19/08: dia mundial da fotografia
Publicado em 2009 no antigo Blog do Galinho
Publicado em 2009 no antigo Blog do Galinho
O lambe-lambe era um fotógrafo ambulante que ficava na praça principal das grandes cidades ou percorria o interior para oferecer o serviço de fotografia..
Popularmente, esse profissional era conhecido como lambe-lambe ou mão-no-saco. Hoje em dia está extinto e era comum a presença dessa figura tão popular na época das eleições nas décadas de 50, 60 e 70.
Na época, nas fotos para documentos oficiais, obrigatoriamente teria que constar a data e isso era feito colocando-se uma plaquinha de papel com esses dados que era colada na negativa da foto e o fotógrafo era obrigado a passá-la na língua para criar aderência, daí o nome lambe-lambe.
Também há relatos em que o fotógrafo ficava revelando com o braço e a mão enfiados na câmera através de um meião de futebol ou de saco de pano.O cliente ficava sentado em um banco na posição de quem iria receber um soco e ficava imóvel por quase um minuto na frente da câmera, daí a origem do nome mão-no-saco.
Eram fotos de qualidade inferior e que com o tempo começavam a desbotar. O interessante é que algumas vezes o cliente tinha dúvidas se a foto era ou não dele. Naquele tempo estas geringonças só revelavam fotos em preto e branco.
A máquina era composta de caixa de madeira, lentes, grandes tripés de madeira e o tradicional guarda-chuva para proteger todo o aparato. Ao final do dia o fotógrafo fechava o tripé que era parafusado na própria máquina e carregava tudo nos ombros. Era um verdadeiro trambolho.
Em pedro Avelino o fotógrafo de mão-no-saco mais famoso e mais conhecido foi Pedro Silva, de Afonso Bezerra. Foi muito requisitado nas eleições da década de 1960 nas campanhas para prefeito de Celestino Batista e Raimundo Cavalcante contra Zelito Calaça e Saturnino Teixeira (1962) e de Geraldo Bezerra de Souza e Zelito Calaça contra Mulatinho e Antônio Rufino (1968). As fotos 3x4 também eram muito utilizadas para fazer a matrícula dos alunos no antigo Grupo Escolar.
Entendo que o fotógrafo lambe-lambe é considerado um importante agente na popularização do retrato fotográfico do nosso povo, enfim, um verdadeiro cronista visual da vida cotidiana dos velhos e bons tempos.
O que não podemos esquecer é a vantagem de representar o lado romântico da fotografia, em álbum familiar, uma relíquia. Fotos que ficaram nas recordações de um tempo que não volta mais.
É um grande valor sentimental e cultural como referência de uma Pedro Avelino antiga. Só lembranças.
Marcos Calaça é jornalista cultural, poeta matuto e cordelista.*
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