde maio. Com o intuito de tornar o ambiente mais agradável para os pacientes, um funcionário da unidade de saúde teve uma iniciativa nobre e colorida: o maqueiro Renato Pereira da Silva, o Renatinho, como é chamado carinhosamente pelos colegas do hospital, decidiu desenhar personagens infantis nas paredes de corredores e quartos.

Renatinho, de 37 anos, trabalha como maqueiro no hospital há 16. Desde que começou no Miguel Couto, tinha vontade de pintar o setor de Pediatria, porque achava o ambiente triste e sem cor. Ele conta que em 2008, quando houve uma mudança de administração do hospital, foram retirados todos os quadros dos corredores, o que deixou o lugar ainda mais sem referências alegres. Agora, o maqueiro pediu permissão à enfermaria e ao diretor do hospital e botou mãos à obra.

“A minha intenção é deixar um ambiente mais leve e alegre para as crianças que estão sendo tratadas”, conta o artista. Animadas com a ideia, as enfermeiras arrecadaram o dinheiro para a compra das tintas. Renatinho fez apenas um pedido: que fosse comprado o produto sem cheiro para não afetar o estado de saúde das crianças.

O maqueiro-artista pensou em tudo. Como os quartos da Pediatria são divididos pela idade dos pacientes, ele fez desenhos que se adequam melhor a cada faixa etária. Para os meninos, desenhou super-heróis famosos entre as crianças, como Thor e Capitão América. 

Para as crianças em idade de alfabetização, desenhou uma parede inteira com as letras do alfabeto. As princesas Frozen e Tiana são duas das personagens que colorem as paredes do quarto das meninas. E ele já recebe até encomendas, como a de Isabella Barbosa, de 6 anos. “Agora, eu quero que ele faça a Bela e a Cinderela”, pediu a menina.

Uma vida de superação com a arte
A relação de Renatinho com a pintura começou cedo. Aos 12 anos, aprendeu técnicas de desenho apenas observando os irmãos mais velhos pintarem. “Por ter déficit de atenção, em vez de estudar, fazia desenhos em sala de aula”, lembra.
A relação com o pai, que tinha envolvimento com o tráfico, não era das melhores. O desenho foi a única forma que encontrou de “passar por cima das dificuldades”, recorda Renatinho, que já chegou a dar aula para crianças e a participar de um grupo de grafiteiros no Complexo do Alemão. “Renato é uma das pessoas mais maravilhosas que a gente pode ter como amigo. Era uma pessoa que tinha tudo para dar errado, mas deu muito certo”, diz a técnica de enfermagem Izonita Mota, de 52 anos, que é madrinha do rapaz.
Trabalho até durante as folgas
Renatinho desenhou e coloriu todos os desenhos em seus dias de folga: “Eu chegava ao hospital às 7h e terminava às 22h. Só parava para almoçar”. Para Simone dos Santos Ramos, 33 anos, que trabalha como servente no hospital, os desenhos do maqueiro animam as crianças: “Por ser um lugar triste, os desenhos fazem com que elas se sintam melhor em estar aqui”.
Seus desenhos podem ser vistos na página “RPS Artes”, no Facebook. Apesar do talento, Renatinho não vê o desenho como uma profissão. “Não tenho o desenho como forma de ganhar dinheiro, o desenho, para mim, é um tratamento psicológico”, ressalta. No ano passado, ele concluiu o Ensino Médio e atualmente está fazendo curso de técnico de enfermagem, custeado pelas enfermeiras do Hospital Miguel Couto e por uma senhora para quem trabalha como cuidador.

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